Campismo: HUMOR E PAIXAO
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Vou falar sobre campistas. Vou narrar fatos vividos e contados por campistas, naquele clima morno e sincero de convivência quase coletiva desenvolvido por estas pessoas que antes de tudo amam, respeitam a natureza e buscam nela o sentido de harmonia. Eu vou falar sobre os verdadeiros escravos da liberdade.

Parodiando o poeta, eu diria que o campista é antes de tudo um descomplica-do. Alguém capaz de abrir mão do conforto de sua residência ou de um hotel pelo “desconforto relativo” de uma barraca, de um trailer ou mesmo de um motor-home, optando pelo convívio com a natureza, pela vida ao ar livre.

Descomplicado. Assim é o ambiente de um camping. Todos conhecem e respeitam seus direitos e suas limitações. Onde se vive ao mesmo tempo a individualidade e a coletividade. Coletividade nos la-va-roupas, na cantina, nos banheiros… Individualidade em cada equipamento.

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As atividades de um camping não têm distinção de sexo. É comum ver homens cozinhando, lavando pratos e mulheres praticando afazeres supostamente masculinos. No lava-pratos éonde melhor se verifica esta questão; é lá também onde surgem as “Amizades de Lava-Pratos”, tão conhecidas entre os campistas.

No campismo o indivíduo perde a sua profissão. Ele deixa de ser o médico, o engenheiro, o administrador, o empresário e passa a ser simplesmente o campista. Seus direitos passam a ser os mesmos não importando sua cor, sua religião ou sua condição econômica. Acampando certa vez em Fortaleza, no camping do saudoso

professor Aluisio, fiz uma sólida “Amizade de “Lava-Pratos” com um gaúcho que me deu seu cartão constando apenas de prenome, endereço, telefone e como profissão, campista. Vim saber mais adiante que se tratava de um próspero industrial de Porto Alegre e que fazia questão denão declarar sua condição de industrial para não tirar a espontaneidade de muitos e não despertar o interesse de outros.

Assim é o campismo. Descomprome-tido e descomplicado, que finca profundo suas raízes e aflora no irreversível. O indivíduo pode até hibernar por uns tempos, mas um dia a natureza o chama de volta.

Eu acho que já nasci campista. O espírito de aventura e o amor à natureza, sempre encontraram em mim um prato feito. Há mais de 15 anos que o pratico. Fui e ainda me considero barraqueiro por muitos anos (não acredito no caravanista que não tenha sido barraqueiro. Seria como formar sem ter ido à escola). Depois tive uma carreta-barraca e hoje possuo um trailer “Brilhant”, com o qual tenho acampado quase que semanalmente nestes últimos cinco anos, cruzando o Brasil de norte a sul juntamente com minha esposa e três filhos. Dessa forma, durante todo esse tempo, tive oportunidade de conviver com esses maravilhosos e dec-complicados campistas em todo o país e até mesmo fora dele, vivendo e ouvindo fatos, histórias e casos recheados com uma boa dosagem de humor, que retratam a filosofia, o sentimento, a espontaneidade e a beleza do Campismo. Lutero Maurício Miranda de Souza (Salvador • BA) -Este artigo é a introdução do livro Campismo C/ Humor ePaixao que o autor lançará neste primeiro semestre.

Lutero Maurício Miranda de Souza >> Antiga matéria do Guia de Camping 198
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