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Confira abaixo a excepcional matéria de campismo que aborda motor homes, estilo de vida campista, história da Karmann Ghia e as hilárias histórias da família Tardelli. Jornal Rouge Ramos – São Bernardo do Campo-SP.

O grande barato de viajar não é ter muito dinheiro. É ter pouco e curtir a viagem com o pouco que tem.” A frase mais parece o lema de um aventureiro que sai com a mochila nas  costas e se embrenha mata adentro. Mas não é exatamente o caso do técnico eletrônico Pedro Paulo Tardelli, 58. Ele e sua esposa, a dona-de-casa Sueli Pires Tardelli, já acamparam  no Brasil inteiro com um veículo pouco usual: o motorhome, espécie de casa sobre rodas. Automóveis que melhor simulam a paixão pelo acampamento, ou campismo, sobre quatro  rodas, os motorhomes foram popularizados pela Karmann-Ghia do Brasil, cuja fábrica está  em São Bernardo desde 1960. Proprietário de um Karmann da marca Safari, ano 1986,  Tardelli já acampou com ele do Rio Grande do Sul à Paraíba.

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O campista é morador de São  Bernardo há sete anos e cuida de sua “casa de lata” como se fosse um filho. “É o meu  brinquedo preferido.” O motorhome pode não ter o conforto de uma viagem de avião ou  ônibus, mas se apresenta como um veículo perfeito para quem gosta de acampar, além de  ser autossustentável: são duas baterias que duram de quatro a cinco horas, uma para o  carro e outra para a casa, e mais de 60 litros de água potável em dois tanques embutidos no  eículo. O administrador de empresas Marcelo Campos também tem  um Karmann-Ghia    Safari do ano de 1986. Para ele, o motorhome é muito mais do que um carro. “Ele é o meu   passaporte. Com ele estou com minha família, meus amigos e, pela janelinha da casa,   posso estar em qualquer lugar”, afirmou Campos, outro que se aventura com a     família e o motorhome Brasil adentro. Ele está fazendo orçamento para uma revisão mecânica em sua “casa”, que lhe custará cerca de R$3.000. O administrador está dando  uma recauchutada em seu carro-casa para comparecer àquele que é o evento mais  importante do ano para quem é “safarista”, ou seja, tem um motorhome Karmann-Ghia  Safari: o 9º Encontro Nacional de Safaris acontecerá em Florianópolis, entre 3 e 6 de junho,   e promete juntar centenas de motorhomes vindos de todas as partes do país.  Viver como  um caramujo e ter a casa nas costas exige alto custo, mas de nada valeria se não fosse pelo prazer de acampar. “O motorhome não existiria se não fosse a paixão pela barraca, o  acampamento em si”, afirma Tardelli. “Você tem que ser campista para entender o que é um motorhome.” E entender isso passa necessariamente pela vivência em campings e entre  outros campistas.

A família Camping

2Todas as cidades onde Tardelli acampou com o motorhome, não por acaso, tinham e ainda têm algo  em comum: a presença de uma unidade do CCB (Camping Clube Brasil).  Referência quando o assunto é campismo, o CCB oferece uma rede de acampamentos com estrutura adequada para receber trailers, motorhomes e aventureiros em geral. O sócio de  um de seus acampamentos tem livre acesso às demais sedes conveniadas em todo o país. O preço varia de camping para camping. No Clube dos 500, em Guaratinguetá (SP), no Vale  do Paraíba, por exemplo, o valor do pernoite por associado é de R$6,60 e, para seus convidados, R$13,20. Convidados desacompanhados pagam R$19,80. Somado a isso, existe o valor chamado pernoite por equipamento, a partir de R$1,45 dependendo do tamanho da barraca, trailer ou motorhome. Assim como Tardelli, o aposentado Dermeval Piccirilli, 64, também já passou muitas temporadas em sedes do CCB. Seus principais destinos incluíam o Clube dos 500 e Maranduba, praia de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Dermeval é morador de Santo André e deixava seu antigo trailer no camping para passar a temporada. “Todos os campistas se uniam tanto que se formava uma família entre nós”, contou. “No fim do ano, costumava-se realizar um almoço de confraternização. Não importava se a pessoa tinha um motorhome enorme da Mercedes ou apenas um trailer de um eixo só. Ali, todo mundo era igual”, afirmou o ex-metalúrgico da Volskwagen, cujo trailer também era um Karmann-Ghia, modelo 450, do ano de 1989. Pé na Estrada Com pouco mais de quatro mil habitantes, Santa Cruz da Conceição, próximo a Limeira carregada pelo alternador, quando o carro está ligado. A iluminação interna e externa e equipamentos como bomba d’água e geladeira são recarregados quando a bateria do trailer é conectada a uma rede externa de luz. “Ambas duram em torno de 4 a 5 horas. Todo camping tem um lugar para recarregar a energia”, disse. Na traseira do veículo ficam dois reservatórios de água, um
em cima de cada pneu. “Cada um armazena 38 litros de água, filtrada dentro do próprio motorhome. Uma bomba de 12 volts mantém o banheiro e a cozinha”, explicou Tardelli. A geladeira, o fogão e o chuveiro são a gás. Ambos são alimentados por um botijão de dois quilos com acesso externo. O combustível do veículo pode ser gasolina, gás ou álcool. Toque especial Como campista criativo que é, Tardelli realizou algumas adaptações em seu motorhome. Ele uma copa pequena que fica do lado de fora do motorhome. Com uma pia e um fogão, ele faz todo tipo de comida sob a luz do dia e a brisa do vento. “Já fiz churrasco, frituras, arroz, feijão, tudo o que você imaginar. É uma delícia cozinhar ao ar livre, você tem mais espaço”, disse. O espaço não é o motivo principal da mudança. “Imagina fritar um peixe dentro do motorhome. Fica cheirando por um bom tempo. Por isso decidi adaptar dessa forma.” O campista também instalou um climatizador para os dias mais quentes. “No verão, pode ficar um pouco abafado para dormir e para fazer viagens longas”, declarou. no interior de São Paulo, vai comemorar seu 57º aniversário em grande estilo. Além de espetáculos musicais, a Prefeitura conta com a presença de Tardelli e seus amigos do Pé na Estrada, associação que, há mais de dez anos, reúne proprietários de trailers e motor homes em São Paulo e difunde os valores do campismo. “É muito comum esse convite de uma pequena cidade do interior”, contou Tardelli, ressaltando que os motor homes chamam atenção e são bastante solicitados em ocasiões como essa. O evento, que acontecerá entre os dias 30 de abril e 2 de maio, também servirá para juntar os amigos campistas de todo o estado e celebrar os 11 anos do Pé na Estrada.

Prestes a tirar o Karmann-Ghia Safari da garagem novamente, Tardelli não poupou esforços para reformar seu “brinquedo favorito”. “Para essa próxima viagem, trocarei os dois pneus dianteiros”, afirmou o campista, que ainda explicou que “pneu de motor home não deve ser trocado por quilometragem percorrida e sim por tempo de uso”.

Balança, mas não cai

por Luana Costa

Bom viajante é aquele que tem histórias para contar. As melhoras certamente são as que  nvolvem alguma enrascada. O motorhome, apesar da estrutura bem planejada, pode  enfrentar muitos problemas na estrada. Seu tamanho e peso contam, e muito, quando a  natureza se manifesta com tempestades e ventos fortes. Os motorhomes, especialmente o  Safari, são alvos costumeiros de quedas laterais devido ao forte vento. Para não cair, tem  que diminuir a velocidade de 80km/h para 40km/h. Em dia de tempestade, o ideal, segundo  o campista Pedro Paulo Tardelli, é não parar na estrada. “Tem que pegar uma área de recuo,  perto de uma entrada de chácara, pousada, e ficar por lá”. Mas tamanha dificuldade não seria  produtiva se não fossem pelos valores que ela gera. Como os proprietários de  motorhome constituem, como eles mesmos gostam de sublinhar, “uma família”, é natural observar dois ou mais campistas se ajudando em plena rodovia. Tardelli conta que, uma vez,  o motor de seu Karmann Safari fundiu no meio da via Dutra, no caminho para Volta  edonda-RJ. “O jeito foi rezar o Pai Nosso e torcer para nossos amigos voltarem”. E  voltaram. “Campista que é campista, tem que ser muito generoso. Costumamos andar em comboio e sempre ajudar um ao outro na estrada”, diz. Na ocasião, Tardelli e companhia  estavam se dirigindo ao Rio para participarem de um encontro entre o Pé Na Estrada e os  Amigos do Rio, dois grupos de aficionados pelo campismo.

O interior da casa ambulante

O funcionamento de um motorhome não é nenhum bicho de sete cabeças, mas exige  cuidados especiais. Para quem pensa em viajar, as dúvidas mais comuns sempre envolvem a limpeza do ambiente e a higiene pessoal. Durante a viagem, especialmente as mais longas, a  principal ‘dor de cabeça’ é justamente o banheiro. Segundo o técnico eletrônico e campista Pedro Paulo Tardelli, alguns campings exigem a caixa de resíduo sólido para não danificar os bens naturais. A caixa fica embaixo do vaso sanitário, armazenando os resíduos. “Existem pessoas que não têm noção de como podem prejudicar o meio ambiente jogando sua  sujeira em qualquer canto. Por isso, alguns campings são extremistas quando o assunto é  higiene”, declarou. Existem dois tipos de caixas. Uma armazena os resíduos líquidos, a outra  os sólidos. Para facilitar a limpeza, há produtos que transformam os resíduos sólidos em  líquidos. De acordo com o campista, cabe ao viajante saber a hora de limpar. E é simples. “Normalmente em qualquer posto de gasolina o campista encontra tanques que servem    como esgoto. Por uma mangueira dentro do próprio motorhome é possível transferir os  resíduos para o tanque”, explicou Tardelli.  A bateria é outro ponto essencial para o  funcionamento de um motorhome. O modelo Safari, por exemplo, tem duas baterias  independentes e não interligadas. Uma delas alimenta o carro e a outra o trailer. A bateria do  carro mantém os equipamentos do mesmo e é recarregada pelo alternador, quando o carro  está ligado. A iluminação interna e externa e equipamentos como bomba d’água e geladeira são recarregados quando a bateria do trailer é conectada a uma rede externa de luz. “Ambas  uram em torno de 4 a 5 horas. Todo camping tem um lugar para recarregar a  energia”, disse. Na traseira do veículo ficam dois reservatórios de água, um em cima de cada  pneu. “Cada um armazena 38 litros de água, filtrada dentro do próprio motorhome. Uma  bomba de 12 volts mantém o banheiro e a cozinha”, explicou Tardelli. A geladeira, o fogão e  o chuveiro são a gás. Ambos são alimentados por um botijão de dois quilos com acesso  externo. O combustível do veículo pode ser gasolina, gás ou álcool. Toque especial Como  campista criativo que é, Tardelli realizou algumas adaptações em seu motorhome. Ele uma  copa pequena que fica do lado de fora do motorhome. Com uma pia e um fogão, ele faz  todo tipo de comida sob a luz do dia e a brisa do vento. “Já fiz churrasco, frituras, arroz,  feijão, tudo o que você imaginar. É uma delícia cozinhar ao ar livre, você tem mais espaço”,  disse. O espaço não é o motivo principal da mudança. “Imagina fritar um peixe dentro do  motorhome. Fica cheirando por um bom tempo. Por isso decidi adaptar dessa forma.” O  campista também instalou um climatizador para os dias mais quentes. “No verão, pode ficar  um pouco abafado para dormir e para fazer viagens longas”, declarou.

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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