Para quem é caravanista sabe que o processo de proibição para trailers e motor homes nos municípios brasileiros vem crescendo. Há dez anos eram pouquíssimas as cidades que faziam restrições a veículos de recreação em suas áreas públicas, mas este fenômeno vem crescendo a cada dia. Muitos municípios já estão em planos ou até mesmo em processos de votação de leis municipais para proibições e restrições tanto de estacionamento quanto de circulação.
Histórico: Bem no início, os grandes motivos para restringir veículos de recreação vinham a reboque das restrições a Ônibus e Caminhões. Algumas cidades não os citavam na lei, mas consideravam assim os motor homes. Outras, baseando-se no código de trânsito onde se definem os veículos pesados, acabavam incluindo os recreativos. Depois já começaram as restrições mais específicas. Ilhabela foi uma das primeiras, onde ainda hoje fica difícil de saber a origem da inclusão. Guarujá segue esta linha também e ambas podem aplicar multas que podem variar de R$ 7.000,00 a mais de R$ 10.000,00. Logo depois começaram as proibições principalmente em orlas de praias, onde as vagas mais disputadas eram ocupadas por motor homes por dias, muitas vezes extrapolando sua projeção para uso de toldos e calçadas. Logo vieram as cidades turísticas de interior, incomodadas com os mesmos movimentos, geralmente nas regiões centrais e mais disputadas por carros, público e comércio.
Cenário Atual: Além de surgirem sempre novos municípios proibindo ou votando projetos de lei, a cultura de se “acampar” na rua a bordo de veículos de recreação cresce exponencialmente. O resultado do mau uso dos espaços públicos desperta o incômodo da população, turistas e comerciantes fixos ou itinerantes que denunciam e pressionam seus vereadores a tomarem providencias. As administrações por sua vez, sem qualquer conhecimento do mercado e não procurando instituições de conhecimento (como nós do MaCamp) capazes de assessorá-los, criam leis e regras que levam a um resultado bem distante do ideal, criando a rejeição por parte do público caravanista (que cresce amplamente) e perdendo receitas e circulações importantes no local.
A Posição do MaCamp: Muito se tem comentado sobre o posicionamento do MaCamp diante da pauta. Quem nos acompanha sabe que a instituição foi a primeira a enxergar o processo de crescimento de uma modalidade que busca baixo custo e de ficar na rua. Absolutamente nada contra, também esta modalidade deve ser encarada como um “estacionamento” puro e simples. Porém o rito de se “acampar” nas vias públicas tornou o ambiente incômodo para quem estava em volta, gerando reações nas quais pautam este artigo. Iniciamos uma campanha forte de “regras de boas práticas nas vias públicas” ainda na Expo Motorhome de 2022, mas já em 2021 ministrávamos palestras que direcionavam municípios a regrarem seus espaços públicos direcionando as boas práticas sem que se buscasse a proibição da modalidade do caravanismo. Há quem julgue que não se deve misturar “campistas caravanistas” dos ditos “viajantes 0800”, o que pode ter fundamento. Porém, aos olhos dos leigos e dos legisladores locais, não há diferenciação para todos os que utilizam veículos como habitação itinerante ou até fixa. O MaCamp defende e fomenta: #naruaestaciononaoacampo .
QUAIS OS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVAM OS MUNICÍPIOS ÀS PROIBIÇÕES?
1- ESTACIONAMENTO PROLONGADO: Muitos dias seguidos estacionado no mesmo local e vaga, muitas vezes configurando moradia. Aconselhamos no caso de ficar muitos dias na localidade, variar as vagas e locais de estacionamento a cada noite. Moradia nunca. Neste caso, procure um terreno particular e arque com os custos de sua morada.
2- ACAMPAMENTO: Muitos caravanistas, além de estacionarem seus RV’s em locais públicos, montam verdadeiros acampamentos do lado de fora, abrindo toldo, distribuindo cadeiras, mesas, churrasqueiras e até mesmo varais. Aconselhamos restringir-se apenas ao simples estacionamento do veículo, fazendo seu uso interno e buscando evitar ao máximo a percepção de que o mesmo está em uso como abrigo. Não use área externa. Se quiser colocar uma cadeira para sentar-se lá fora, distancie-se do RV, buscando locais agradáveis.
3- “GATOS” NA LUZ E ÁGUA: Cada vez mais comuns os usos indevidos de tomadas e torneiras em áreas públicas, geralmente destinadas a usos administrativos a ou a eventos e comércios regulamentados. Tal uso sem permissão leva a rejeição por parte da população local que, ainda arca com tal prejuízo. Aconselhamos primar por sua real autonomia e, mesmo quando outros RV’s estão utilizando água e luz, busque saber se aquilo é realmente autorizado. Caso contrário, policie seus colegas.
4- ESCOLHA DE LOCAIS MAIS PRIVILEGIADOS: É comum que caravanistas escolham os locais de maior disputa ou procura por parte do turismo local, geralmente em áreas centrais ou orlas de praias ou rios. Com usos que extrapolam o simples estacionamento, criam a rejeição dos comerciantes, turistas e moradores levando a denuncias. Aconselhamos que, ao passar mais dias na mesma cidade, pernoite em diferentes pontos, aproveitando inclusive experiências diversas. Não ocupe vagas que um veículo grande possa alterar a paisagem buscada ou atrapalhar o andamento do local. Seja discreto.
5- DEJETOS E REJEITOS: A comum pouca capacidade de reservação de água servida, leva à necessidade de despejá-la no solo. Porém muitos caravanistas não tomam cuidados para que estas águas não interfiram no ambiente urbano. Aconselhamos escolher uma vaga que haja possibilidade de lançamento da mesma, em locais ajardinados, drenados ou com saídas para esgotos que não formem um rastro de rejeito. A população em geral não sabe que se trata de uma água servida e não esgoto sanitário. Já os “detritos” ou chamadas “águas negras”, devem jamais serem lançadas no local, devendo ser posteriormente descarregadas em esgotos corretos.
6- FALTA DE EMPATIA: Acontece as vezes de alguns caravanistas se apresentarem com antipatia e desprezo pela população em volta. Ou então “se achando” o “último biscoito do pacote” por estar a bordo de sua majestosa casa sobre rodas. Aconselhamos serem solícitos, a perguntarem se aquele estacionamento pode atrapalhar alguém, dar preferência aos comerciantes e turistas e principalmente buscar a discrição.
7- DESCONHECIMENTO DO PODER PÚBLICO: Além dos setores públicos não dominarem bem o mercado de campismo e caravanismo, os próprios órgãos de turismo desconhecem o seu potencial. Antigamente mais, mas muitas vezes algumas proibições abrangem os RV’s simplesmente a reboque dos Ônibus de excursão e veículos de carga. Quando focado no caravanismo, tal desconhecimento leva a iniciativas errôneas que trazem prejuízos a todos. Isto se demonstra tanto na pura proibição aos RV’s, como também na pura criação de um estacionamento ou ponto de apoio público estruturado sem que antes se desenvolva uma análise da realidade de receptivo turístico daquele município para posterior projeto de implantação. Aconselhamos que as cidades procurem órgãos que possam elucidar questões, especialmente após um estudo do perfil turístico da localidade. Neste ponto, o MaCamp está sempre a disposição.
CAMPANHA MaCamp #naruaestaciononaoacampo
Denuncie as más práticas de outros caravanistas, postando no instagram as suas fotos com a hashtag: #naruaestaciononaoacampo
Há alguns anos atrás o MaCamp, detectando o aumento da cultura de acampamento em locais públicos, lançou a campanha “Na Rua Estaciono, Não Acampo!” Desenvolvemos uma lista de boas práticas que certamente evitarão que nasça rejeição do público pelos caravanistas.