Mais videiras, mais oliveiras, castelos, fazendas e muito motor-home indo e vindo. Estávamos atravessando uma zona rural produtora de frutas e muito vinho. Muito bonita essa região do sul da França, junto ao Mediterrâneo. Não resistimos e paramos para comprar um vinho artesanal. Antecipando o comentário de quando o degustamos, o resultado foi uma bela porcaria! Acho que o produtor era, por demais, artesanal… hehehe Ou nos vendeu gato por lebre. Lá se foram 6 Euros, pelo ralo. Depois daquela investida do atendente daquela loja. Começamos a desconfiar da pureza dos franceses.
Passamos por muitos vilarejos, alguns antigos, outros mais modernos. Muito charmosos.
O que chamou mesmo a nossa atenção foi a arquitetura. Muito parecida com a nossa. Sejam nossas casas na praia ou na cidade, são muito parecidas. Até mesmo os cemitérios são construídos da mesma forma e modelos. Eles não possuem casarões que demonstram a soberba do dono. Independentemente disto, são todas muito parecidas, não importando essa distinção, como o é aqui no Brasil. Por aqui os mais abastados fazem questão de criarem bairros próprios, com seus casarões.
Seguindo a nossa rota, antes de chegar a Marseille, nossa meta para passar a noite, atravessamos por Montepellier. Neste trajeto, seguindo a rodovia não pedagiada é possível passar ao lado de um forte e cidade medieval, que fica junto a uma salina. Muito curioso. Pois, ele ainda é habitado, ou seja, dentro dos grandes muros estão as casas que já passaram por algumas reformas, mas internamente totalmente ocupado por moradores. Fiquei imaginando a forma em que se vivia naqueles tempos, cidades ladeadas por grandes muralhas restringia muito o tráfego de pessoas e próprio comércio. Sem bem que hoje está pior, temos grades ao redor de nossa própria casa ao invés, apenas, ao redor da cidade. Além disto, haviam muitos barcos moradia, atracados no canal que passa ao largo dessas muralhas. Logicamente, hoje a cidade se expandiu além desses muros, mas mantendo esse monumento integrado ao cotidiano urbano, naturalmente.
Forte/Vila “Aigues-Mortes” (Águas Mortas). Cidade Interna ao forte.
Ao chegarmos à Marseille, já de noite, fomos visitar a Basílica Notre-Dame de la Garde, que fica num monte com vista para toda a cidade. O acesso à igreja estava fechado. Só restou curtir o visual ao entardecer, ficando até a noite. Esta cidade é muito bonita. Apesar de ser portuária, resguarda o ar de um local interessante de se viver. O visual das falésias que circundam essa região é deslumbrante.
Com a fome apertando pensamos em experimentar a pizza desta cidade. Tem a fama de ser a melhor, mesmo comparada à da Itália. Tendo na história, como sendo uma das primeiras cidades a terem o hábito de fazer esse prato, no continente. Encontramos um restaurante próximo ao cais. Visual de cinema. Falando nisto, esta cidade já foi base para alguns filmes, um deles é o “Carga Explosiva III”. Mostra pouca coisa, mas os primeiros momentos deste filme foram rodados por lá. Estávamos sentados com vista para os barcos e para o forte que fica bem próximo dali. Todo iluminado, causando um efeito fantástico. Quanto à pizza, muito boa. Mas, era uma pizza. Nada de tão especial assim. Mesmo insistindo com o pessoal do restaurante, em inglês, não sabiam ou não conheciam a história que lhe contamos a respeito deste prato em relação a sua cidade.
Ficamos curtindo por ali mais algum tempo após o jantar. Retomamos a rotina em busca de um estacionamento. Aqui, o nosso cicerone (GPS), nos pregou uma peça. Nada que manchasse sua conduta excelente em nossa viagem. Como não há uma indicação ao GPS do tipo de veículo, esse quesito não era nunca levado em consideração. Sabíamos e, confrontávamos na prática, do formato e largura das ruas em muitas cidades por onde iríamos passar. Eram, em muitos lugares, ruelas muito estreitas. Mal passava um carro pequeno. Quem dera um motor-home. Como de costume, marcávamos onde estávamos e pedíamos a sugestão ao GPS, de um estacionamento ou camping, próximos daquele local. Respondia-nos prontamente e nós, seguíamos a rumo. Sobe morro, desce morro, vira à direita, vira à esquerda e as coisas iam se apertando para o motor-home. Chegou a um ponto que não havia mais como voltar, somente seguir em frente. Estávamos sob um monte aonde tinham casas muito bonitas e uma vista panorâmica, cinematográfica. Ao passar por uma delas, um morador estava recolhendo o seu lixo, paramos e perguntamos se havia alguma saída. Não sabia falar além do francês… hehehehe Calma, coragem… Vai que dá! Havia um sussurro ao fundo, vindo do banco a minha direita: “… Aonde vai nos levar? Volta, volta…”. Não tinha como voltar. A única coisa a fazer era curtir a paisagem: as casas, os jardins e a estrada estreita por onde seguíamos. Já estávamos com os retrovisores externos recolhidos e assim mesmo, as folhagens existentes roçavam o veículo. Ainda bem que não eram os muros… hehehe Pelo lado positivo, se verificava que andar de motor-home ficava cada vez mais versátil. Estávamos conseguindo fazer peripécias com ele. Apesar da dificuldade, seguíamos as instruções do GPS. Até que… Aleluia irmãos!!! Saímos daquele “brete” e localizamos o estacionamento. Ai, ai… Estava fechado. Puf! Apelamos para os guias de turismo e campings que havíamos recebido da locadora. Apontei as coordenadas no GPS, marquei um novo destino. Este local ficava nos arredores de Marseille, a uns 20 km da onde estávamos. Quando o GPS gritou: “… Você chegou ao seu destino…”. Olhamos a nossa volta e não vimos nada que pudesse parecer com estacionamento ou camping. Ai, ai… Sabe como é… Neste momento, coloca uma marcha lenta e deixa a intuição te levar. Pois, a coisa fica meio estranha mesmo. Ainda mais você num cansaço só… Fomos até um ponto e, na intuição, decidimos voltar. Pegamos uma rua diferente na volta a partir de um entroncamento. E… Pimba! Na mosca! Encontramos o bendito. Escondidinho numa praça repleta de árvores, distante uns 200m do local aonde marcavam as coordenadas. Isto é outra coisa que estávamos começando a aprender.
Deusdeth Waltrick Ramos