Estrada Paraty - Cunha Será Asfaltada
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Um dos trechos mais fantásticos que fazem parte do final do roteiro da trilha do ouro é a estrada que liga o município de Cunha, próximo ao Vale do Rio Paraíba no Estado de São Paulo a cidade histórica de Paraty, extremo do litoral sul do Rio de Janeiro. Alguns de seus quilômetros que ficam dentro da área preservação do Parque Nacional da Serra da Bocaina eram sem calçamento com acesso muito difícil principalmente em períodos chuvosos, ajudando na preservação daquela área tão rica da mata atlântica quase dizimada em nosso país. Trecho que agora será asfaltado, após a liberação do IBAMA.

Aos que defendem a preservação da região e contra tal pavimentação alegam que a fauna local será intensamente prejudicada, inclusive algumas espécies, cuja presença indicava bons níveis de preservação. Aos que defendem a pavimentação, citam a alternativa mais curta da “isolada” Paraty sem que seus habitantes tenham que se deslocar até Ubatuba para acessar o Sul de Minas Gerais, além de acusarem mais uma rota de fuga no caso de um acidente nuclear em Angra dos Reis.
 

Marcos Pivari

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Depois de 29 anos de entraves, o Ibama concedeu, na última quinta-feira, a licença de instalação (LI) para as obras de pavimentação de trecho de 9,4km da Estrada Paraty-Cunha, que corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina, na Costa Verde Fluminense. A notícia foi divulgada no sábado, em primeira mão, pela coluna de Ancelmo Gois, do GLOBO. De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ), as obras devem começar ainda este mês e terão duração de oito meses. Mas o presidente do órgão, Henrique Ribeiro, não descarta que haja atraso para a conclusão das intervenções, por causa do período das chuvas.
— Estamos analisando todos os pedidos que o Ibama pôs na licença. A licitação já foi feita, e as obras estão orçadas em R$ 56 milhões. Mas é uma intervenção complicada, pois a região tem alto índice pluviométrico e áreas sujeitas a desmoronamento. Ainda assim, acredito que as obras comecem ainda este mês — afirmou Ribeiro, que comemorou a concessão da licença. — O primeiro embargo desta obra aconteceu em 1983. É uma ação muito importante para aumentar o fluxo de turistas para a Costa Verde.
Roedor raro habita parque
O processo de intervenção no trecho da RJ-165 vem sendo marcado por polêmicas. No ano passado, um grupo do Laboratório de Zoologia de Vertebrados da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) diagnosticou a existência de 31 espécies de mamíferos na Serra da Bocaina, entre elas duas espécies de morcegos que, de acordo com biólogos, são um indicativo de que aquela região é muito bem preservada. A equipe também cruzou com onças pardas e com um raro roedor nas proximidades da rodovia: o rato-toupeira (Blarinomys breviceps), de apenas 97 milímetros de comprimento e 22 gramas, capturado por biólogos depois de ser considerado presumivelmente extinto no livro vermelho de espécies ameaçadas do Estado do Rio.
Coordenador de fauna dos estudos da área, o biólogo Oscar Rocha Barbosa, da Uerj, disse, no entanto, que as obras de pavimentação da estrada não vão afetar o roedor. Ele acrescentou que serão construídas “zoopassagens” — corredores exclusivos para a travessia de animais — ao longo da estrada-parque para evitar acidentes:
— Estas zoopassagens vão minimizar a possibilidade de atropelamentos. Estas estruturas podem ser subterrâneas ou aéreas, com a conexão entre árvores. Nossos estudos apontam que a comunidade de ratos-toupeira está a 300 metros da estrada, e por esse motivo, eles não correm risco de serem atropelados.
Mesmo com o ponto final nos imbróglios ambientais, o DER terá que seguir uma série de condições para não ter a licença invalidada. Uma delas é apresentar o primeiro relatório de acompanhamento de obras e da execução de programas ambientais em 90 dias. Outra condicionante é o licenciamento das áreas que vão receber os resíduos das obras.
Um dos mais antigos defensores da pavimentação da estrada, o comendador Antonio Conti, de 83 anos, morador de Paraty, ressaltou que a intervenção vai reduzir o tempo de viagem entre a cidade costeira fluminense e municípios do Sul de Minas em cerca de duas horas.
— Hoje, o cidadão de Paraty que quer ir ao Sul de Minas gasta 4 horas, via Ubatuba. A obra vai encurtar distâncias e tirar a nossa bela cidade do isolamento. Sempre fui um defensor da pavimentação. A estrada será também uma importante via de escape em caso de um possível acidente nuclear em Angra — disse Conti.
Antiga Estrada Real
O trecho entre Paraty e Cunha, com 47km, já fez parte da chamada Estrada Real, por onde passavam o ouro e os diamantes vindos de Minas Gerais para o porto de Paraty, com destino a Portugal, na época do Brasil Colônia. A via foi construída por escravos entre os séculos XVII e XIX, a partir de trilhas de índios locais.
A beleza natural é um dos atrativos da estrada, que faz parte da lista de roteiros mais procurados por turistas. Apenas o trecho que passa dentro do parque, de 9,4km, não é pavimentado e já foi interditado várias vezes em decorrências de deslizamentos de terra.

fonte: http://oglobo.globo.com/rio/obras-na-estrada-paraty-cunha-devem-comecar-ainda-este-mes-6343460


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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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