Saímos do museu, extasiados! Alguns passos após a saída, nos demos por conta que estávamos na porta da basílica sem a necessidade de voltar ao portão de acesso. Veja só, naquele calor, as meninas estavam de short. Mas, preparadas para a eventualidade de terem que trocar de roupa. Como no museu, que era pago, não se exigia nada quanto à indumentária, passaram despercebidas. E assim continuaram vestidas, até o final. E outras tantas pessoas, também fora daquela exigência, rodavam por lá. Foi falta de bom senso no dia anterior, a atitude daquele guarda. Com isto, nos provocaram a possibilidade de ter conhecido a maravilha que era o museu do Vaticano. Grazie Mille! Queríamos tanto que nossa filha vislumbrasse aquela igreja por dentro e, ficamos mais tempo no museu do que imaginávamos que não nos demos conta do horário para adentrar na cripta, que fica abaixo da própria igreja com entrada junto ao altar mor. Apenas ficamos dando de abanos às pessoas que passavam abaixo, pelos respiros existentes. Valeu assim mesmo. Tudo não dá! Que pena…
Novamente hora de levantar acampamento. O nosso projeto inicial era passar por Assis, San Marino, Pádua, Bologna e Verona. Porém, todos queriam passar mais tempo em Paris. Cortamos esses lugares dos nossos planos e decidimos ir diretamente a Veneza. Já tínhamos cortado tanta coisa mesmo, que optamos por voltar pela rodovia pedagiada, perdendo os encantos do interior e gastando em pedágio. Um desperdício! Mas assim, não correríamos o risco de perder algumas atrações na Suiça, por causa da falta de tempo. E disto eu não queria abrir mão. Saímos rapidinho de Roma e encaramos a estrada até Veneza. Voltamos pela mesma rodovia por um bom tempo, sem grandes variações. Até que chegamos à cidade quase submersa. Conseguimos uma boa sugestão num posto de combustível, para que ficássemos estacionados logo após ter passado a ponte principal de acesso à cidade. O local era pago e sem infra-estrutura. Dá nada… Estávamos de motor-home. Vamos que dá!
O nosso cuidado na Itália era intenso, quanto a assaltos e pequenos roubos. Sempre presente em nossa mente. Não queria mais ter contato com experiências que já tínhamos vivenciado no início da viajem. Até aquele momento as coisas estavam indo muito bem, sem maiores problemas. Ponto para a Itália. Já no estacionamento e, mesmo que, um pouco apreensivos, isto era normal a cada novo local que chegávamos, fomos localizar um ponto de transporte para o centro da cidade. Ou melhor, para a ilha de Murano. Queríamos aproveitar o final de tarde e comprar alguns cristais, deixando o dia seguinte para o centro e Praça de São Marco. Junto ao estacionamento, conseguimos comprar os passes do ônibus municipal, por via fluvial, lógico. O barco fez duas paradas e na última delas tivemos que trocar de embarcação, por que iríamos à ilha de Murano, atendida por outra linha. No trajeto, eu ia observando ao longe uma ilha completamente isolada, mas com edificações diferentes e com certo requinte. Pensei que era Murano, que nada… Era a ilha cemitério… hehehe A desculpa foi por eu estar sem o mapa da região, somente com o GPS, que no barco funcionou bem, apesar de se perder de vez em quando conforme o balanço e direção do barco.
Os cristais que vimos e todas as opções em que eles eram fabricados… Nossa, era um exagero de cores e requinte. Para a nossa tristeza, os preços eram proibitivos. Rapidamente, nos demos conta da invasão chinesa que está havendo por lá. Quem tiver condições e querer encarar um cristal de Murano, pode ter certeza de que é original, bastando ver o preço. Os artigos chineses são uma caricatura dos originais e muito baratos. Bem, como eu já havia comprado uma janela de acrílico para o motor-home e ainda tendo que resolver outras questões de fibra, pendentes e, sendo eu, o maior incentivador de ir a Murano, “baixei a bola” e não quis mais comprar os cristais de lá. Continuamos a passear e se maravilhar com aquilo tudo. E só!
Na volta, fizemos nova troca de barco. Agora queríamos ir ao centro e pelo Grande Canal, para podermos ver a suntuosidade desta cidade. De vez em quando, sentíamos um cheirinho sem vergonha ao navegar, mas nada de mais. Creio que fique mais forte dependendo da época de vazantes. Íamos passeando pela tão falada Veneza e seus canais. Ao longe e bem perto víamos as famosas gôndolas. Pena que nem todos os gondoleiros se davam o respeito de estar vestidos a caráter. Assim, vira “chinelagem” e picaretagem! Péssima impressão! Minha esposa que queria fazer o passeio de gôndola, não via nada disto. Barcos para cima e para baixo naquele grande canal: gôndolas, barcos taxis, barcos ônibus (Vaporeto), lanchas e iates. Vimos até um transatlântico passando mais ao longe, cheinho de mãozinhas dando abano. Imagine duas mil mãozinhas enfileiradas dando tchau… hehehe Uma cena inesquecível. Opa! A coisa começou a se agitar durante o trajeto. Nosso barco (Vaporeto) teve que ceder de um lado para uma manifestação dos comerciários sindicalizados de Veneza, com alto-falantes e pirotecnia típica dessas manifestações. E mais adiante, para um cortejo que seguia o barco dos jovens recém casados. Estes, fazendo a maior festa, enquanto que os outros fazendo a maior manifestação. E nós, ali no meio daquilo tudo, extasiados com as cenas inusitadas ao nosso redor. Só viajando mesmo para ver tanta coisa assim. Trancado em casa, olhando TV não se compara a experiência vivida. Em seguida estávamos passando pela famosa ponte de Rialto. Uma pena também! Como a maioria das casas que ladeavam o grande canal, estava mal cuidada, toda pichada. Não entendíamos como podiam deixar tamanho patrimônio se deteriorar tanto. Claro, não éramos nós que tínhamos que pagar a conta da restauração. Além do que, sabendo que mais cedo ou mais tarde a cidade poderia, realmente, ficar totalmente inundada tornando impraticável a possibilidade de moradia por ali. Uma pena mesmo! Pensando melhor, de certa forma, nós e tantos outros, contribuímos para que se mantenha aquele patrimônio sim, pagamos para estar lá. Isto foi nos desanimando com Veneza. Enfim, desembarcamos no ponto que dá acesso a Praça de São Marco. Local consagrado pelos grandes Dodges – comandantes e nobres daquela época, quando Veneza ainda era independente. Incursionamos por algumas ruelas para que encontrássemos uma máscara típica de lá. Passamos pela Ponte dos Suspiros e decidimos voltar ao motor-home. E pior, sem o desejo de voltar no outro dia. Estávamos de partida para a Suíça.
Deusdeth Waltrick Ramos