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Possíveis causas do fracasso do campismo

Antigamente, tínhamos diversas áreas de camping em muitos locais interessantes, não que hoje não as temos, mas em número era muito maior. Igualmente as indústrias de equipamentos e acessórios para camping. Existia uma diversidade enorme de acessórios que incluía mesas dobráveis, barracas muito mais resistentes, maiores e confortáveis e claro muito mais pesadas. Enfim, as opções eram praticamente infinitas. Não diferente de tudo isso, tínhamos também diversas fábricas de veículos de recreação (VR) dentre elas Turiscar, Karmann Ghia entre outras.

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Para prejudicar ainda mais a situação do campismo, diversos campings ainda estão com uma visão imediatista de lucros e estão praticando a política de cobrar muito e ter poucos campistas. Para se ter uma idéia da situação, existe campings praticando tarifário que não atendem a população brasileira e em alguns casos até mais caros que um chalé. Fiz uma pesquisa para saber o tarifário vigente entre as datas 30/10 e 07/11/04 em alguns campings em Camboriú, Marataízes e Ubatuba. O que acabei concluindo é que se acamparmos em 4 pessoas (uma família) o camping acaba sendo inviável em diversos aspectos, principalmente financeiro. Se você ficar num chalé/apartamento vai acabar gastando bem menos. No caso de Ubatuba, pagando R$ 50,00 diária num chalé com tudo (geladeira, tv, fogão, etc a 3 quadras da praia do Tenório em Ubatuba) para 5 pessoas….Outro exemplo, num determinado hotel em Mury (RJ), com piscina, sauna, e um farto café da manhã para o casal, paga-se R$ 45,00 a diária do apartamento…  PODE??? Os preços de pernoites por pessoa, nas barracas, na maioria dos campings do país é também exorbitante, o que desestimula os campistas veteranos e, principalmente, os novatos.

               Claro, que não podemos esquecer que quem é campista vai preferir ficar no camping, mesmo pagando mais por isso, mas minha preocupação é com os campistas novatos, aqueles que estão pensando em iniciar no campismo e vai comprar sua primeira barraca, seu primeiro colchão e quando chega num camping
vai descobrir que a grana que ele pagou pelos equipamentos, mais as diárias dos campings, mais a chuva que vai molhar a barraca e tudo o que tiver dentro…..vai desistir na primeira. Já nós trailistas, não temos alguns problemas que o pessoal de barraca tem, mas em contra partida, somos obrigados a pagar por um eixo a mais nos pedágios (ou dois, três dependendo do tamanho do equipamento), gastar mais combustível por estar rebocando a casa, e claro pagar para ficar num camping o mesmo valor que se eu estivesse ficado num apartamento alugado. Atualmente temos uma rede de campismo com tarifário mais em conta, mas não cobre todo o país e é restrito ao pessoal que já é sócio, não havendo planos para novos sócios.
Já quem possui um VR, enfrenta mais alguns problemas, como as condições de algumas rodovias e talvez um dos maiores problemas, o custo elevado dos pedágios. Como se não bastasse, há também o problema do código de trânsito brasileiro, que atualmente é exigida a carteira de habilitação (CNH) categoria E para rebocar  qualquer tipo, tamanho de trailer. Já existe um projeto um projeto de lei (7127/02) na câmara dos deputados, mas desde 2002 não saiu do papel. Achamos que um grande e importante passo pra aumentarem o número de campistas, seria a correção do absurdo da categoria “E” da CNH, pois as pessoas ficam meio assustadas quando ficam sabendo que precisam tirar a carteira “E” para puxar trailers, dando a  impressão de perigo, afinal é a categoria máxima da CNH que é exigida.

               Há ainda alguns mitos para viajar com VR como por exemplo: ”Ninguém roda mais com trailer, só deve ter você rodando sozinho na estrada” ou “Tem o problema da policia que gosta de arrumar confusão e diz que não pode puxar trailer” ou ainda “Vou ter que levar um equipamento muito caro na viagem e se acontecer alguma coisa….” mas nada se compara ao conforto de ter a sua casa junto com você. Mas a realidade de alguns companheiros é diferente, no começo da temporada muita gente adquire VR, depois desanimados, muitos colocam a venda perdendo parte do investimento, prejudicando bastante quem tem, produz ou negocia VR.
A maioria das prefeituras não faz a menor questão dos campings e taxam o IPTU normalmente, não incentivando os proprietários de camping. Em alguns casos, o montante que se arrecada numa temporada com um camping, a metade fica em IPTU, com a outra, tem que pagar pessoal da limpeza, luz elétrica, água e outras despesas. Só para ter uma idéia, o maior camping de Camboriú fechou para dar lugar a um empreendimento imobiliário.

            Para tentar resolver estes e mais alguns outros problemas, estamos montando um conjunto de sugestões a serem analisadas pelos responsáveis pelo setor, incluindo obviamente nós campistas, governos, proprietários de campings e etc.

Sugestões para o desenvolvimento do Campismo

Após uma pesquisa com diversos campistas, chegamos em algumas conclusões para solucionar estes e muitos outros problemas do setor como seguem;

               Há quantos anos não se vê uma campanha de esclarecimento da população e de incentivo ao campismo no Brasil? Aliás, nem sabemos se algum dia houve tal campanha, mas achamos que é a hora de se fazer uma, inclusive tratando das condições de segurança, enaltecendo o contato com a natureza, a possibilidade de novas amizades, etc. Junte-se a isso preços justos e logo teremos um aporte de novos campistas nas instalações dos campings desse Brasil, fazendo com que a receita cresça e desenvolva o campismo no país. Como parte desta campanha poderíamos organizar uma caravana de VR anual, como era realizada a tempos atrás. Uma campanha de incentivo à prática do campismo e caravanismo é de interesse sobretudo dos campings e dos fabricantes de equipamentos, além do nosso, é claro. Há vinte anos era muito comum a cena de veículos rebocando trailers se cruzarem nas estradas do país, piscando os faróis e se abanando. Era muito pouco provável fazer uma viagem de 100km, sem cruzar com uma dezena de VR. Havia opções de campings com boa estrutura, espalhados por todo o trajeto.
As diárias dos campings estão com preços elevados, muitos campings não oferecem a menor condição para uma família acampar, outra coisa que devemos salientar é a taxa que cobram para crianças, a maioria dos camping cobram preço de adulto para crianças acima de 5 anos, isso é que é desestimular o campismo. O que achamos justo é até 5 anos gratuito e até 12 anos 1/2 diária. Pois escapar da diária de camping é a vontade de todo mundo, mas como achar um lugar seguro, limpo e manter contatos com outros campistas? Com o equilíbrio entre as tarifas dos campings e o número de campistas, os campings não deixariam de ganhar o que ganham mesmo abaixando as tarifas. O dia que esse problema for resolvido as fábricas não vão mais parar de produzir VR, a atividade explode, cai no gosto de todo mundo.

Outro detalhe muito importante que temos visto de obstáculo é o custo dos pedágios (um motor home paga como veículo comercial, já o trailer paga-se por eixo), as condições de algumas estradas e a falta de estrutura de campings em receber veículos maiores, como por exemplo, árvores com galhos baixos, falta de tomadas de água e energia elétrica, saídas de esgoto, local apropriado para descarte dos sanitários e depósitos químicos, acesso fácil á área de VR entre outros despreparos de alguns campings também prejudicam o desenvolvimento do caravanismo.

Podemos ver claramente, que o progresso do campismo brasileiro está sendo esquecido, o que não entendemos, pois se o campismo crescesse, abrir-se-iam mais lojas do ramo, revendas, e quem sabe reabririam fábricas de veículos de recreação e até surgiriam novas marcas. A atividade de camping também está em decadência, somente os apaixonados ficam na atividade, por outro lado os proprietários de VR ainda são tímidos quando se trata de organização nacional, encontros servem para motivar os que já tem VR, mais não para atrair novos campistas. Não podemos nos precipitar, achamos que muito melhor seria se conseguíssemos a união de todos, campistas (barraca, carreta-barraca, trailer, motor home, etc), donos de campings, fabricantes de veículos de recreação e equipamentos para camping em geral. Para isto, precisamos estar unidos para fazer barulho, exigir das autoridades atitudes em prol do campismo como um todo, começando pela sanção do PL 7127/2002 e com incentivos dos Ministérios do Turismo, da economia e outros. Podemos também fazer um encontro multi-grupal em Brasília, na porta do Ministério do Turismo ou no DNIT, afinal, a gente só quer o desenvolvimento do turismo no país.

Movimentar a economia do setor também é importante, gera empregos diretos e indiretos, desenvolve o turismo nacional e principalmente o setor de VR.

Tem o outro jeito, ficar por aí na beira das estradas, dormirem a noite com um olho aberto com medo do ladrão, ou a mais viável pagar caro para os campings enquanto eles existirem.

               Pensar em campings ecologicamente sustentáveis talvez seja a solução ideal, pois nos Estados Unidos já há estudos que provam que uma vaga em área para VR substitui a construção de cerca de dez imóveis de uso temporário. Desnecessário provar que uma vaga de camping gera um impacto muito menor no meio ambiente. Uma área de camping é muito mais própria para atender locais de preservação do que um prédio com alojamentos. Na mesma esteira, em outros países há incentivo para quem produz artigos com materiais recicláveis, mantendo a característica reciclável e com processos não agressivos ao meio ambiente. Por que não adequar os equipamentos e seus processos de fabricação para pleitear incentivos sob este enfoque? Para se ter uma idéia, o motor home de uma grande equipe de Fórmula 1 mundial, é totalmente construído sob esta filosofia, com materiais reciclados e recicláveis, equipamentos de baixo consumo, motores de baixa emissão de poluentes entre outros detalhes. Por que não preparar nossos equipamentos para que não sejam emissores de poluentes ou ainda utilizar energia renovável? Por que não pensar em certificar equipamentos, com algo semelhante a um “selo verde”?
Agora ficamos pensando, será que quando tivermos filhos, netos e procurando um “prego para nossas chuteiras” vamos poder acampar com eles? Ou estaremos contando historinhas sobre barracas, trailers, amizades, momentos inesquecíveis como nos nossos encontros de campistas? Será que o campismo passará a ser assunto da “turma da grana” e passará a ser apenas um hobby e não um estilo de vida? Será que estamos imaginando coisas?

Campistas Brasileiros sonhando com o desenvolvimento do setor.

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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