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Tomamos café da manhã “in loco”, se acostumando com a nova rotina e a nova casa e nos dirigimos a Andorra, passando antes por Zaragozza, que é a quinta maior cidade da Espanha. Somente após termos falado com a nossa cicerone VIP, a “Lady” GPS, logicamente. Essa moça nos passou uma enorme segurança. Tínhamos mais tempo para curtir a viagem, do que as outras que fizemos sem esse auxílio. Apesar de sabermos que os pedágios seriam algo misterioso e caro durante nosso trajeto, decidimos iniciar por uma autopista. Elas são sinalizadas com placas azuis em toda a Europa e são pedagiadas. E a cobrança é feita pelo mesmo tipo de sistema, normalmente. Você entra na via e de “cara” aparece aquelas casinhas que não te deixam dúvidas de que irá “marchar” com os “pila”. Aproximamo-nos das casinhas, entramos numa das cancelas, e não havia ninguém para exercitar o nosso portunhol. Ou seja, ou entendíamos a máquina que tomava conta do processo ou nem sei… Atrás de nós já estava formando fila… Nós estando montados num carrinho discreto e pequeno nem seríamos notados, deixe que esperem, fazer o que?! Para encurtar a estória, na pressão do momento, me lembrei de um comentário de um conhecido que tinha viajado para a Itália e me comentou o sistema dos pedágios de lá:
_ Olha, que curioso o sistema de pedágio que conheci. Você entra na rodovia e vai até a máquina que fica numa das casinhas de passagem, aperta no botão e ela te emite um bilhete com a data e hora. Abre-se a cancela e você segue. Você vai pagar somente quando sair desta rodovia, e o valor será proporcional ao trecho percorrido. Além disto, eles medem o tempo que levou para cobrir o trecho. Assim saberão a sua velocidade. Bem, além do pedágio poderá ter que pagar uma multinha também…hehehe Maravilhas do primeiro mundo! Fácil e sem pardais.
Pela análise visual e de minha memória, vi que o sistema deveria ser o mesmo. Só que, desgraçadamente, havia quatros botões: dois verdes e dois vermelhos. Calma nesta hora… Pensa! Vai que dá! Descobri rapidamente que o verde emitiria o ticket-recibo para eu seguir e o vermelho era para falar com alguém para auxílio. A esta altura do campeonato, já estava desconsiderando a necessidade de ajuda. Mas que tal?! Porém, os pares de botões verdes e vermelhos estavam posicionados em alturas diferentes, um mais para cima e um mais para baixo. Claro que era para atender a caminhões os mais altos e para atender veículos pequenos, os mais abaixo. Bah! Eu estava no meio termo, não tinha a altura de caminhão e era mais alto do que veículo pequeno. Pedalando para alcançar um dos botões verdes, através da janela do motor-home, consegui atingir o meu objetivo, dando uma dedada naquele botãozinho. Vale considerar um braço que ficou meio “roxinho” depois, de tanto esfregar ele na janela. Aleluia irmãos! Eu parecia Moisés vendo o mar se abrir a frente… A cancela se levantou e nos liberou a passagem. Peguei o bilhete, engatei primeira e me fui “a la cria”…hehehe Desse eu havia escapado. Ainda bem que a bandeirinha do Brasil, que eu fiz questão de colocar no motor-home, estava na parte da frente do carro. Senão, ia “pagar um mico” em nome de nossa nação. Mas, não levei nenhuma buzina por causa desta demora. Atitude compreensiva… É outro nível. Exemplo para ser seguido por nós. Olha, pareceu uma eternidade aqueles três minutos diante daquela máquina.
Recompostos, viajando, maravilhados com as imagens diferentes das quais estávamos acostumados. Aquele solo meio árido, com pequenos montes e vales aonde havia plantações. Vez ou outra, de repente, surgia uma ruína ou até mesmo um castelo ou forte numa encosta ou num monte mais ao alto. Íamos tirando foto em movimento mesmo. A empolgação e a vontade de registrar o momento eram muito grandes. Chegamos à metade do caminho a Andorra, que era Zaragozza, num piscar de olhos. A estrada com três pistas em cada um dos sentidos e asfalto excelente. O motor-home seguia no limite da velocidade permitida de 120 km/h. Contando é de assustar, essa velocidade. Mas, vale lembrar de que a estrada permitia e nos dava segurança para andar desta forma. Se não fosse assim, certamente, aquela voz da “consciência”, que senta ao nosso lado no banco do co-piloto, quando estamos dirigindo, já teria me feito reduzir… hehehe. Na cidade de Zaragozza tivemos que sair da autopista. Decidimos ir ao super, para complementar a dispensa. Terror a vista! Apareceram aquelas casamatas típicas do pedágio à nossa frente, novamente. Numa delas havia um símbolo indicava haver gente para atender. Foi a eleita, lógico. O atendente pediu o bilhete e repassou o valor de 16 euros. Sem demonstrar que estava prestes a sofrer um enfarto, peguei o dinheiro e lhe paguei. Estava confirmado o que havia lido na internet a respeito dos altos preços de pedágio na Europa. Entramos enfim em Zaragozza a capital do reino de Aragão. Uma cidade grande, mas com facilidade encontramos um supermercado. Consegui estacionar o carro e fomos às compras. Minha filha decidiu ficar no carro para dar uma geral e arrumar as roupas de forma mais eficiente ao nosso uso nas novas condições e espaço.
Entramos naquele universo que parecia um supermercado, mas tinham algumas coisas que eram muito diferentes para nós. A maneira de eles organizarem e venderem os hortifrutigranjeiros eram peculiares: a apresentação, as variedades diferentes e o uso da balança ser manuseada pelo cliente foram inusitados. Assimilamos rapidamente tudo aquilo. Tínhamos que consumir o menor tempo naquela tarefa e seguir viagem, para se aproveitar mais no destino seguinte. No meio daqueles corredores, a minha esposa me sugeriu que eu fosse pegar um carrinho para facilitar com as compras. Dirigi-me até a entrada novamente, provável nicho desses bichinhos rodantes, quando fui pegar um, percebi que ele estava indócil. Não queria seguir comigo. Olhei melhor e percebi que estavam todos presos por cadeados e correntes. Pensei e me afastei um pouco… Enquanto olhava em volta, notei que cobravam para o uso do carrinho. Não tinha como evitar o pensamento:
_ Bah! Onde fica o balcão da locadora desses autos? Vou olhar e ver se pego o básico. Será que tem pedágio essa estrada?
_ Quer saber, é pouca coisa, vou segurando na mão mesmo!
Pão duro que dói na alma… hehehe. Não conseguia acreditar naquilo. Os loucos donos do estabelecimento, ao invés de estimularem o cliente a comprar mais, dando-lhe o conforto básico, cobram pelo serviço. Fiquei tão indignado que fui ao encontro da esposa loja adentro, que nem vi umas cestinhas dando sopa por ali. Com acesso grátis. Por elas, eles não cobravam… hehehehe Demorei um pouco para encontrar a companheira. Estava com o rosto escondido atrás das coisas que levava em seus braços. Repensei no carrinho… Dá nada, vamos que dá! Havia esquecido que estava no supermercado com a esposa. Compra-se um pouquinho a mais do que o necessário… hehehe A lista era pequena, mas chegamos ao caixa chutando alguns pacotes por falta de braços. Só compramos produtos de primeira. Imagina o óleo de oliva virgem espanhol?! Coisa de louco! Quase peguei o galão de 20 litros, que tinham por lá. Pensei ser um pouco de exagero de minha parte e o troquei por de 1 litro. Mas, fiquei em dúvida… Hehehe Durante a espera na fila do caixa percebíamos que o pessoal era ecologicamente correto. Todos traziam suas sacolas de casa e não usavam as sacolas plásticas que estavam sobre o balcão. Não iríamos poder fazer o mesmo, teríamos que usar as sacolinhas. Não havendo ninguém para empacotar, comecei a me posicionar para a execução. Logo já fui avisado do preço unitário, tão logo peguei a primeira sacola. Enlouqueci e quase me esqueci que não estava em casa e que deveria cumprir as regras do local. Sutilmente, deixei a esposa pagando a conta e fui fazendo o transporte das compras, levando-as nos próprios braços mesmo, para o motor-home que se localizava perto da porta de saída. Na primeira viagem, convidei minha filha para dispor de mais braços. Fiasco a parte e risadas que durariam a próxima etapa da viagem, passamos a régua, fechamos a conta e fomos em frente.
Ainda meio zonzo com o preço do pedágio pago anteriormente, seguimos as orientações obtidas nas leituras “internéticas”. Optamos por estradas nacionais e não mais pelas autopistas. Assim, poderíamos vivenciar melhor a região e economizaríamos em pedágios. Levaríamos mais tempo, passando por dentro das cidades e povoados, mas veríamos mais de perto a cultura e o costume do povo local. Pedimos novamente auxílio para o nosso GPS e, desta vez, para que se evitassem as estradas com pedágios. Seguindo nesta nova opção, a estrada continuava boa, às vezes pista dupla nos dois sentidos. Havia mais curvas e parecia ter maior movimento. Principalmente de Autocaravanas (motor-home para os espanhóis). Opa! Pareceu-nos que tínhamos dado um tiro certo. Curiosamente ou logicamente essa nova rota seguia quase que em paralelo à autopista. Coisa que também observávamos rodando na autopista. Tentamos por diversas vezes sair dela para pegar esta outra via, mas não era possível. Pelas estradas de toda a Europa, quando você entra na autopista não tem saída, exceto através das casamatas de cobrança do pedágio. As rodovias são todas ladeadas por “guard rails” ou muretas. Em alguns lugares específicos, existem portões trancados a chave. Esses portões, permitem apenas a entrada em propriedades particulares à beira da autopista. Impressionante!

 Deusdeth Waltrick Ramos

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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