?Como Estão as BR`s 116 e 101 de São Paulo até o Extremo Sul do Brasil
Publicidade:
 

Como todos sabem, além de serem as maiores rodovias do país, as conhecidas BR-116 e BR 101 também figuram entre as mais importantes e famosas estradas brasileiras. Seus mais de 11 mil quilômetros de extensão ligam desde a Região Sul do país, cortando o sudeste e percorrendo o nordeste até o Ceará.

A Expedição Farroupilha MaCamp percorreu, desde São Paulo até a divisa com o Uruguai, toda a extensão da BR-116 e quase toda a BR-101 e conta o que encontrou.

Publicidade:

As rodovias BR-116 e BR-101 foram criadas para cortar o Brasil de Norte a Sul na grande faixa que se estende por inúmeras Capitais na linha do atlântico e que passa pelas regiões mais ricas, populosas e de distribuição turística do país. A BR-101 tem a missão de perfazer o circuito beirando o litoral e tem alguns trechos que é interrompida (não existe) ou leva outras siglas ou designações. Já a BR-116 corta a extensão pelo “interior” desde a divisa com o Uruguai (Jaguarão-RS) até a Capital Cearense Fortaleza.

Historicamente já são muitas as diferentes condições de configuração e também de estado de conservação delas. O MaCamp percorreu grande parte desde São Paulo até o Extremo Sul do Brasil e atualiza esta realidade.

BR-116

A rodovia foi percorrida inteiramente por nossa equipe desde a Capital de São Paulo até a divisa com o Uruguai. O primeiro trecho que compreende a ligação entre São Paulo-SP até Curitiba-PR é chamada de “Rodovia Regis Bittencourt” e sempre foi conhecida como “Rodovia da Morte”. Não por acaso. A estrada que era em sua maioria de pista simples até a década de 1990 colecionava acidentes e mortes praticamente todos os dias. Suas curvas mal traçadas e asfalto precário aumentavam as chances de acidentes. Já existiu no km 335, em Juquitiba-SP, uma Vila de setenta moradores que se sustentavam das cargas tombadas oriundas dos acidentes de uma curva. Não, não se tratavam de abutres saqueadores de carga. Os alimentos, produtos e até carregamentos de eletrodomésticos eram resgatados no fundo de um abismo onde sequer as transportadoras ou fabricantes se arriscavam ou se interessavam em recuperar. O antigo “Bairro dos Desenganados” perdeu tal sustento quando a rodovia ali foi duplicada. Porém o trecho que liga as duas Capitais ainda amarga dois fragmentos em “pista simples”.

Trecho São Paulo-SP – Curitiba-PR (379km)

A temerosa Serra do Cafezal ainda possui seus 13 quilômetros em pista simples enquanto aguarda a tão esperada segunda pista que será traçada em sua maioria por túneis. A demora da duplicação deste trecho se deu muito pelas infindáveis licenças ambientais. Não devemos esquecer que a região abriga uma das maiores áreas ainda preservadas da mata atlântica brasileira onde muitos animais ameaçados de extinção têm neste ecossistema e região como seu último reduto e morada. Enquanto aguarda a conclusão da segunda pista, a atual que serve às duas mãos está com o asfalto cansado e perigoso. São três pistas sem acostamento. Duas estão a serviço da subida (sentido São Paulo) e uma única à descida (sentido Curitiba). É neste que se amargam grades congestionamentos em situações de horários ou dias de pico ou em casos de acidentes. Outro trecho onde a pista fica simples de novo é no Estado do Paraná. O Estado que já contava com todas as pistas duplicadas há mais de 15 anos amarga uma verdadeira novela sem fim no trecho dos pontilhões da Barragem do Capivari. Em Janeiro de 2005 uma parte da ponte que segue no sentido a São Paulo desabou matando um motorista. Demorou mais de um ano para ser refeita a obra de quase R$ 30 milhões cujo desastre fora creditado a causas naturais. Mas no mesmo ano de 2006 já foi constatado novo deslocamento de um pilar da ponte que teria sido construída sobre uma falha geológica e novamente foi interditada para a construção de uma nova ponte agora estaiada. Em pleno 2015, sem previsões, ambos os sentidos seguem em pista simples pela outra ponte igualmente com asfalto desgastado.

A conhecida “rodovia da Morte” foi concedida à concessionária AUTOPISTA que começou as cobranças de pedágio, mas ainda após anos oferece uma estrada em condições muito piores do que deveriam. Além dos trechos críticos citados, diversos outros se encontram com asfalto esburacado e com ondulações graves e degraus em juntas de dilatação de pontes. Muitos desses trechos ruins se apresentam a poucos metros das praças de pedágios. São seis praças ao todo no trecho entre Capitais. Também há muitos abismos sem proteção e áreas com acostamento problemático. A rodovia “da morte” ainda apresenta muitos acidentes e requer que o motorista redobre a atenção em toda a sua extensão. Outros trechos estão em ótimas condições e bem servidas de postos de combustível e apoios ao motorista.

Ao final deste trecho, já em Curitiba, a boa notícia é que se pode contar com um anel viário que circunda a Capital, evitando que se adentre à mesma caso o destino seja a continuação da própria 116 ou outras Rodovias, como a BR-101 (litoral). Caso se siga em frente até o Centro, irá encontrar atualmente muitas obras de alargamento e construção de passagens de retorno subterâneo dentro de Curitiba e região metropolitana.


BR-116: Pista dupla se transforma em simples na Barragem do Capivari

Trecho Curitiba – Porto Alegre (731km)

Apesar de atravessar Santa Catarina, não passa pela Capital. Este trecho da 116 já se faz em pistas simples, com pouquíssimas extensões duplicadas (somente próximo às capitais mesmo). Apesar disso a via é boa. Há pedágios no Estado do Paraná e Santa Catarina e não encontramos pedágios abertos no Estado do RS em nossa passagem, onde também o asfalto de configura pior. Realmente para quem vai de Curitiba até o norte do RS, é muito importante avaliar se vale mesmo a pena ir pela BR-101 só por ser duplicada. A 116 apesar de pista simples se mostra bem eficiente se não houver acidentes.


BR-116: Trecho do Paraná ao Sul de Curitiba

A paisagem é animadora e o trecho catarinense é o de melhor pavimentação. Já o início do trecho gaúcho traz pontes, rios, serras e paisagens exuberantes. Nossa passagem pelo RS foi em período noturno, onde não pudemos contar com tal panorama. Chegando na região metropolitana, mais precisamente após Estância Velha, a pista se torna duplicada até a Capital. Em Porto Alegre pode-se encarar como “arco metropolitano” a BR-448 para evitar o trânsito da 116. A “Rodovia do Parque” é chamada assim por circundar o Parque de Exposições Assis Brasil em Esteio-RS. Foi inaugurada no final de 2014.


BR-116: Trecho de Santa Catarina


BR-116: Trecho norte do Rio Grande do Sul.

Trecho Porto Alegre – Jaguarão (388km)

Este trecho liga a Capital Sul Riograndense até a divisa com o Uruguai. A primeira metade perfaz a rota Farroupilha, onde corre em paralelo com a Lagoa dos Patos até Pelotas. Todo este segmento está em processo de duplicação. Algumas extensões já estão com asfalto pronto, mas sem uso ou ligação. Outros segmentos sequer desmatados estão e muitas pontes precisarão ser feitas e morros recortados. Presumimos que esta duplicação ainda demora. O asfalto até se encontra em boas condições, porém com muitas ondulações. Se por um lado as longas extensões planas e retas convidam a acelerar, estas ondulações forçam a baixar a velocidade.


BR-116: Trecho de Porto Alegre a Pelotas em lenta Duplicação. Pista ondulada.

De pelotas até Jaguarão a pista é simples em uma estrada velha com asfalto satisfatório com trechos de alguns buracos e ondulações. Sem sinais de duplicação.


BR-116: Trecho entre Pelotas e Jaguarão. Muitos remendos. Nem sinal de duplicação.


Fronteira de Jaguarão (Brasil) com Rio Branco (Uruguai)

BR-101

Uma grande parte da BR-101, desde São Paulo até o sul do Rio Grande do Sul, foi percorrida pela Equipe MaCamp no meio deste ano de 2015 durante a Expedição Farroupilha Acampando. A estrada que corta o Brasil pelo litoral possui interrupções em seu traçado. No pedaço que citamos acima, as duas partes que inexistem são o trecho entre Santos e Curitiba e o extremo Sul do Brasil, que vai de Rio Grande até a divisa com o Uruguai no Chuí-RS. Entre Santos e Curitiba, ainda há um trecho de estrada estadual que segue pela faixa litorânea desde Santos até Registro caindo na BR-116. A Rodovia SP-055, Padre Manoel da Nóbrega ainda passa pelos municípios de Praia Grande-SP, Mongaguá-SP, Itanhaém-SP e Peruíbe-SP e até pode ser considerada um traçado pertencente à idéia da 101. De Registro até Curitiba não existem mais rodovias que percorram a linha do litoral. O trecho compreende a Mata da Juréia, Iguape-SP, Ilha Comprida-SP, Cananéia-SP, Ilha do Cardoso-SP, Superaguí-PR, Guaraqueçaba-PR e demais cidades da região de Paranaguá-PR. O último trecho meridional do país também não conta com a BR-101. A única Estrada que faz o traçado litorâneo é a BR-471 que sai de Rio Grande-RS e vai até o Chuí-RS, passando pela Estação Ecológica do Taim, onde corre no último trecho entre a Lagoa das Mangueiras e Lagoa Mirim. Esta última referida se dá por uma pista simples que se estende pelos Pampas gaúchos completamente plana e reta até o fim. O Asfalto é bom. A paisagem é ainda mais exuberante atravessando o banhado do Taim. Muitas capivaras podem ser avistadas. Com atenção e sorte ainda é possível avistar jacarés, lobos guarás e outros animais.

Trecho Curitiba-PR – Osório-RS (660km)

Este trecho se encontra completamente duplicado e pedagiado. As condições do asfalto é boa e exatamente durante nossa expedição, deu-se a notícia que o último trecho que faltava foi concluído através da Ponte Estaiada de Laguna. Este trecho da BR-101 foi o primeiro a ser duplicado e concluído diante da imensa demanda de tráfego principalmente nas férias de verão onde as praias ficam lotadas de turistas nacionais e sulamericanos.


BR-101: De Curitiba-PR até Osório tudo duplicado.

Trecho Osório-RS – Rio Grande-RS (327km)

Na realidade a BR-101 acaba mesmo no Município Vizinho São José do Norte, sendo ligada ao Rio Grande pela Balsa que atravessa o canal de ligação da Lagoa dos Patos ao Mar. Desde Osório a 101 é completamente em “pista simples” sem qualquer intenção de duplicação. No último trecho que compreende entre Mostardas até São José do Norte a BR-101 era conhecida até um passado recente como “Estrada do Inferno”, sendo completamente de terra e muito precária. O nível de rejeição ao trecho era tão grande que até hoje muitas pessoas desconhecem que ele já está asfaltado. Curiosamente o segmento citado está com asfalto completamente perfeito por ser novo, apesar do traçado possuir muitas ondulações. Já o trecho que já era asfaltado há décadas, de Mostardas até Palmares do Sul foi esquecido e possui enormes crateras que demandam atenção velocidade reduzida. Não há pedágios em toda a extensão. Este trecho precário faz com que muitas pessoas da região do Rio Grande-RS prefiram utilizar a BR-116 com destino a Porto Alegre ou Litoral, juntamente pela Balsa que liga a São José do Norte que perfaz a travessia em pouquíssimos horários diários e com preço muito alto.


BR-101: A Antiga “estrada do inferno” de Rio Grande até Mostardas está nova.


BR-101: Trecho da Lagoa do Peixe


BR-101: De Mostardas até Palmares do Sul está tudo esburacado.

Agradando ou não, as famosas BR-101 e BR-116 são para a maioria dos Brasileiros um caminho necessário. Principalmente para quem deseja conhecer o litoral do país ou os principais destinos turísticos do Sul, Sudeste e Nordeste. É sempre bom consultar guias atualizados, mapas digitais e notícias locais para ficar por dentro da realidade destes caminhos. Atenção, cautela e muito boa viagem…

Marcos Pivari


Publicidade:
Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

2 COMENTÁRIOS

  1. As BR-116 e BR-101 são o elo de ligação entre os povos do Norte e Sul do Brasil; levando o progresso e transportando riquezas através dos nossos destemidos caminhoneiros. Qualquer Brasileiro que queira saber um pouco mais sobre o Brasil deve ao menos uma vez na vida se aventurar nestas BR´S para saber dar valor ao nosso país e conhecer a diversidade da cultura, culinária, costumes diversos sem esquecer das inovações tecnológicas das regiões desenvolvidas e a sabedoria dos povos ribeirinhos. Esse comentário posso fazer porque fiz o percurso de carro de Assú-RN até o Jaguarão pela BR-116 e voltando até Pelotas entrando na BR-471 indo até ao Chuy no Uruguai e Voltando pelo Litoral na BR-101 até Natal-RN.

  2. Olá pessoal, fiz o trecho Curitiba/Novo Hamburgo recentemente três vezes, de junho a agosto de 2016, seguindo pela BR 376 até a divisa Paraná/Santa Catarina e dali pela BR 101 até Osório, e então pela Freeway, como os gaúchos chamam a BR 290. Tudo muito bem sinalizado e bem conservado, exceto no trecho que é administrado pelo DNIT, de Palhoça a Osório, que já começa a apresentar sinais da péssima gestão pública em nosso país, apesar de ser relativamente novo. Além disso, nesse trecho há radares que são verdadeiras armadilhas para os condutores, pois ficam ocultos, contrariando o que tem sido o entendimento dos Tribunais, em evidente desvio de finalidade, dando prioridade à arrecadação, em detrimento da redução da velocidade. Em compensação, onde a administração é privada, todos os radares são perfeitamente sinalizados com antecedência suficiente, além de haver placa no próprio radar. Apesar do DNIT é uma vigem tranquila e segura em sua maior parte. Merecem maior atenção os trechos de Itajaí, Balneário Camboriú e a região metropolitana de Florianópolis, pelo tráfego muito intenso.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!