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Um dos destinos surpreendentes de Parques Nacionais mineiros é sem dúvida o da Serra da Canastra. Muito próximo dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, seus mais de 71 hectares de área estão em três municípios do sudoeste do Estado de Minas Gerais: São Roque de Minas, Delfinópolis e Sacramento. Inserido no Cerrado mineiro, sua vegetação também se funde com os campos rupestres e florestas e além da fauna e flora ricas, ainda reserva cachoeiras das mais espetaculares. São inúmeros os destinos e passeios que ocupam facilmente uma semana de estada na região. Neste artigo deixaremos uma dica de passeio que possa aproveitar e conhecer bem a Canastra durante dois dias livres, lembrando que não estamos considerando os dias de chegada ou de saída em viagem.

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São duas as principais rotas de passeios para quem deseja conhecer a Canastra pela primeira vez. A chamada “parte alta” e “parte baixa”. A canastra é um maciço principal que engloba a nascente histórica de um dos maiores rios brasileiros, o São Francisco. Além dele, diversos outros rios “caem” da serra nas inúmeras cachoeiras ao redor, sendo a Casca D’anta a maior, mais icônica e exatamente sendo a primeira queda do Rio São Francisco. A parte baixa do lado sudoeste, exatamente onde se encontra a base da Casca D’anta e alguns outros destinos como o Barreiro, configuram o outro circuito com acesso pelo distrito de Vargem Bonita que margeia o Velho Chico.

NOSSO PASSEIO: Como queríamos conhecer mais destinos na mesma viagem, reservamos dois dias livres para conhecer a Canastra. No total foram quatro, sendo que no primeiro dia passamos na estrada desde Paraty-RJ até o camping em Vargem Bonita após percorrer 602 km e no quarto dia em deslocamento para Aiuruoca-MG. Fomos para a Canastra de Trailer rebocado pela Amarok V6 e nos dois dias inteiros para passeios, fomos somente com o carro livre para desbravar o essencial. No primeiro dia fizemos a parte mais “light” fazendo o circuito da Casca D’anta baixa (portaria 4), parando para almoçar em são José do Barreiro e indo a tarde para as queijarias que ficam em São Roque de Minas passando pelas estradas de terra entre a Serra e o Rio São Francisco. Já no segundo dia reservamos para perfazer a parte alta (portaria 1) com o desejo de aproveitar o máximo de destinos possíveis, por isso chegando cedo na recepção.

1º Dia | PARTE BAIXA: Levantamos nem tão cedo, pois a portaria 4 abriria as 8h e o acesso a partir do camping é muito tranquilo mesmo sendo estrada de terra em ótimas condições. Foram exatamente 17,5 km que não levaram mais do que 40 minutos em paisagens sensacionais com vistas para os paredões da Canastra. Chegando na sede da portaria 4 havia um estacionamento e uma funcionária bem simpática nos dando as primeiras recomendações. Passamos na “bilheteria” para fornecer nossos dados e logo percorremos os 300m até a área de piquenique, antiga e estruturada área de camping do parque inaugurada em 1995. Atualmente pode apenas ser utilizada durante o dia com banheiros, churrasqueiras e apoios. A partir dali, são mais 1.000m de caminhada em trilha super fácil até a base da Casca D’anta. No caminho existem pontos de banho no Rio São Francisco, Ponto de observação da cachoeira e, enfim, o local mais próximo da queda onde rola muita “chuva” da água que espirra avassaladoramente por todos os lados. Realmente um dos pontos mais fortes do passeio diante daquela cascata de 200m de altura surgindo de um cânion da Canastra e ainda pensar que são apenas os primeiros quilômetros do Rio dos mais importantes e imponentes do nosso Brasil que, dali, passará por mais 520 municípios, 5 estados (incluindo MG) e chegará ao mar após 2.800km dividindo os Estados de Alagoas e Sergipe. Para esta parte do passeio, não há nenhuma opção de compra de alimentos ou bebidas, sendo aconselhado levar na mochila seus quitutes e água, lembrando que é proibido o consumo de bebidas alcoólicas dentro do Parque Nacional.

Após A Casca D’anta, resolvemos seguir pela estrada de terra até o Mirante do Morro do Carvão para ver mais das belezas dos paredões da Canastra e vista para a Serra das Sete Voltas, que compõe o Parque Nacional. Depois foi a hora de ir conhecer a Vila de São José do Barreiro, com direito a um almoço no recomendadíssimo restaurante rural (e simples) Paredão da Canastra.

Como meio dia era suficiente para este roteiro, resolvemos aproveitar a tarde para conhecer algumas queijarias que pudéssemos presenciar, aprender e também comprar os famosíssimos “queijos canastra” em São Roque de Minas. Ao invés de retornarmos pela estrada principal que inclusive passa pelo Camping da Praia da Crioula até Vargem Bonita, optamos por cruzar o Rio numa estrada rural que percorre por dentro. Apesar de passar por cachoeiras bem indicadas (Lavra, Lavinha e Chinela), preferimos não visitá-las pela necessidade de longas trilhas de acesso que levariam muito tempo. Retornando à Vargem e pegando um atalho também por terra até São Roque de Minas, passamos no centro de informações turísticas e depois seguimos para duas queijarias que escolhemos: O “Roça na Cidade” possui ótimo receptivo de visitação e guarda tradição e história no cenário do Queijo Canastra. Outra atração foi a “Capim Canastra”, que além de seguir todos os preceitos da produção do queijo, matura-os além do método tradicional, dentro de caves preparadas no porão com paredes de pedras que resultam nos chamados “queijos Canastra Caverna” que vão de 30 a 60 dias, podendo chegar aos 120 dias de maturação. Vale lembrar que as queijarias e todo o entorno da Canastra, não faltam cafezais.

Em um rolê de volta ao Camping pudemos curtir tanto um passeio pela propriedade até a Praia da Crioula nos leitos espraiados das pedras resultantes da antiga mineração de diamantes como um jantarzinho no trailer regado a pães, vinho e, é claro, queijo canastra de vários níveis de maturação.

2º Dia | PARTE ALTA: No segundo dia já nos esforçamos para acordar cedo para estar na sede do parque (portaria 1) logo às 8h da manhã que é o horário oficial de abertura. No dia anterior tivemos enorme sorte com o tempo que insistia em abrir o sol todas as vezes que estávamos nos pontos de interesse, deixando pra chover apenas nos deslocamentos ou a noite. Já naquela manhã de terça-feira nossa expectativa se reservava à sorte. Um grande céu nublado e pesado foi encoberto pela névoa assim que alcançamos a altitude do maciço. Antes disso passamos pela portaria 1 sem atendimento e chegando ao centro de visitantes após 4,7km de estrada bem acidentada. Ali fizemos nosso cadastro junto ao único segurança local. Não houve cobrança de ingresso e no receptivo utilizamos os banheiros. Havia a última opção de compra de bebidas e salgados em uma pequena lanchonete aos fundos. Para este dia nós estávamos muito bem preparados com frios, frutas e água com gás na geladeira 12V Resfriar na caçamba da Amarok, além de pães e biscoitos na mochila de caminhada que também levava equipamentos, mudas de roupas e roupas de banho, toalhas e capas de chuva.

Chegamos ao primeiro ponto de visitação: A Nascente Histórica do Rio São Francisco. Ali a grande neblina e falta de luz não tirou o brilho e a magia do local. Ao contrário, pudemos passar pela primeira ponte de madeira sobre o Velho Chico. Um pequeno caminho leva à calma piscina onde silenciosamente as águas brotam sobre o maciço com direção à Casca D’anta. Na verdade águas que vêm de um pouquinho mais adiante em um leito calmo e que recebe dezenas de afluentes antes de chegar na parte alta da cascata.

A segunda parada também está no caminho e com acesso do carro até o ponto de interesse. O Curral de Pedras. Um cercado de muros de pedras empilhadas sem qualquer argamassa, segue uma linha muito parecida com os “Muros de Taipas” dos cânions do Sul. Ali antigamente se guardava temporariamente o gado de leite durante o inverno (algumas literaturas apontam o verão) no chamado “Retiro dos Posses”, alusão à antiga família proprietária. Apesar de ser um local indicado para se ver o Por do Sol, garantimos a visita logo de início de manhã ainda com uma névoa forte que não permitiu se olhão tão ao longe.

A próxima e esperada parada foi para a parte alta da Casca D’Anta. Seguindo nossa sorte com o tempo, chegamos lá com um céu aberto e um Sol já quente na moleira. Exatos 31km depois da primeira entrada do parque, há no local um bolsão para estacionamento e apoio de sanitários. Com uma pequena trilha de poucas dezenas de metros já é possível se banhar nas piscinas formadas no leito antes das quedas nos cânions. Por mais 380 metros de trilha fácil com pequena subida de pedras final, chega-se ao mirante onde se vê a parte de baixo do parque visitada no dia anterior. Vale lembrar que existe uma trilha de 3,3 km que liga os dois pontos e que leva cerca de quatro horas de caminhada ida e volta. A vista ali é imperdível.

Geralmente e popularmente, a Casca D’anta pode ser o ponto final da visitação de alguns e para outros dali seguem para as cachoeiras do Rolinho e Rasga Canga que fica do outro lado do Maciço. Ocorre que já havíamos chegado cedo ao parque e tínhamos muita vontade de conhecer a cachoeira do fundão. Então demos preferência a esta que fica 30km mais a frente, seguindo no sentido portaria 2 (para Sacramento) e depois em estrada de desvio até o fundão. Ali pudemos brincar com o lado “off Road” da Amarok que tirou de letra a pirambeira de buracos e pedras impossível para veículos sem tração. Na chegada foi a hora do almoço. Sanduíches de frios, frutas e água com gás geladinha na geladeira 12V Resfriar que seguiu ali na caçamba da caminhonete sempre plugada na bateria.

CACHOEIRA DO FUNDÃO: Chegando no destino, há algumas construções abandonadas, algo que configura um grande descaso em termos de estrutura do parque. Vemos que a presença, pesquisa e trabalho de profissionais do meio ambiente não acontece. Um pouco mais a frente, onde seria o ponto final do carro se não fosse uma ponte quebrada, mais uma casa em melhores condições, mas sem sinais de habitação. Dali sai uma trilha de 1,8km que é feita tranquilamente em 45 minutos. O primeiro 1,5km é de passeio tranquilo e os últimos metros são de pirambeiras de pedras. Chegando na cachoeira, tivemos a total certeza de que nossa escolha foi a melhor. A cascata que desce nervosa cai em uma verdadeira piscina e logo atrás dela se forma uma gruta espetacular. Como estávamos no início das chuvas após uma longa estação de seca, a água estava bem escura e as margens da piscina com bastante mato, mas geralmente ali é um poço de água cristalina e com diversos pontos amigáveis para entrar e nadar. CONTEMPLAÇÃO é a palavra… Dá pra passar horas admirando aquela queda d’água e os pássaros voando ao seu redor. Só fomos embora dali porque nossa meta ainda era de conhecer mais pontos de interesse da Canastra.

GARAGEM DE PEDRA: Após sairmos do estacionamento do fundão, a chuva pesada começou. Assim seguimos rumo à estrada principal, não sem antes parar na GARAGEM DE PEDRA, ponto de visitação indicado no mapa. Construída com vista para o Vale dos Cândidos e para a Serra da Babilônia. Da Garagem segue a estrada até o pé da serra o que nos deu uma enorme vontade de seguir com a caminhonete. Lá a cerca de 2km está a antiga casa sede da fazenda dos cândidos que hoje reformada abriga uma casa para pesquisadores. A garagem era exatamente um local que fora construído pela família quando compraram seu primeiro carro. Na época, quando o proprietário chegava, guardava seu carro e soltava rojões para que seus funcionários encilhassem cavalos para levá-lo para casa. Sem grandes atrativos se não a construção de pedras vazia com um portão de ferro fechado, seguimos nosso rumo no desejo de uma futura volta e descida até a casa sede.

Agora ainda restava tempo para conhecer os últimos dois pontos mais populares da parte Alta: Cachoeira dos Rolinhos e Rasga Canga que incrivelmente não possui o caminho traçado no google maps, mas cuja estrada é super bacana e lisa. Podemos dizer com certeza que mais vale a opção pelo fundão do que para essas outras duas, não pelas cachoeiras menores, mas sim pela superioridade da cachoeira do fundão. Após mais alguns quilômetros fora do eixo principal, chegamos a uma bifurcação com a indicação do Rolinho (a esquerda) e Rasga Canga (a direita). Ambas são pouco mais adiante e a facilidade está no acesso aos pontos fundamentais que não exigem muita caminhada.

No meio deste caminho havia um ponto indicado no mapa de papel que nos deixou com vontade de conhecer. O Chamado “retiro de pedras” estava no caminho para as duas cachoeiras. Pena que uma placa no acesso indicava restrição apenas aos funcionários. Pela foto do google, trata-se de uma casinha com muros de pedras muito atrativos, com um rio bem represado logo ao lado.

Cachoeira do Rolinho: Após seguir a esquerda e estacionar, não é propriamente a cachoeira que vemos. Ao longe acima, enxergamos parte da Rasga Canga e a do Rolinho está mais abaixo. Porém uma gostosa piscina de águas cristalinas para banho encanta quem passa, assim como os inúmeros peixinhos que nadam por ali. Ideal para descanso ou pras crianças. Os aventureiros podem seguir por uma trilha para chegar ao topo da queda da cachoeira mais a frente. Não foi o nosso caso. Após mais um lanchinho de frutas, seguimos para a última parada já sendo atacado pelos mosquitos.

CACHOEIRA RASGA CANGA: Já de repelente passado, seguimos para a bifurcação a esquerda para a última cachoeira. A Rasga Canga é formada por uma queda dupla do Rio Santo Antônio, o mesmo que segue para o Rolinho. Há uma pequena “trilha” de fácil acesso até a parte intermediária da cachoeira, onde há poços para banho e uma incrível sensação de que a água é mais quente que as demais do parque. Como somos friorentos, não mergulhamos, mas dizem que o “quentinho” é só na superfície, sendo o fundo bem gelado.

Dali o sol já caminhava para o horizonte e o horário limite do parque (19h) já se aproximava. Ainda tínhamos uns 30km até a portaria 1 e as nuvens nas montanhas impediriam o pôr do Sol no Curral de Pedras. Cruzamos a cancela do centro de visitantes onde aquele único e mesmo segurança se despediu. A lanchonete já estava fechada em um dia que deu pra contar os carros visitantes nos dedos. Ao passar na porteira de entrada do Parque Nacional a noite já caía e chegando no camping pouco antes das 20h. Valeu demais o passeio onde conseguimos perfazer todos os pontos pretendidos para um único dia na parte alta. Ficou o desejo de voltar no futuro e fazer as outras duas porteiras e aqueles caminhos “escondidos”.

Foram 132 km rodados dentro do Parque Nacional neste dia da “parte alta”, sem contar a ida e volta do Camping até a entrada da Canastra que somaram ao todo 177 km. Todos valeram a pena e o cansaço gostoso na volta fazia uma sensação de “roteiro cumprido”. Para coroar a noite, tivemos o prazer de jantar no restaurante da Pousada e camping da Praia da Crioula, junto aos proprietários Heloína e Zeca para uma resenha muito construtiva.

VEÍCULOS NA CANASTRA: A Canastra não é realmente um destino para quem possui carro baixo, sendo o reduto dos 4×4. Isto porque mesmo nas partes baixas as estradas de terra os períodos de chuvas podem ser impeditivos para os 4×2, apesar de irem bem no geral sem problemas. A maior dificuldade fica no acesso da parte alta com algumas ladeiras de pedregulhos e crateras, tendo alguns pontos lamacentos quando as chuvas forem muito fortes. De qualquer forma se a pessoa achar demais, poderá contratar inúmeros guias que levam para as partes alta e baixa no seu próprio veículo off road com direito às explicações e direcionamentos. Para o caso de visitar a Cachoeira do Fundão, o carro de passeio deverá ficar a 5km antes no início da trilha de 1,5km a pé, já que tem um trecho muito ruim de descida/subida em péssimas condições de tração.

CAMPINGS: A Canastra de modo geral possui inúmeros campings em sua volta. Dentro do parque não é permitido acampar, apesar de um dia a sede da parte de baixo da Casca D’anta ter abrigado uma estrutura que ainda existe até hoje, mas não permite mais o pernoite e nem acampamento (uma pena!). O camping que escolhemos foi o da PRAIA DA CRIOULA por diversos motivos: O Camping fica bem localizado e com muito pouco caminho por terra, o que faz boa diferença quando se viaja de trailer. Também fica bem “centralizado” para partir para todos os passeios. A sua estrutura é simplesmente fantástica, tendo boas áreas gramadas e planas para barracas, módulos específicos para RV’s com energia, água e esgoto em plano gramado e natural, estrutura de apoio completa com banheiros com aquecimento a lenha (se faltar luz, não falta banho quente), cozinha coletiva completa e área de convivência com churrasqueiras e mesas. O Gerente Rodrigo mora ali mesmo e está sempre presente e solícito e a área é bem próxima à pousada que pode oferecer café e jantar caso reservado previamente. Além de muito bem recebidos como campistas, também fomos muito prestigiados pelos proprietários Heloína e Zeca como Portal MaCamp.

Melhor Época e Dias de Funcionamento: A melhor época para conhecer a Canastra é o período Seco, de abril a outubro. O Parque Nacional funciona de quarta a domingo e abre nas segundas e terças somente quando envolver feriados ou emendas. Há portarias controladas em todos os pontos. Teoricamente há uma necessidade de agendamento e também uma taxa de visitação, mas durante nossa estada na Canastra, o sistema de agendamento online não funcionava direito e havia uma cota de carros que poderiam entrar. Também na nossa ocasião não houve cobrança nem na portaria 1 (alta) e na 4 (baixa) nas quais passamos.

O Rio São Francisco: Popularmente conhecido como “Velho Chico” é um dos mais importantes rios do país. Antes de desaguar no Oceano Atlântico passa por cinco Estados do Sudeste e nordeste do Brasil. São oficialmente 2.863km de extensão pertencendo a uma bacia próxima dos 641.000km². Possui seis usinas hidrelétricas importantes. Em nossa viagem fomos visitar a sua nascente “Histórica”, isso porque muitos anos depois (apenas em 2001) engenheiros da CODEVASF definiram sob estudos técnicos e modernos de geoprocessamento que o Rio Samburá é oficialmente o Rio São Francisco e que a sua nascente é a verdadeira. Por isso ganhou mais 49km de extensão. De qualquer forma, os nomes dos Rios não mudaram e toda a realidade histórica continua valendo dentro do circuito turístico de visitação e contemplação da Canastra.

O Queijo Canastra: De origem exclusiva na região de Minas Gerais é produzido há mais de 200 anos seguindo seu padrão original. Veio dos imigrantes na época do ciclo do ouro e ganhou peculiaridades genuinamente brasileiras. O sabor único, forte, denso e incorporado vem do clima, altitude, dos pastos nativos e da água da Serra da Canastra. A partir de 2008 o queijo Canastra se tornou “patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro” titulado pelo IPHAN. Dos 10 Litros de leite cru, resultam em um só Quilograma de queijo pouco maturado até 300g apenas de queijo Canastra maturado. Após a ordenha, o leite não pasteurizado recebe o coalho e o chamado “pingo” que é um fermento líquido extraído da produção de soro do dia anterior. O leite talhado é retirado e espremido manualmente até chegarem nos moldes redondos tradicionais. Por cima vai depositado o sal grosso e embaixo vai escorrendo o soro até completar 24 horas de processo. No dia seguinte o queijo pode ser desinformado e colocado em uma prateleira arejada dentro dos padrões de clima, temperatura, altitude e etc. Por ser feito a partir de leite cru e não pasteurizado, torna-se um “queijo vivo” com seus lactobacilos ativos e por esta razão só podia ser consumido na região até 2013, quando obteve-se autorização de distribuição nacional. Após adquirido o queijo deve ser mantido em ambiente arejado, de madeira e sendo virado todos os dias para que sua maturação se mantenha constante. Acompanhado de vinhos, cervejas e outros frios se torna uma iguaria altamente saborosa e imperdível.

As Cidades e Distritos: Quando fomos para a Canastra, imaginávamos que São Roque de Minas seria algo parecido com o que Alto Paraíso de Goiás ou São Jorge estão para a Chapada dos Veadeiros, ou como Cambará do Sul está para os Cânios do RS – turisticamente falando. Mas tanto á quanto nas vilas de Barreiro e Vargem bonita não achamos centrinhos repletos de turistas, restaurantes e pousadas como nos outros exemplos. Na Canastra os turistas ficam mais espalhados pelas pousadas e campings rurais e deixando poucos restaurantes e lojas de artesanato que acabam funcionando mais durante o dia.

Amarok: Durante nossa viagem utilizamos a VW Amarok V6 tanto para rebocar o trailer quanto para os passeios “on” e Off Road. Foram 1.629 km no total, sendo 1.270 km rebocando. Seríamos repetitivos se falássemos do carro e seus predicados com o trailer e na sua performance nas serras (vide artigos anteriores). Nesta viagem pudemos realmente provar do enorme potencial da caminhonete tanto no quesito conforto nos deslocamentos quanto na sua competência na trilha. Durante as estradas de asfalto e as dezenas de horas de cruzeiro, a picape se mostra um verdadeiro “carro de passeio” confortável, potente e equipado. Já nas estradas duras de terra do Parque Nacional, assim como nos caminhos mais castigados que pegamos principalmente no caminho da cachoeira do fundão, mesmo com os pneus mais lisos e de perfil baixo, o carro não apresentou dificuldades. Ali usamos o modo de programação “off Road” que reprograma o câmbio e ativa diversos recursos eletrônicos que fazem alguns obstáculos parecerem que não existem. O Bloqueio de diferencial do eixo traseiro que vem de série faz as crateras parecerem pequenas valetas no caminho. Um luxo só que significa segurança para a família, afinal não estávamos ali fazendo uma trilha reunidos com amigos, mas sim passeando e conhecendo destinos. Além das aventuras que seguirão nos próximos artigos, deixamos aqui mais uma dica de condução para quem reboca trailer: Ao descer uma Serra Íngreme, mesmo não rebocando, escolha o modo “S” (Sport) do câmbio automático. Assim ele sempre reduzirá as marchas para uma descida mais engrenada sem que isto signifique consumo de combustível. Nas curvas e aclives mais severos, é só reduzir ou “cambiar” as marchas manualmente nas borboletas no volante.

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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