Infiltrações podem ser um dos maiores terrores a atormentarem um dono de veículos de recreação. Uma das avarias silenciosas que quando nos damos conta o estrago já foi grande causando surpresa e depois um enorme prejuízo não só financeiro como também de bagunça na casa. Inspecionar e caçar possíveis vazamentos é fundamental seja qual for o tipo, modelo, marca ou técnica de montagem do seu trailer, motor home, camper ou qualquer outro tipo de equipamento.
É certo que os trailers e alguns motor homes mais antigos (anos 70, 80 e 1990) são bem mais suscetíveis a infiltrações do que os mais modernos. Os sistemas de chapas prensadas por perfis de alumínio e vedação de massas de calafetação duravam bem menos no quesito “estanque”. Porém até mesmo os mais modernos equipamentos podem apresentar fissuras ou avarias que possibilitem a infiltração de água na vedação e móveis de um RV. Para evitar isto, vale fazer inspeções regulares e minuciosas. O tempo dependerá do tipo de montagem e da idade do veículo, sendo indicada no mínimo de uma a duas vezes por ano. Por fim, algumas pequenas dicas de lavagem e manutenção.
Primeiramente é preciso saber se o seu trailer ou motor home permite que você possa subir no teto para inspecionar e até mesmo reparar.
CHAPAS / PERFIS + CALAFETAÇÃO: Com materiais geralmente de muita resistência a intempéries e também mecânicas, geralmente apresentam problemas de vedação em seus pontos de encontro. Devido às torções do conjunto e pelos diferentes coeficientes de dilatação térmica, deviam no passado ser desmontados e refeitos com nova massa de calafetação. A manutenção que era muito frequente e que sempre trazia o maior índice de falhas, hoje conta com a substituição daquela massa pelas colas “PU” (Poliuretano) também conhecido pela marca “sikaflex”. Porém, apesar de uma maior performance e durabilidade, o Poliuretano também se desgasta e deve ser refeito de tempos em tempos (geralmente de 3 a 4 anos). Diferente da facilidade da remoção da velha massa de calafetar, o PU é mais difícil de ser removido e esta tarefa será um pouco mais chata, porém necessária. O uso de fita crepe dará capricho e acabamento além de evitar que a cola suje a lataria (e suja mesmo!). O uso de detergente nos dedos, garantirá que a cola não grude e fique totalmente lisa em uma única passada. Compreendem-se neste grupo as “chapas” tanto de alumínio quanto as de fibra ou resina mais utilizadas hoje em dia.
FIBRA DE VIDRO: Muitos equipamentos possuem o teto em peça única, fibrado no local. Em geral, possuem um acabamento mais rugoso onde se forma bastante limo. A primeira coisa a fazer é uma boa lavagem com sabão e escova. Com tudo limpo, verifique se não há fissuras ao longo da área do teto e também junto às laterais, onde estará mais exposto aos esforços das torções das paredes do carro. Também é importante verificar o estado da junção da fibra junto aos equipamentos, como antenas, ar condicionado, claraboias e outros mais. Nas fissuras e avarias, o ideal é um retrabalho na própria fibra, mas este material também terá boa aderência com colas “PU” (nunca use silicone). O mesmo Poliuretano deverá calafetar a junção da fibra com os equipamentos e claraboias, além de perfis de alumínio ou plástico caso existam. Depois disso, sempre é bem vindo um impermeabilizante emborrachado de qualidade, na cor branca (para não absorver calor). Pode ser os mesmos que são indicados para lajes de concreto na construção civil.
VINIL: É mais raro na indústria brasileira, mas muito comum nos trailers norte americanos. Muitos deles até permitindo que o usuário caminhe subindo através da escada. Possuem como proteção do teto uma camada fina de um vinil com acabamentos em perfis metálicos ou em massa de calafetação especial (clara). Nestes casos, é preciso verificar se galhos, placas ou outros materiais não passaram por ali rasgando. Outro quesito a ser investigado é o estado da massa de calafetação que pode estar gasta ou ressecada. É importante que esta seja removida e reaplicada, mas não substituída por massas cinzas tradicionais (que não podem ficar expostas no tempo) e nem mesmo por colas do tipo “PU” ou silicone, já que estas não ficarão aderidas no vinil por muito tempo. Por fim, verifique como estão todos os equipamentos do teto (como claraboias, ar condicionado, antenas e etc) e seus acabamentos junto ao vinil.
TETOS ORIGINAIS DE VANS: Motor homes montados em vans de montagem original das montadoras tendem a ter uma durabilidade infinitamente superior aos tetos construídos. Mesmo assim, é importante dar atenção aos trechos de contato com equipamentos de teto e também em locais de emendas da lataria. Lembre-se que o teto de um motor home recebe bem mais intervenções e peso do que uma van comum e por isso poderá sofrer maiores esforços. O uso de PU será mais indicado nestes casos. Outra questão é o tratamento anti-corrosão. O original é tão efetivo que as fábricas já oferecem garantias de décadas, porém quando recortamos as chapas para a instalação de claraboias e outros equipamentos, aquela resistência acaba na região do corte e nas suas margens. Calafetar para que a água, umidade e intempéries não atinjam estas regiões é imprescindível.
LAVAGEM E MANUTENÇÃO: Na hora de cuidar e limpar nossos tetos, deve-se sempre priorizar a água e sabão neutro. Lembre-se de que produtos eficientes para a remoção de sujeiras e manchas, também poderão atacar borrachas, seladores de calafetação ou até alguns equipamentos. Portanto pesquise bem a composição de produtos para evitar problemas. Utilize espumas, panos ou escovas macias. Evite ao máximo as partes verdes das esponjas de cozinha, pois elas agridem muito mais a todos os materiais, até mesmo do que a palha de aço. Na hora que encontrar alguma sujeira difícil, a “paciência” é fundamental. Lembre-se também que água sanitária é bem vinda, mas a mesma ataca borrachas e alguns plásticos, portanto deve ser lavada e removida rapidamente. Por fim, ceras de polimento ajudam muito a manter a superfície lisa a ponto de incrustar menos a sujeira que virá na sequência.