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Nosso imenso orgulho de ser entrevistados pelo projeto que trata da importância da relação criança e natureza, o que tem tudo a ver com o campismo como atividade. Nossos agradecimentos à Mariana Sgarioni.

O Projeto Criança e Natureza, um programa do Instituto Alana, tem como missão viabilizar o caminho de volta das crianças para a natureza, focados profunda e ativamente naquilo que possa fazer realmente bem para elas, tanto em termos de saúde como de uma infância verdadeiramente feliz, criativa e prazerosa. O Criança e Natureza busca caminhos que envolvam famílias, educadores, planejadores urbanos e poder público para garantir elos integradores da criança com o ambiente natural e o contexto cultural no qual ela está imersa. O objetivo do programa é incentivar o acesso e a experiência direta – por meio do brincar livre e exploratório – da criança com a natureza e também disseminar conteúdo para todas as esferas da sociedade.

link da entrevista: criancaenatureza.org.br/inspiracoes/em-busca-de-um-mundo-sem-paredes

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EM BUSCA DE UM MUNDO SEM PAREDES

Fundador do portal brasileiro mais completo sobre campismo, Marcos Pivari diz que acampar está longe de ser sinônimo de desconforto. Trata-se de uma forma de ver o mundo. E de uma experiência inesquecível para famílias.

Por Mariana Sgarioni

Acampar é muito mais do que uma maneira alternativa de viajar. O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza. É o que afirma Marcos Pivari, arquiteto de formação e campista desde que se conhece por gente. Ele acredita que o campismo é uma cultura – e que deve ser disseminada a todos. Tanto que abraçou a causa e fundou, no início dos anos 2000, o portal Macamp, que atualmente se tornou o maior e mais completo site sobre o assunto no Brasil. Há desde produtos e serviços até fóruns de discussão, além de mais de 2.500 campings cadastrados em todo o país.

Marcos pretende acabar com o estigma de que camping é sinônimo de falta de conforto ou de apenas viajar de maneira mais econômica. “Hoje existem equipamentos e campings que oferecem toda a infraestrutura. Acampar é um estilo de vida, uma forma de vínculo com a família, amigos e natureza. É como levar sua própria casa onde quer que você vá”, diz.

A seguir, Marcos fala sobre o Macamp, sua experiência pessoal de acampar com a filha pequena, Manu, de 4 anos, e conta por que os acampamentos familiares têm tanto potencial no Brasil.

No Brasil, acampar é uma prática popular?

O campismo aqui é mais abrangente do que imaginamos. Já foi ainda mais na década de 1970, quando tinha mais adeptos. Naquela época não havia tantas agências de viagens e pousadas. E a oferta de passagens aéreas era menor. Por isso, talvez, as pessoas acampassem mais. Hoje em dia, o que vemos é que o campismo não é só mais uma forma de turismo ou de hospedagem. É um estilo de vida. Antes era uma maneira de se hospedar e pronto, até porque nem existiam muitas alternativas. Hoje não. Você pode escolher como quer chegar ao lugar e onde ficar. O campismo aqui passou a ser mais procurado por volta de 2010, quando começou uma onda mundial de busca por mais contato com a natureza, de opções para fugir do massacre urbano e tecnológico, além da chegada de grandes lojas da área de varejo esportiov e de atividades ao ar livre.

Assim nasceu o Macamp?

Nasceu no início dos anos 2000, a partir da minha paixão por acampar. A internet estava no início e não existia nada sobre camping. Como eu tinha muito material, incluindo revistas, catálogos etc., resolvi botar tudo ali. Hoje o Macamp é o portal de conteúdo mais completo da internet brasileira sobre acampamentos. Nossa principal filosofia é aumentar a prática do campismo no Brasil – não apenas de aventura como também o campismo familiar, que tem mais potencial.

Por que?

Na Europa e na América do Norte, onde o clima é muito mais frio e a natureza é menos abundante, o campismo é muito disseminado entre as famílias. Aqui no Brasil temos um clima mais favorável, muitos parques nacionais, litoral extenso, diversas áreas de interesse turístico. É um potencial incrível. A maioria das famílias que acampam pela primeira vez vão pelo turismo mesmo – e acabam descobrindo um universo muito maior do que simplesmente viajar e conhecer um lugar. No camping você consegue fazer todas as atividades ali, no mesmo lugar. Não precisa sair correndo atrás de um parquinho para as crianças, por exemplo, pois a diversão já está lá. Você se aproxima da família, se distancia da tecnologia e conhece novas pessoas. É muito diferente de ir viajar para a casa da praia, que é sempre a mesma coisa.

A ideia de ter mais conforto na viagem pode pesar?

Isso é um mito. As pessoas precisam entender que acampar não é um bicho de sete cabeças. Toda vez que um jornal ou revista faz um programa sobre acampar me perguntam como é dormir no chão, por exemplo. Acho curioso. Por que será que na casa da praia todo mundo pode dormir no colchão no chão? E na barraca não pode? Dá na mesma. Sem contar que faz muito tempo que existem muitas opções de conforto e campings equipados com toda infra, incluindo chuveiro quente. Muita gente vem me falar sobre experiências desagradáveis, como chuva que inunda a barraca. Acontece o seguinte: acampar é uma atividade como qualquer outra que precisa de pesquisa e uma certa prática. Se você montar a barraca num piso que encharca, ou não montar a barraca direito, a culpa é sua e não da barraca. Perrengues podem acontecer, mas estão ligados à nossa falta de prática. Existem muitas coisas boas em contrapartida. Para quem gosta de praia é possível, por exemplo, acampar ao lado do mar. Ou à beira de um lago para pescar o dia inteiro.

E com crianças? Quais os benefícios?

É impressionante como o universo da criança se amplia. Nós acampamos com nossa filha Manu, hoje com quatro anos, desde que ela completou um mês de vida. Ao contrário do que se pode imaginar, era tudo muito simples. Bebês pequenos, que mamam no peito, são quase portáteis [risos]. Não tem muito o que levar. Ela tomava banho no nosso colo, como em casa. E dormia conosco. Depois que ela cresceu um pouco, levamos uma cozinha na barraca ou no trailer. As experiências que ela vive nos campings sempre fizeram muito bem. Novas sensações, águas quentes, geladas, mar, floresta. Ela foi se acostumando com deslocamentos e pede para ir de novo. Nos campings, ela fica mais calma, feliz, faz novas amizades e lembra de tudo depois. É uma cultura mesmo, que se aprende desde cedo. Só a cultura do campismo pode mudar a cultura do shopping center.

link da entrevista: criancaenatureza.org.br/inspiracoes/em-busca-de-um-mundo-sem-paredes

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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