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Engenho Monjope – Igarassu/Pernambuco

Mapa Google Earth – Engenho Monjope
O engenho Monjope é uma propriedade rural de grande valor histórico por ainda existir os edifícios característicos de um engenho: casa-grande, capela, senzala, moita e a casa do capitão-do-mato. Localizado em Igarassu/Pernambuco. O acesso é feito através da BR 101, sentido Goiana-Recife, e pela estrada do Monjope. Desde o ano 1986, o engenho está em processo de desapropriação e sua administração é de responsabilidade da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE.

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Casa-grande e Capela do Engenho Monjope, 1937.
Fotografia de Julien Mandel. GDC-86 (12 x 18 cm)
A casa grande do Monjope é uma construção de dois pavimentos, com água-furtada, e estrutura de apoio. É caracterizada pelas arcadas na fachada do acesso principal, encimadas por portas em arco abatido do andar superior, protegidas por sacadas com guarda-corpo em ferro fundido. A capela apresenta coro e púlpito, além da torre sineira, sacristia e ossuário. Acima da porta da capela existe a data de 1726, ano de sua reconstrução.

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A moita apresenta toda a estrutura do mecanismo da moenda, da canalização das águas que a fazia girar para o fabrico do mel da cana e da aguardente. Próxima à moita está situada a casa do Capitão-do-mato e no lado oposto, a senzala.
Outras construções integram o acervo imobiliário do Engenho: a guarita que controla o acesso ao ambiente, uma bateria de sanitários, construídos nas décadas de 60 e 70, e uma casa que foi reformada de uma primitiva construção dos meados do século XX.
Proprietários: Há registros de que em 23/10/1600, que o casal Antônio Jorge e Maria Farinha doaram aos Jesuítas do Colégio de Olinda, “por amor, em graça”; com (800 braças em quadra ou 1760 metros quadrados). NOTA: A primeira referência documental ao nome Monjope é de 1630. Antes da invasão holandesa, essas terras de propriedade dos Padres Jesuítas seria denominada: Fazenda Monjope, como consta no mapa sobre a presença dos jesuítas em Pernambuco; e eram usadas pelos Padres para criação de gado e cultivo de subsistência. Alguns documentos da Companhia de Jesus no Brasil apontam Monjope como engenho produtor de açúcar apenas a partir de 1666.

Companhia de Jesus – Missão Jesuítica no Brasil
A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola e um pequeno grupo de discípulos, na Capela de Montmartre/Paris, em 1534, com objetivos catequésicos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na Europa. Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em 1549, com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador.
No Brasil os Jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao trabalho educativo, pois perceberam que não seria possível converter os índios ao catolicismo sem que soubessem ler e escrever. Do Nordeste a obra jesuítica estendeu-se para o sul; e em 1570, a Companhia já possuia três colégios (Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro) e cinco escolas de instrução elementar (Espírito Santo, Ilhéus, Porto Seguro,São Paulo de Piratininga e São Vicente). Os jesuítas foram mentores da educação brasileira durante 210 anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho, o primeiro-ministro de Portugal (1750/77).
O Engenho Monjope, na época dos Jesuítas, era considerado o mais famoso de Pernambuco. As notícias sobre as construções pertencentes ao Engenho datam de 1679. Segundo Serafim Leite, havia uma construção que servia de casa de vivenda e que estava sob a responsabilidade do Padre Manuel Pereira e do Irmão Manuel Viana. Em 1692, registrou-se o trabalho de 100 servos para plantio da cana-de-açúcar e a produção de açúcar, mas o engenho não moeu, pois as terras estavam cansadas e a cana-de-açúcar não teve o teor sacarino necessário para o fabrico do açúcar. As terras então foram usadas novamente para a agricultura de subsistência e criação de gado. Os Jesuítas então compraram o engenho Cotunguba/Tracunhaém (final do século XVII, por 3.000 escudos) e o engenho Caraúba/Nazaré da Mata para plantar cana-de-açúcar e garantir a produção de açúcar na fábrica do Monjope. Em 1701, as instalações do engenho eram usadas provisoriamente como uma “quinta” para férias dos estudantes do Colégio Jesuíta de Olinda. Apesar da dificuldade de utilizar as terras para o plantio da cana-de-açúcar, há registros de que, em 1732 os Jesuítas gastaram 800 escudos para reformar a fábrica do engenho Monjope. E, em outras referências, fala-se de uma olaria que teria recebido reparos (1742). Nesse período, os custos para manter todas as propriedades da Companhia de Jesus, eram garantidos com a venda de gado de outras fazendas. Em 1759, os jesuítas foram expulsos dos domínios da Coroa portuguesa e todos os seus bens foram confiscados e entregues à Tesouraria Geral da Capitania de Pernambuco.

Barão de Vera Cruz, Col. FR 1544
Em 1785, o engenho passou a pertencer a Manoel Cavalcanti de Albuquerque, filho de Antonio Cavalcanti de Albuquerque – assassinado a mandado de João Fernandes Vieira, e de Margarida Vasconcelos Souza. Falecido sem sucessão o engenho ficou para seu irmão o Capitão-mor João Cavalcanti de Albuquerque, senhor do engenho Tamataúpe/Carpina, casado com D. Maria Arcanja Carneiro da Cunha, de uma importante família de Tracunhaém.
Para preservar os bens da família sua única filha Antônia Cavalcanti Carneiro da Cunha foi prometida em casamento, assim que nasceu (1831). Para que sua riqueza permanecesse na família e seu sobrenome não se perdesse, a menina foi casou com seu próprio tio, Manoel Joaquim Carneiro da Cunha (irmão de sua mãe), 20 anos mais velho.

Antônia Cavalcanti Carneiro da Cunha – Col. FR 1547
Manuel Joaquim Carneiro da Cunha nasceu em 1811 e faleceu em 1868. Filho do Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque e de Paula Cavalcanti d’Albuquerque. Casou-se em 1855 com Antônia Cavalcanti Carneiro da Cunha, ainda menina, Baroneza de Vera Cruz; filha do Capitão-mor João Cavalcanti de Albuquerque, senhor dos engenhos: Monjope e Tamataúpe, e de D. Maria Arcanja Carneiro da Cunha. Foram pais de Maria Arcanja Carneiro da Cunha, nascida em 1857 e falecida aos 10 anos. Antônia ficou viúva com 38 anos, muito bonita e proprietária do centenário engenho de Monjope, que entrou em crise e foi vendido. Nota: O inventário da Baronesa foi feito em 1897 e se encontra arquivado no Instituto Arqueológico de Pernambuco.
Em 1868 o engenho passou a pertencer ao Coronel Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, irmão do Barão de Vera Cruz, casado com Anna Maria José de Mello, filha de Sebastião Antônio de Barros Mello e de sua mulher Maria Rita de Albuquerque Mello. Nessa época há notícias sobre as construções existentes em Monjope: a casa grande era descrita como uma “vivenda de sobrado de pedra e cal”, assim como a capela e a senzala; e o engenho era movido a água.
Em 1897 o engenho passa a pertencer a Manoel Carneiro Saint Clair Gastón. Manuel devia ser filho de Maria Amália Cavalcanti de Albuquerque, sobrinha de Antônia Cavalcanti Carneiro da Cunha. Amália foi casada em 1ª núpcias com o inglês George Anderson Cricket, médico da rainha Vitória e em 2 ª núpcias com um suposto conde francês, Jean Edmond Saint-Clair de Gaston. Seu inventário feito em 1899 se encontra no Instituto Arqueológico de Pernambuco. O engenho foi vendido em 1889 a Companhia Beberibe, que suspendeu a produção de açúcar para construção, no local, de um sistema de abastecimento de água para ao Recife.

Companhia Beberibe
A Lei nº 46, de 14/06/1837, autorizou a contratação de uma empresa para fornecer água potável aos habitantes da cidade do Recife. Em junho de 1838, foi assinado um contrato entre a Companhia do Beberibe e o Governo da Província, para dotar o Recife de um serviço de água encanada. Com um capital inicial de 400.000 contos de reis, a Companhia do Beberibe teve como 1º presidente José Ramos de Oliveira e seu Conselho Deliberativo, formado por 08 membros. De 1837 a 1912, o serviço de distribuição de água do Recife esteve a cargo da Companhia do Beberibe, formada com capitais da localidade. As obras para um abastecimento elementar foram executadas de 1842 a 1848, de acordo com o projeto dos engenheiros brasileiros Jacob de Niemeyer e Pedro de Alcântara Bellegarde, aproveitando o rio Apipucos e o açude da Prata, localizados no antigo engenho Dois Irmãos/Recife. A Companhia passou a fornecer água potável e encanada para toda a cidade. Sua sede funcionava nas duas residências dos antigos proprietários do engenho Dois Irmãos, que foram reformadas para a instalação da usina. Em 1881, foi renovado o contrato, elevando o prazo de privilégio a 67 anos, obrigando-se a Companhia a executar novas obras destinadas a atender à demanda existente.

Cachaça Manjopina
Em 1891, a Companhia comprou o engenho Monjope, devido ao projeto do engenheiro Augusto Devoto, que propunha o aproveitamento dos riachos Utinga e Pitanga, situados em áreas do engenho, mas devido ao alto custo o projeto não foi implantado. Com reclamações da população, a incapacidade de fornecer a água necessária e o serviço de lavagem dos esgotos, o governo do Estado em 1912, incorporou a Companhia do Beberibe à Diretoria de Viação e Obras Públicas e depois à Comissão de Saneamento, extinguindo o órgão que durante mais de sessenta anos foi o responsável pelo abastecimento d’água do Recife.
Em 1904, o engenho foi adquirido por Vicente Antônio Novelino e a fabricação do açúcar foi retomada. Mas devido a concorrência das usinas, o engenho passou a produzir o vinagre e a cachaça. Começaram com a fabricação da cachaça Monjopina – como ficou conhecida. Inicialmente fabricada para distribuição com os amigos que a consideravam “a rainha das aguardentes de cana”, devido ao seu sabor primoroso, logo começou a ser engarrafada para venda em escala comercial por toda a região Nordeste – sendo considerada a primeira cachaça industrializada no Brasil (1756). Além da “Monjopina” (cana-de-açúcar ) o Engenho também fabricava as aguardentes “Rainha” (seiva de limão cravo) e “Princesa” (com laranja lima).

Desde que a cachaça é cachaça, sempre teve o nome de cachaça. Mas os que bebem, gostam de chamá-la de um jeitinho especial. Tem aqueles que batizam a cachaça com sinônimos: aca, aguardente, birita, cana, caninha, calibrina, cumbé, caiana, caxixi, jinjibirra, marato, monjopina, parati, pinga, tafia, tiquirá, uca… Há os que a chamam por objetivos: abrideira, azuladinha, branquinha, brasileira, boa, danada, espírito, elixir, homeopatia, imaculada, limpa, lisa, malvada, perigosa, preciosa, pura purinha, remédio, teimosa…
Em 1962, no engenho funcionava um Clube que pertencia ao Clube de Camping do Brasil -sociedade civil sem fins lucrativos (organização não governamental) – de âmbito nacional, com o objetivo de congregar famílias em torno do campismo como forma de lazer e turismo.
No ano de 1986, a FUNDARPE iniciou o processo de tombamento das terras do Engenho Monjope, pretendendo a preservação desse patrimônio cultural e sua reutilização. Em maio de 2000 foi decretado o processo de desapropriação das terras pelo Estado de Pernambuco, a quem hoje pertence o Engenho. Hoje, o Engenho Monjope faz parte dos 13 engenhos classificados no Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife. Obras emergenciais foram realizadas nas edificações do imóvel em diferentes períodos desde 2000 até os dias atuais, visando a implantação do Centro de Referência cultural e Turístico Engenho Monjope.

FONTE DE TEXTO E FOTOS: http://engenhosdepernambuco.blogspot.com/
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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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