Viajando de Motorhome
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Viajando de Motorhome – Por Edgar Luiz Tostes

Há um interesse crescente no uso, para viagens, de veículos de recreio – trailers e motorhomes. O motivo principal é poder levar seu padrão de conforto sem ficar limitado a reservas de hotéis e itinerários predeterminados.
Pesquisa realizada pela Universidade de Michigan para a RVIA – Recreational Vehicles Association, em 1997, verificou que os usuários de veículos de recreio, nos Estados Unidos, consideram o conforto na viagem um dos itens mais importantes na decisão de compra. 92% de pais, proprietários de VRs, disseram que é o melhor meio de viajar com a família; 42% dos entrevistados afirmaram ser mais barato do que fazê-lo de carro, hospedando-se em hotéis e freqüentando restaurantes.
Essa constatação é válida também para o Brasil, onde a hospedagem e os restaurantes nas estradas têm uma qualidade muito variada e nem sempre oferecem as melhores condições de higiene e conforto. Viajando em VRs você leva sua cama, seu banheiro, pode fazer refeições ligeiras, saudáveis e saborosas, o que proporciona custo de viagem bem menor.
Americanos, canadenses e europeus têm o hábito consagrado de viajar em trailers e motorhomes. Na alta estação é surpreendente a quantidade de veículos de recreio que trafegam pelas estradas.
Nos Estados Unidos, em 1997, a frota era de 1,7 milhão de trailers e 3,4 milhões de motorhomes; em oito países da Europa, em 2000, circulavam 3,73 milhões de trailers e 900 mil motorhomes. No Brasil, estima-se que a frota seja de 10.000 trailers e 3.000 motorhomes.
Essa modalidade de viagem, no Brasil, ainda está limitada por razões de ordem econômica e cultural. O mercado de veículos de recreio é pequeno em função da escala de produção, e acampar ainda não se constitui num hábito entre os brasileiros, mesmo os mais jovens. Outra limitação é o pequeno número de campings equipados para receber veículos de recreio, com disponibilidade suficiente de carga elétrica, facilidade de despejo de águas servidas e sanitários químicos. Apesar disso, cresce o número de caravanistas, que viajam quase o ano todo em seus motorhomes.
Comprar um trailer ou motorhome é uma decisão da família. Tem várias vantagens sobre a propriedade de uma casa de campo ou apartamento em localidade turística: não há obrigação de viajar sempre para o mesmo destino, os roteiros são variados; evita a preocupação com manutenção e segurança do imóvel desocupado; tem o atrativo de conhecer outros costumes e paisagens, bem como fazer novas amizades. Viajar com veículos de recreio intensifica a convivência familiar pela ativa participação em atividades comuns. Contribui, ainda, para o enriquecimento cultural dos filhos, desenvolve sua capacidade de iniciativa, desperta interesse e atenção para a natureza e preservação do meio ambiente.
“É difícil dirigir um motorhome ou rebocar trailer?” “Manobrar é complicado?” “As estradas são muito ruins?” “É seguro viajar de trailer ou motorhome?” “Onde parar para dormir durante a viagem?” “Dá para cozinhar em viagem ?” Estas são algumas perguntas freqüentes que refletem a insegurança dos que estão motivados a participar desse mundo atraente que o caravanismo oferece, mas que ainda não tomaram a decisão final de comprar um trailer ou motorhome.
Viajar de motorhome “é um barato…” Não é apenas ter a sensação, mas viver a liberdade de mudar o seu destino de viagem a qualquer momento, de escolher onde parar, de selecionar a paisagem, de viajar sem formalidades, sem reservas prévias, de viver intensamente o companheirismo dos campings.
Rebocar um trailer ou dirigir um motorhome são formas bem distintas de conduzir veículos, mas não têm nada de difícil ou complicado. É uma questão de se habituar com o tamanho, peso do veículo e tomar os cuidados necessários com a velocidade, distância de frenagem e ultrapassagens. Da mesma forma que se criam os condicionamentos necessários ao dirigir um automóvel, a prática de conduzir um veículo maior também desenvolve a devida percepção para fazê-lo com prudência e segurança. No caso do trailer, há um requisito adicional que é a manobra de ré, pois, nesse caso, o trailer se movimenta na direção contrária a que está girando o volante do carro.
Quando comprei meu primeiro trailer, há 30 anos, nunca havia rebocado qualquer tipo de carreta. Fui buscá-lo na Turiscar, em Novo Hamburgo (RS). Fiz um curto treinamento de manobras no pátio da empresa, dei umas voltas pelas imediações e, me sentindo apto para o desafio, parti para Brasília rebocando meu trailer. Daí para a frente, tive dois outros trailers maiores e, hoje, viajo de motorhome rebocando um carro, sem qualquer dificuldade.
O Código de Trânsito Brasileiro exige habilitação diferenciada para conduzir motorhomes e veículos que tracionam trailers, o que requer treinamento em auto-escola para obtenção da licença. Depois, “pé na estrada”!
Quanto às estradas, encontramos as mais variadas condições: trechos bons e outros muito precários. Em função da extensa malha rodoviária, das grandes distâncias e da falta de recursos do governo para sua manutenção, será difícil fazer uma longa viagem apenas em estradas bem conservadas. Para prevenir, peça sempre orientação aos caminhoneiros; são bem informados e indicam roteiros alternativos confiáveis.
Nunca viaje à noite. Mais seguro é parar antes de escurecer. Furar um pneu ou enguiçar no escuro é sempre problemático. Pare nos postos de combustíveis mais movimentados, onde estacionam os caminhões, o melhor lugar para passar a noite. Aproveite a oportunidade para um papo com os caminhoneiros. Você ficará agradavelmente surpreso com suas histórias e dicas de viagens. É uma conversa em que estamos sempre aprendendo, além da calorosa convivência.
Para evitar a comida da estrada, muitas vezes de má qualidade, leve sua comidinha caseira durante a viagem. Não confie na afirmação muito difundida de que “onde comem os caminhoneiros a comida é sempre boa.” Cozinhando antecipadamente alimentos mais simples, na hora da refeição, é só dar uma incrementada. Com atenção, você encontrará um local aprazível para estacionar com segurança e fazer seu almoço ou lanche.
Dica adicional importante: evite dirigir mais de duas horas seguidas. Lembre-se: você está conduzindo um veículo pesado que requer atenção. Dê uma parada, estique as pernas, faça uns alongamentos e prossiga viagem descansado.
Conscientize-se: há diferenças expressivas entre viajar de automóvel e de motorhome e, neste caso, não precisa correr para cumprir etapas. Em qualquer lugar você terá o mesmo padrão de hospedagem e qualidade de alimentação. Afinal, sua casa está com você.
Escolha seu destino e, se não tiver camping, pare em um estacionamento urbano, em uma praia ou praça, o mais próximo possível de casas ou estabelecimentos comerciais, mas nunca fique isolado. É perigoso estacionar em lugares sem movimento.
Companheiros inseparáveis nas viagens são um guia de turismo detalhado, com indicações das cidades e pontos de interesse turístico, e um mapa rodoviário atualizado. Mas cuidado com as informações sobre condições de estradas indicadas no mapa. Há diferenças entre a época em que foi realizado o levantamento para a confecção do mapa e a de sua viagem. O mais prudente, quando houver dúvida, é confirmar as informações com caminhoneiros ou nos postos da Polícia Rodoviária.
Para viajar sem atropelos, planeje antecipadamente os roteiros com quilometragem, o que permite estimar o tempo das etapas e período da viagem. Não deve ser uma proposta rígida, pois a vantagem de viajar em motorhome é a flexibilidade, que permite mudanças de destinos e roteiros, a qualquer momento, ao sabor de novos interesses.
No exterior, viajar de motorhome é uma atraente alternativa, mas requer planejamento mais cuidadoso e menos flexível, porque o período de viagem é sempre limitado, e o custo em moeda estrangeira. Prepare um roteiro detalhado contendo estradas, distâncias, principais atrações turísticas, cidades a serem visitadas e campings onde pretende ficar. Para isso, consulte os guias de viagem dos vários países e os mapas rodoviários, que podem ser encontrados nas principais livrarias das capitais brasileiras. Para informações complementares, busque sites específicos na internet.
Para alugar motorhomes é necessário fazer reserva antecipada, indicando o período de locação, daí a importância do planejamento detalhado. Os preços variam de acordo com as estações do ano e são mais baratos na primavera e no outono. Evite o verão quando, além dos preços altos, os campings estão cheios e necessitam de reserva.
Uma das principais vantagens deste tipo de viagem no exterior é não precisar, a cada cidade, desarrumar e arrumar malas; tudo está devidamente acondicionado no motorhome. Nos Estados Unidos e Canadá, as cidades têm amplos estacionamentos, as vias são largas, o que permite trafegar com o motorhome sem necessidade de alugar um carro ou usar transporte público. Na Europa a situação é diversa; as cidades têm ruas estreitas e existem restrições de estacionamento. Em compensação, o serviço de transporte público é eficiente e cobre cidades e arredores. O motorhome fica nos campings, que estão situados em áreas urbanas ou próximos das cidades, e se utiliza como transporte ônibus, metrô ou trem suburbano. Nas cidades o melhor é caminhar, forma agradável de se conhecer bem uma localidade.
No Brasil, existem algumas locadoras de motorhomes, o que facilita a possibilidade de se fazer uma experiência com a família antes da decisão de compra. Em suas próximas férias, visite campings, bata um papo com campistas e caravanistas para conhecer suas opiniões e vivências. Converse, avalie, e não hesite em decidir por essa forma descontraída e atraente de viajar. Vai se arrepender de não ter começado há mais tempo.

FAZER CAMPING É UM ESTILO DE VIDA, e nunca é tarde para ser feliz.

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LUIZ EDGAR TOSTES
Diretor da ABRACAMPING – Associação Brasileira de Campismo
luiztostes@uol.com.br

 

 


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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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