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Seleção de Blogs de Campistas >> Por Aih

Neste espaço vamos falar um pouco de como tudo começou… então, começando… Minha relação com as viagens vem desde o período em que era pré-adolescente quando já viajava na leitura dos livros.

Meu pai comprara uma coleção de livros que se não me engano se chamava Aos Nossos Filhos, eram quatro volumes grossos, um deles falava das epopéias do ser humano, e nesse volume constavam dos grandes viajantes e os descobrimentos. Nessas leituras eu me transportava e por vezes me imaginava nos cenários descritos. Também por essa época comecei a me interessar por fatos históricos e cidades antigas, as civilizações milenares, e li tudo que encontrei sobre as grandes guerras, e claro, de novo meu pensamento de menino curioso queria conhecer o lugar para poder experimentar, ao menos em parte, a sensação de ver algo preservado e que fez diferença para o mundo. Grécia, Roma e o Egito especialmente me facinavam.

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Já adolescente aprendi que podia viajar de carona. Fiz isso algumas vezes com amigos e com meus irmãos. Marcou-me muito uma experiência que vivemos numa estrada na Serra Gaúcha. Saindo de Porto Alegre estávamos a caminho de Caxias do Sul à beira da rodovia, braço na horizontal e com o dedão em pé. Éramos apenas um grupo de jóvens em busca de aventura. Já há algum tempo ali esperando uma carona parou um caminhão e parte do grupo correu para embarcar. Nisso, meu irmão, Beto, disse para não irmos de caminhão, seria muito lento, melhor era ir de automóvel – o interessante é que nunca recusamos antes uma carona mesmo de caminhão, acho que essa fora a única vez. Nosso pensamento nesse tempo era ir para a frente de qualquer jeito. Mas nesse dia foi diferente. Quando conseguimos uma carona de carro, apenas quatro quilômetros adiante encontramos o mesmo caminhão tombado numa ribanceira algumas dezenas de metros abaixo do nível da estrada – sem sobreviventes. Desde então passei a valorizar a intuição, hoje minha melhor conselheira e para quem tiro o meu chapéu, ela sempre sabe me indicar o melhor caminho, e hoje sei que apenas preciso dar-lhe espaço para que se manifeste. E sempre acerta, tenho-lhe o maior respeito.

Mais tarde, o Beto e eu compramos lonas e agulhas e, sem dinheiro para comprar uma barraca – até porque era algo que ainda não havia comumente nas lojas – e construímos nós mesmos nossa própria casa de tecido. Um dia estávamos acampados num gramado de uma praia no RS quando onvimos uma vóz dizer que tinha alguém dormindo “naquilo”, nisso a vóz veio e entreabriu a portinhola da barraca e surpreso por serem dois, meu irmão e eu, o sujeito comentou com o companheiro “tu vê, se cai um temporal esses dois aí deitam vivos e acordam mortos”, ao que o outro respondeu “que nada, se o ‘fulano’ tivesse feito o que esses dois aí tão fazendo não seria o abobado que é”. O que só reforçou em mim que viajar é aprender a se virar.

Na década de 😯 adulto, casado e responsável continuei viajando… ou melhor sonhando… foi aí que comecei a por em prática algumas coisas. Li tudo que encontrei sobre navegação, veleiros e lanchas. Fiz curso e prestei prova na marinha me tornando Capitão Amador, e comprei um veleiro de 19 pés… era pequeno mas tinha quase tudo: quatro beliches, muitos armários e baús, e uma saleta com mesa de refeiçoes. Com ele fiz algumas navegadas. O sonho era ir fazendo uma escadinha e de tempos em tempos ir trocando por barcos maiores até chegar a um veleiro de classe oceânica para dar a volta ao mundo e morar nele. Duas coisas interromperam o projeto. A primeira é que minha esposa não se sentia bem na água. E a segunda é que faltava o tempo, nessa época eu só tinha um fim de semana livre por mês o que limitou o uso do veleiro e o plano.

Mas, o novo milênio trouxe outras perspectivas. Comecei a me interessar por viagens terrestres e aventuras em veículos 4×4. Paralelamente também comecei a ler aventuras de brasileiros que viajaram de motorhome pelo nosso País, América do Sul ou fizeram a volta ao mundo. E, então redesenhei, meu projeto. Agora queria um motorhome e morar nele. Como dominava um pouquinho o inglês comecei a ler sites americanos e iniciei uma pesquisa profunda sobre veículos de recreação. Passei a rascunhar plantas de um motorhome que atendesse as minhas necessidades. Fiz inúmeros desenhos. E elaborei um projeto de vida considerando uma vida nômade à bordo de um motorhome.

Um dia, planta e projeto na mão, peguei o carro e fui visitar as fábricas de motorhomes que existem no RS. Fui à www.vetura.com.br  e  uma outra próxima, mas que não tem homepage. Já nessa segunda que me recebeu caí duro para trás. Não tinha como eu comprar um ônibus de 50 mil reais e ainda gastar outros 160 para montar a casa sobre rodas. Eu não tinha ganhos para isso. Em vez de desistir e me sentir derrotado passei a procurar um jeito, e o caminho era aprofundar as pesquisas na Internet. Até que descobri o site www.rv.net e aí me iluminei. Percebi que eu mesmo poderia construir um motorhome, bastava conhecimento e determinação, e resto era assessório. Esse site me levou a outros, e mais outros, e assim por diante. É incrível como os americanos produzem coisas e divulgam, mostram, dizem como se faz, instigam, incentivam.

Revi meu projeto e os prazos. Além de continuar estudando o assunto, coloquei como meta alugar uma garagem e nela iniciar uma pequena marcenaria. Foi o que fiz. Cada mês passei a comprar uma ou outra ferramenta, uma serra tico-tico da Black & Decker www.blackanddecker.com.br, uma lixadeira Walt www.dewalt.com.br , e várias ferramentas manuais. Já com esse mínimo arsenal comprei umas chapas de compensado e construí um armário para minha área de serviço, meu primeiro móvel feito sob medida por mim mesmo. Simplório. Mas em pouco mais de uma semana ele já estava sendo muito útil na lavanderia lá de casa.

Esse móvel que fiz foi uma escola e mostrou-me que eu precisava aprender mais técnicas. Encontrei no SENAI www.senairs.org.br um curso de marceneiro à noite que se iniciou em fevereiro e terminou em setembro. Aprendi a operar máquinas de grande e pequeno porte, os diversos usos das ferramentas manuais, o que fazer, o como fazer, e o que não se deve. Tipos e aplicações da madeira e a elaborar qualquer forma de acabamento desde passar um selador até uma pintura com pistola de ar comprimido, ou algo ainda mais elaborado como a pátina. Enfim, saí um profissional. Foi mesmo, sabe por que? Porque no Senai se aprende fazendo, tem teoria também, mas a ênfase é em  saber fazer.

Então, além de psicólogo, de aposentado, agora também era marceneiro. E aí precisava me viabilizar economicamente para tocar adiante as próximas etapas. Para construir o motorhome ia precisar de um espaço considerável, e como eu morava em apartamento, alugar um terreno ou uma casa seria um gasto a mais, e em Porto Alegre as distâncias são grandes e os imóveis caros. Decidi que precisava reduzir meus custos. Também era um desejo morar num lugar de clima mais ameno, com um inverno menos frio, além disso, queria estar mais perto do mar. Um desejo antigo era morar em Camboriú ou Florianópolis, mas, por serem lugares turísticos, e caros, foram descartados. Minha namorada na época tinha uma amiga que morava em Joinville, e essa amiga nos sujeriu conhecermos a cidade. Foi amor a primeira vista. JOI é o mais populoso município de SC, tem quase 500 mil habitantes, com uma economia baseada na indústria metal mecânica. Aqui encontrei uma casa em que cabia uma van ou até mesmo um micro ônibus; com uma edícula onde poderia guardar minhas ferramentas e madeiras e espaço suficiente para manusear chapas de compensado e construir meus móveis. A garagem ficava nos fundos e nela montei a marcenaria. Evidentemente aí o meu automóvel teve de passar a dormir na rua. Mas é por uma boa causa, então…

É assim que estamos. Logo depois do portão está o carro, na frente dele, a camionete, e aí a garagem/marcenaria. O motorhome? Tá quase pronto. Mais algumas semanas e ele vai passear pelas estradas, inicialmente aqui no sul do Brasil, depois… quem sabe?… não descarto nenhuma possivilidade de lugar… e também não me pressiono par TER de ir a este ou aquele ponto no mapa… então, veremos o que acontece.

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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