Em um país que apenas recentemente iniciou a cultura do câmbio automático nos carros de passeio, é muito comum vermos afirmações que dizem da não recomendação do uso de câmbio automático para rebocar trailers. O mito pode carregar argumentos convincentes que acabam por atrapalhar os planos de quem deseja apenas curtir a vida no trailer. Este artigo não visa apontar qual a MELHOR SOLUÇÃO, mesmo porque não há. Mas sim desmistificar o fato e demonstrar que o uso do câmbio automático pode ser até mais favorável dependendo do perfil do motorista ou do carro específico.
Primeiramente é preciso saber que não há uma “melhor opção” – se manual ou automático. Somente o perfil e preferência do motorista dirá qual a melhor opção para você. O câmbio manual possui um funcionamento bem conhecido de qualquer motorista e a escolha do momento certo da mudança das marchas seguirá dentro da mesma lógica intuitiva. O problema para quem não tiver um perfil adequado será a “queima” de embreagem que poderá levar a gastá-la prematuramente, já que o peso extra exigirá mais dela e também de um maior acerto e dosagem. O Câmbio automático conta com uma característica incrível exatamente na questão da arrancada. A saída do repouso não só é gradativa (saindo do zero com muita tranquilidade) como também faz uso do torque de maneira efetiva graças ao conversor de torque. Já o cuidado deve ficar a cargo das situações mais extremas em não confiar no equipamento ao escolher a troca das marchas quando houver uma subida muito íngreme ou uma descida igualmente forte. O mesmo acontece para partidas do repouso com muito peso. Esta é a hora de utilizar o modo “manual” que qualquer câmbio automático possui na escolha da limitação das marchas. Evitar que ele engate uma marcha acima em um momento de grande subida ou escolher a marcha mais correta em uma descida que garanta uma redução eficiente do “freio motor” e garantindo que o giro não suba em demasia. A cada dia os câmbios mais modernos ganham cada vez mais marchas e mais leituras eletrônicas que os tornam ainda mais eficientes e que demandam menos atuações e preocupações por parte do motorista.
FIQUE ATENTO ÀS CARACTERÍSTICAS DE FÁBRICA: Certos de que tanto o câmbio manual quanto o automático são eficientes para rebocar trailer, o mais importante é SEGUIR AS DIRETRIZES que os fabricantes declaram para cada modelo de seus carros. Sim, câmbios automáticos podem não ser indicados para rebocar, assim como também câmbios manuais para certos veículos. Não é o tipo de câmbio que dirá se pode, mas sim o conjunto aplicado em todo o “powertrain”.
Cambio Automático Não Serve Para Rebocar Peso: Dois países cuja cultura caravanista é enorme e detém dos mais pesados trailers no mundo são Estados Unidos e Canadá. Nestes locais é quase inexistente a presença de carros de câmbio Manual. Se isto fosse verdade a frota de carros e caminhonetes norte americanas já estaria em frangalhos. Mesmo o mercado Europeu, um dos maiores consumidores de trailers do mundo, utilizam muitos veículos de passeio rebocando com câmbio automático. Apesar de lá existirem muitos veículos com câmbios manuais, quem reboca trailers e buscam modelos mais fortes e de luxo, acabam contando com sistemas automáticos.
4 marchas AT é pouco para rebocar um trailer: As 4 marchas podem parecer insuficientes até mesmo para carros de passeios comuns, mas por muitos anos conduziram carros por todo o mundo com muita eficiência. É certo que a presença de mais velocidades nos câmbios mais modernos tornam a condução ainda mais despreocupada e eficiente. A verdade é que até hoje veículos de 4 marchas rebocam muito bem os trailers. O que é preciso saber é que cuidados devem ser tomados fazendo uso da seleção de limitação das marchas principalmente em subidas e descidas. “Buracos” nas marchas podem aparecer quando o peso do reboque oferecer resistência em situações de torque e velocidade forem necessitados. Nestas horas, valerão as boas práticas da condução e os cuidados que qualquer equipamento “limitado” possa requerer.
O Custo de Reparo de Cambio Automático é muito maior: Foi-se o tempo que os cambios automáticos eram os vilões da manutenção. Hoje em dia pode ser mais caro o reparo de um cambio manual de um carro ultra moderno do que um velho 4 marchas automático. Até mesmo a troca de uma embreagem de um carro novo pode trazer um grande dissabor ao bolso do usuário. Nesta relação de custos, ainda vale a boa análise do equipamento e as suas boas práticas de uso que garantirão longevidade ao seu brinquedo.
A TECNOLOGIA E MODERNIDADE A SERVIÇO DO CARAVANISMO: Nada como a aplicação da tecnologia e a modernização dos equipamentos para trazer o progresso e a tranquilidade de quem viaja. Para um trailista de alma não é diferente. Os câmbios automáticos mais modernos não só já trazem a opção nativa 100% manual como também escalonam cada vez mais velocidades na suas caixas. Além de trazer mais economia e garantir menos atuação do motorista, também encaixam mais opções de marcha nas situações em que o peso extra do reboque pode exercer no “normal” do carro se este estivesse vazio. Exemplo disso é o veículo de reportagem que o macamp está utilizando. A Amarok v6 além de ter uma potência que chega aos 272CV, combina um câmbio automático de 8 velocidades. Além de iniciar a marcha em uma relação bem reduzida na primeira velocidade, também conta com uma 8ª bem esticada que garante economia. No caso da V6 consegue manter o motor aos 100km/h em invejáveis 1.500RPM, mas a gama de velocidades ajuda muito nas situações de subidas e descidas íngremes. Seu torque de quase 60kg ajuda muito no trabalho. Mesmo com uma escala tão maleável, o modo manual pode ser ativado (mais conhecido como “tip-tronic”) para mudanças à escolha do motorista. Além disso, uma redução ou marcha mais alta pode ser “forçada” pelas borboletas atrás do volante, mesmo no modo automático, garantindo total efetividade na condução do seu conjunto.