Publicidade:
 

Por onde andamos, na Europa, a paisagem, o estilo do povo, construções e a apresentação das coisas no geral mudam repentinamente. Mesmo, tendo andado por poucos quilômetros. Eles fazem questão de manter os seus hábitos e costumes regionais próprios. Dificilmente se mesclam com a cultura vizinha, exceto por alguns detalhes. Percebemos isto claramente quando estávamos chegando a Andorra. Claro que estávamos saindo de uma região baixa e nos aproximando de uma cordilheira, os Pirineus. Por si só, obrigaria a mudança repentina do visual. Mas, no geral, sempre chamava a nossa atenção para esse fato. Esta cordilheira faz quase a total divisa entre a França e Espanha, incluindo Andorra. Ali, onde estávamos chegando, tudo era mais florido, havia mais jardins. As casas apresentavam flores em suas varandas e para-peitos. Muito bonito mesmo! Entramos na cidade-capital Andorra Velha. Ela é um grande “free-shop” a céu aberto, com várias lojas. Além de ser e manter uma bela estação de esqui, também. Aliás, as estações de esqui da Espanha e França, localizadas nos Pirineus merecem a atenção dos amantes deste esporte. Sempre a primeira tarefa ao se chegar a algum lugar de motor-home é achar um local para estacionar o “bichinho”. Pedimos ajuda novamente, uma mãozinha ao GPS, além também de uma guarda de trânsito loura e de olhos azuis, que nos indicaram uma ótima solução. Estacionado o veículo… As mulheres se foram às compras e eu em busca de internet. Chegava a hora de ver como as coisas estavam no escritório. Pura bucha! Combinamos aonde iríamos nos encontrar e nos separamos a partir dali. Encontrei uma internet e um bom pretexto para degustar mais um tipo de cerveja sem álcool. Tive que ir num bar e comprar uma cerveja, para ter direito ao acesso à internet. Valeu à pena. Consegui fazer o que eu necessitava, bebericando a cerveja e vislumbrando uma vista das montanhas ao redor. Esplendoroso! Não fossem os “pepinos” que tive de resolver durante o meu contato com o escritório… Estaria 100% perfeito! Passado algumas horas, o pequeno grupo se encontrou novamente conforme o combinado. Passei meu celular para as moças, tiraram algumas fotos com ele pelos arredores, entraram na internet novamente, aproveitando que estávamos ainda próximo aquele bar. Conversaram com os seus contatos e enviaram as fotos da onde estavam naquele momento. Que coisa! A tecnologia muitas vezes atrapalha e afasta as pessoas, as isola em certos momentos. Mas, neste caso e outros, ela é muito legal e prestativa. Tenho esse conceito mesmo sendo da área de informática. Vale comentar que esse telefone, além de possibilitar tudo isso, permitiu eu acessar computadores à distância para resolver algumas questões. Apenas usando alguns aplicativos específicos para isto, instalados nele. O próprio GPS que usamos durante a viagem, mapas de cidades, descrições de lugares, roteiros, etc. também estavam instalados nesse mesmo Smartfone. A única coisa que esse aparelho celular não fez durante a viagem foi realizar ou receber chamadas. Com um chip de um plano do Brasil instalado nele, o serviço de deslocamento cobrado seria impagável. Além do mais, tínhamos outros recursos para nos comunicar usando a internet via wi-fi. Particularmente o programa do GPS, foi muito prático estar instalado no celular, fácil de carregar. Por muitas vezes usamos ele como orientador de rota para pedestre. Localizávamos rapidinho algum lugar, quando estávamos andando a pé, pelas cidades.
Quando se anda de motor-home, se tem uma liberdade inigualável. Segue, pára e volta quando se quer. A dificuldade, às vezes, é de encontrar um estacionamento, por causa de suas dimensões mais avantajadas do que um carro de passeio normal. As ruas em muitas cidades da Europa são estreitas demais para esse tipo de veículo. Mas, nada que impeça de se chegar ao destino que se deseja, basta tomar cuidado ao passar por elas. Tecnicamente falando, não há proibição alguma ao conduzir motor-home dentro das cidades. É permitido que se estacione como se fosse um veículo pequeno, desde que não acampe, ou seja, que não faça uma das “sessões descarrego” ou abra toldos, cadeiras e mesas não sendo em lugar especial para isto. Se o veículo estiver fechado de forma normal, poderá até dormir por ali mesmo, se quiser. Por lá, motor-home é que nem capim. O seu uso é muito difundido. Vimos muitas lojas de venda desses veículos, de acessórios em geral, muitos campings e estacionamentos específicos para tratar e receber esse pessoal que é usuário. Por toda a Europa, diga-se de passagem. Claro, é uma coisa lógica, o pessoal se aposenta, o valor de um veículo como esses é acessível por lá e, por fim, possuem uma vasta opção de destinos também acessíveis e próximos, independentemente, do país de origem. Você acaba vendo a cada dez veículos numa rodovia, sendo pelo menos três deles motor-homes. Numa situação de visitante de primeira viagem é mais sensato buscar um camping para passar a noite. É melhor, é mais cômodo. Não falo, necessariamente, por questões de segurança, mais pela comodidade quanto ao banheiro e a chance de se relacionar com outras pessoas também. Trocar experiências. Apesar de que o europeu é mais fechado. Não vamos pensando que encontraremos pessoas como nós brasileiros, que dá um pouco de conversa e já estão prontos para fazer uma janta ou festa. São mais recatados. Mas, são campistas afinal, mais maleáveis do que o europeu normal. Antes de qualquer coisa, são sempre educados, às vezes ríspidos para nosso padrão, mas educados. Num camping, poderá usar suas instalações: luz, internet, ducha, banheiro, piscinas, etc. Alguns são, realmente, muito bonitos de alto padrão e outros nem tanto. Todos são limpos, dávamos maior consideração aos banheiros. Pensa que quanto menos usar o seu próprio banheiro, menos fará as “sessões descarrego”, lógico. Mas, o não uso do banheiro do motor-home não pode ser uma coisa proibitiva. Senão, perde a praticidade de se andar ou estar na própria casa. Tem que se levar em consideração o conforto e asseio pessoal, também. Em resumo, manter-se tranqüilo, quando tiver que fazer o deságüe, se faz… Nos campings sempre tem os locais para esvaziar os depósitos de detritos e encher o depósito de água limpa, às vezes eles tem até água potável para isto. Mas, siga consumindo para beber a água mineral comprada. Ou melhor, beba só produto nacional para dar um apoio aos locais: vinhos espanhóis, franceses, italianos e/ou alemães. Não se esquece de experimentar as cervejas também, inclusive as que possuem sucos de frutas em sua composição. São produtos baratos e bons. Claro! hehehe
Outra opção de estacionar o motor-home para passar a noite é você parar nos locais de descanso que existem em todas as estradas. É o local aonde param os caminhoneiros. Não existem postos de combustíveis imensos com uma estrutura absurda, como aqui no Brasil. Mas, também se encontra estacionamento junto aos postos de combustíveis. Como tudo na vida, se pagar, terá melhor serviço, ou seja, se estiver na autopista esses locais são melhores equipados. Possuem banheiros, para tomar banho, inclusive. Além de mesas para se fazer refeições. Também têm estrutura para atender o motor-home, com local para a descarga dos detritos. Sempre que visualizar nas placas o desenho do motor-home tipo RV com um triângulo (seta) apontado para baixo, significa que ali se aceita estacionar motor-home e que possui estrutura para deságüe.
A forma de estruturar como se farão essas paradas vai muito de encontro de como está sua programação para a viagem, no geral. Se tiver bastante tempo, acho uma boa curtir o local que se visita e a estrutura de um camping, próximo a ele. Alguns campings são um verdadeiro SPA, com piscina, sauna, lagos e muito arborizados. Se não tem muito tempo, como no nosso caso, tem que pensar em ser eficiente e economizar, mas sempre mantendo a qualidade do pouso. Às vezes optávamos por um camping por causa da internet e às vezes usávamos a criatividade… Entrávamos na autopista, encontrávamos logo adiante um local para estacionamento, que poderia estar junto ao posto de combustível ou não. Nesses casos, usávamos a estrutura do próprio motor-home. Como sempre, fazíamos uma bela janta regada a vinho, cerveja e maravilhosos queijos. Tomávamos banho e dormíamos numa boa. No outro dia, cumpria-se a rotina do motor-home nas sessões obrigatórias, que não levava mais do que 15 minutos. Às vezes ficava difícil, nesses lugares, o abastecimento com água. Quando ela estava à disposição, raramente, poderia ser cobrada. Dependeria do estabelecimento ou local em questão. Se houvesse essa cobrança, tantávamos abastecer o veículo de combustível e verificávamos se próximo à bomba existia uma mangueira de água “dando sopa” por ali. Pedíamos licença e enchíamos o reservatório de água. Quando íamos pagar pelo combustível, passávamos na lojinha para repor os sucos, água mineral e “besterinhas” para se comer durante a viagem. Terminado isto, seguíamos por mais uns quilômetros até achar a próxima cancela, pagávamos o pedágio proporcional e voltávamos para as rodovias não pedagiadas. Nunca iria se gastar neste pedágio o que gastaríamos num camping, para somente passar a noite. Nessa operação nunca se gastou mais do que2 Euros. Foi sempre uma boa opção. Às vezes não havia outra…hehehe Por mais campings que existam na Europa com variados preços, eles tem hora para fechar e receber novos visitantes. Se passar desse horário ou dorme do lado de fora ou procura outra solução. Isto ocorreu muitas vezes conosco. Aproveitávamos até o último suspiro do dia…hehehe Dá nada… Vai que dá!
Aqui vale alguns comentários a respeito dos postos de combustíveis, quanto ao abastecimento pela Europa. Raramente, você encontra alguém para te atender, seja no abastecimento propriamente dito ou para cobrar a fatura. Na saída de Madri ainda havia sido auxiliado por um atendente, mas não percebi que a coisa era do jeito “você mesmo que se selvice”. Na Espanha as coisas são ligeiramente próximas ao nosso costume, mas são europeus. Na primeira vez que me deparei à situação de não haver ninguém por perto para me auxiliar, deu um friozinho na barriga. Ai, ai… Lá vou eu sofrer como da outra vez lá no pedágio… Mais um mico a ser pago. Dá nada… Vai que dá! Olhei ao redor mais uma vez para ver se não havia, realmente, alguém para me ajudar. Nada, nenhuma alma. Bem, fui por comparação: maquina de pedágio, bilheteria do metrô… Humm… Fui olhar a máquina mais de perto. Na máquina, primeiro se paga e depois abastece. Podia pagar com cartão de débito ou com notas de euro. Para certas situações eu levei um cartão de débito daqui do Brasil da bandeira Visa. Nele você deposita (carrega) certo valor em Euros e usa na viagem normalmente, diferente do cartão de crédito. Consegue-se ele facilmente numa agência de viagem e é bem aceito pelos estabelecimentos. Nessas máquinas dependendo do país, às vezes conseguia pagar com esse cartão, mas às vezes tinha que pagar com dinheiro mesmo. Satisfeito a exigência da máquina, me dirigi até a bomba e abasteci o veículo com o valor previamente pago. Vale lembrar que nesses postos o combustível era mais barato do que os que tinham alguém para receber o pagamento. Sim, porque não ajudam no abastecimento e nem na limpeza de pára-brisa ou outro serviço de que estamos acostumados a receber em postos de combustíveis aqui no Brasil. É “você que se selvice mesmo”… hehehe
Pois é, ainda não havíamos encontrado um lugar para dormir em Andorra. Além do GPS, também tínhamos uns guias de turismo e locais de campings na Europa, que recebemos da empresa que nos locou o motor-home. Pegamos algumas coordenadas e fomos à busca. Olhávamos no guia se o camping era pago ou não e se tinha os locais para descarte dos detritos, além da proximidade da onde estávamos no momento. Testamos uns dois e não gostamos. Claro que durante as idas e vindas estávamos passeando pela cidade e região, também era turismo. Mas, começamos a ficar cansados e com fome. Apelamos para a nossa “Lady”, para ver as suas sugestões. Levou-nos para um estacionamento, no alto de um morro. Em Andorra Velha é só morro mesmo…hehehe Estava com poucos veículos estacionados e tudo num enorme silencio. Sem vigia, somente alguns paquímetros espalhados. Bah! Dá nada… Vamos ver se é que dá! Estacionamos e os paquímetros não queriam me dar bola. Pensei e deixei assim, para resolver na amanhã seguinte. Se aparecesse alguém eu pagaria a ele, então. Estabelecidos no local, com uma vista do alto e parcial da cidade. Ali mesmo fizemos nossa primeira e gostosa janta no motor-home. Beleza! Banho tomado e satisfeitos fomos dormir. Naquele friozinho das montanhas, quase tivemos que ligar a calefação. Mas, o calor humano falou mais forte, “bombado” pela exalação da cerveja que tomamos no acompanhamento à ceia. “Bien cedito, no mas…” fui para o descarte e rotina básica do veículo. Olhei, olhei, conversei com alguns motoqueiros que chegaram para estacionar os carros e iniciarem suas trilhas de moto a partir dali. Perguntei sobre o pagamento do estacionamento e responderam que ele é cobrado de fato, somente durante a época de esqui. Bah, beleza! Sai dali e fui a um posto de combustível abastecer o veículo, novamente. Em Andorra, tudo era sem imposto, inclusive o diesel. Procurei um posto que me fornecesse água também, para o depósito. Segui na peregrinação até encontrar um que fornecesse água também.
Rapidamente localizei um estabelecimento que tinha de tudo. Quando fui pagar a fatura, deparei no caixa com uma grata surpresa, o pessoal falava português. Nesta altura eu já falava quase todos os idiomas com os meus braços e mãos. Só no aceno…hehehe Quase fiz o mesmo para me entenderem em português…hehehe Força do hábito. Resultado da imersão cultural intensiva…hehehe Eu havia lido que existiam algumas colônias de portugueses espalhados pela Europa, a exemplo, Andorra e até mesmo na Suíça. Mas, na hora me passou batido até eu ouvir o som da nossa língua, estando naquele local. O curioso é que o cliente era português de Portugal e a atendente era uma brasileira. A atendente quando nos reconheceu sendo brasileiros ficou muito animada e saudosa de sua terra natal. Conversamos, em pouco tempo a moça contou-nos a sua vida e o porquê estava vivendo ali, aonde já tinha família constituída, inclusive. Deu-nos uns brindes do patrocinador do posto de combustível, nos despedimos dela e voltamos ao carro para seguir viagem. Quando ao lado do motor-home, estava parado um carro todo enfeitado para casamento, era um Rolls Royce de um hotel chic da cidade. Valeu a foto. Partimos.
Antes de abandonar Andorra Velha, ficamos rodando mais um pouco pelas suas ruas e morros, para apreciar o capricho e cuidado com os jardins, casas e hotéis. Durante esse passeio de despedida decidimos que iríamos atravessar os Pirineus até França e de lá iríamos seguir para Barcelona, destino já planejado anteriormente. Para isto, tínhamos que pagar pedágio. Este, já na entrada. Pois, havia um túnel que justificava a cobrança. Olha, a estrada valeu os 11 Euros que pagamos. Montanha por todo o lado e a estrada serpenteava durante a descida. Muito bonito mesmo. Já estávamos nos preparando para conhecer os Alpes, através desta visão. Foi uma prévia. Nem nos incomodaram os minutos perdidos num engarrafamento durante parte da descida, formada logo antes da aduana da saída de Andorra, por conta do cenário que enchia nossos olhos. Quando chegou nossa vez de passar pela aduana deu aquele pavor que se sente nesses casos. Talvez, justificado pela arrogância de nossos policias, pelo uso da farda. Houve o engarrafamento, porque o pessoal diminuía muito a velocidade para apenas passar diante dos policiais, nada de mais. Claro, que tinham alguns veículos com a bagagem aberta, sendo vistoriada, pois, todos estavam saindo de uma zona franca, além de estar entrando noutro país. No mais, sem problema algum. Nós com placas da Espanha e bandeirinha do Brasil na dianteira. Os policiais sérios, mas com postura ao nível de sua posição, nada mais. Comportamento exemplar e digno. Na pista de sentido contrário, também havia fila. Mas, esta porque, na França era feriado e o pessoal veio fazer umas comprinhas no final de semana, em Andorra.

 Deusdeth Waltrick Ramos

Publicidade:
Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!