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Bem, vou fazer uma coisa diferente… Contarei uma história que foi uma verdadeira aventura e espero que seja estimulante ao ponto de nos propiciar mais algum tempo juntos, para podermos dividir experiências e assim, despretensiosamente,  ser motivo para uma boa conversa.
Tudo iniciou pela minha necessidade de ter um descanso físico e mental. Estava num ponto de ebulição e sem estímulo algum para quase nada no meu dia a dia. Somado a isto, também me ocorreu, como para muitos, aquela provocação natural de quando se chega a uma certa idade e se começa a pensar: “…para que serve tudo isto que eu fiz, mesmo?…”. Procurei alguma alternativa que me fosse atraente ao ponto de criar aquela ansiedade motivadora interior, comparado a um grande encontro. Ou seja, que trouxesse vida ou que, pelo menos, me retornasse a ela. De pronto, sabia que tinha de ser uma viagem. Pois é uma das coisas que me dá mais prazer… E assim, conseguiria dar um tempo às coisas do meu cotidiano atual… Bem, já era um início, afinal…
_ Mas, para onde?
_ Ah!!! Para o velho mundo. Minha primeira idéia…
Era o mais lógico, por não exigir visto de entrada para imigrantes e mais amplo nas possibilidades… Pois com certeza teria muitas coisas interessantes e, além do mais, era um antigo sonho meu. Lá, poderia rever coisas ao vivo, que vivenciei minha vida toda somente através de livros de história, televisão ou filmes, sem contar que teria o estímulo de viver diversas experiências: a comida, cultura, língua, arquitetura, etc. Enfim, detalhes de cada país por onde eu fosse passar.
Isto vinha de encontro com o que eu queria, certamente, mas, que dava certo medo ao pensar nesta aventura, dava! Seria um verdadeiro “peitaço”, que poderia me trazer mais problemas do que prazer, na verdade. Mesmo assim, continuava o raciocínio de se fazer concretizar a idéia. O primeiro item a ser resolvido seria o roteiro. Apesar de ser bastante complexo, teria a vantagem da área a ser coberta ser bem inferior ao que estamos acostumados aqui no Brasil. Como exemplo, a distância entre Porto Alegre e o Rio de Janeiro é de 1600 km, aproximadamente. Isto é superior em quase 400 Km, à distância entre Paris e Madri. Com esse raciocínio achei que iria rolar… Poderia cobrir grande parte da Europa, rodando algo em torno de 7000 km. Beleza!
Altamente estimulado para começar o planejamento geral e “viajar na viagem”, que convenhamos, é uma curtição. Talvez a melhor parte. Nunca tem problemas insolúveis e tudo é possível e viável. Maravilha!


Visualizar Mapa Viagem Europa – 2011 em um mapa maior

Bem, comecei a pensar e esboçar como realizar tal proeza. Eu queria fazer o máximo com o mínimo, ou seja, realizar o máximo de passeios e conhecer o máximo de cidades e países europeus, tendo o mínimo de tempo e também de dinheiro. Além das restrições impostas pela própria logística de organização, para a realização disto tudo: deslocamento, pernoite e alimentação.
Divagava apenas na vontade de querer ir e fui bastante pretensioso quanto ao projeto. Imaginava como mínimo, poder visitar países e cidades como: Portugal (Lisboa, Porto), Espanha (Madri, Barcelona, Santiago, Pamplona, Valência, Estreito de Gibraltar, Bilbao), França (Paris, Nice, Cannes, Bordeaux, Lyon, Marselha, Toulouse, Saint-Tropez), Mônaco (Montecarlo), Itália (Roma, Gênova, San Remo, Pisa, Florença, Assis, Pádua, Bologna, Veneza, Verona, Milão, Turim, Trento, Bréscia), Vaticano, San Marino, Suíça (Zurich, Berna, Lucerna, Interlaken, Genébra)…       Todos esses lugares, tirados de lembranças e curiosidades que eu tinha, ou seja, sem noção da geografia européia na prática.
Até aquele momento, nada importava, dentro de uma explosão de idéias a coisa teria que fluir. Não fiquei pensando na distância entre os locais, se tinha rio ou montanha para atravessar, se iria chover ou não, se seria praia ou interior de cada país. Continuava ganancioso com a idéia. Apenas isto! Até aquele ponto foi o bastante para dar continuidade.
Maravilhoso, quanta coisa a ser vista. Um entrave seria a quantidade de dias disponíveis. Eram apenas 17 dias, incluindo os vôos da ida e da volta. Cheguei a esse número após olhar o calendário e visualizar dois feriados relativamente próximos que ajudou muito. Não poderia exagerar nesta parte. Não podia ficar ausente dos compromissos por mais tempo do que este calculado. Estava definido. Sabe como as coisas são na prática, ou quando se acorda de um sonho: resta-nos apenas a dura régua da razão. Ora, ora! Isto representava que teria de deixar algumas cidades ou até países de lado. Considerando que ficasse um dia em cada uma das cidades que eu queria ver, seria pouco o tempo disponível total e não estaria levando em conta o deslocamento entre elas. E por incrível que pareça, apesar de ser um mero detalhe, há a necessidade de se dormir, comer e fazer as demais “cousas”. Tudo conta… Bah! Iria ficar bem apertado, mesmo fazendo cortes. Não me frustrei por isto, tinha que manter o ânimo. Iria dar tudo certo. É o que se esperava. Bah! A canseira da logística estava batendo à porta…
Retrocedi um pouco no planejamento com essa real situação e me lembrei de que não tinha sequer a confirmação da existência de vôos na data em que tinha condições de ir. Que glória, a coisa não estava tão fácil assim. Às vezes se pensava que bastaria ter a vontade… Assim, também os astros começaram a conspirar contra a minha idéia. Pois olha… Pensei:
_ Bah, e agora, como resolvo tudo isto? Tenho que ver, primeiramente, as passagens de ida e volta numa data que me agrade e que se enquadre nos dias planejados. E como me deslocarei quando eu estiver lá, irei usar: avião, trem ou ônibus… Irá ficar muito caro e demorado para se deslocar de um lugar para outro, estando lá. Como resolver isto!?
Sabe-se que às vezes uma boa noite de sono ou o envolvimento com os problemas rotineiros, faz com que algumas idéias brotem da mesma forma como se estive debaixo do chuveiro cantarolando. Foi o que fiz. Dei tempo ao tempo. Deixei a idéia em “banho Maria”, por alguns dias. Pelo menos isto eu tinha a favor.  Era junho/11 quando iniciei com a elaboração e pretendia viajar somente em setembro. Depois disto, eis que me veio à mente:
_ Quem sabe incluo mais um sonho neste projeto, apesar da coisa já estar meio complicada?!
_ Quem sabe experimento algo que já desejava fazer aqui no Brasil, mas não houve como?!
_ Acho que “dá pé”.  Tá decidido! Vou me deslocar por lá de motor-home! Mas, que tal?!
Lembrei desta opção por ter sempre mantido um sonho de poder viajar com a família e/ou amigos desta forma. Já viajei bastante de carro e às vezes a coisa ficou meio incômoda por ter que cobrir distâncias longas para se chegar ao destino. E com isto, fui perdendo parceiros. Mas, apesar de tentar alugar ou até mesmo comprar um motor-home, sempre foi algo impossível, na prática. Também existiam restrições quanto à legislação referente ao condutor de motor-home, aqui no Brasil. E a opção de se locar um por aqui, até existe, mas com a contratação de motorista particular oferecido pela própria empresa de locação. Isto tiraria toda a graça da coisa… Além de ser um processo ilícito – venda casada… hehehehe.
Olha, vale um comentário aos interessados, tive a notícia de que em junho/11 foi aprovada a lei que trata do assunto da habilitação para se dirigir motor-casa no Brasil. Permite-se a partir de então, que condutores que tenham a carteira modelo “B”, dirijam veículos com até 4000 Kg. Na prática, seria possível dirigir a maioria dos motor-home tipo RVs (Aqueles que tem tipo um boné sobre a cabine do motorista – é uma cama de casal). São os mais práticos e versáteis. Com isto, é bem provável que o campismo volte a ascender no Brasil, novamente.
Vale lembrar também, de que o motor-home é um veículo que demanda de um tratamento especial além daquele de que estamos acostumados, quando dirigimos ou fazemos uso do nosso veículo particular. Além das dimensões internas e externas, que devem estar sempre presentes na cabeça do condutor, tem a dinâmica de abastecimento e descarte: combustível, gás, água limpa, água suja e água negra. Além do mais, também, o cuidado com a alimentação da energia para o veículo e para a “casa”, para que se possa usufruir de luz interna, geladeira, calefação e água quente para o banho e pia da cozinha pelo maior tempo possível. Principalmente, quando se está por conta da autonomia do próprio veículo, sem a estrutura de um camping à disposição. Enfim, é uma manobra… Não chega a ser uma operação de guerra. Aprende-se rapidinho… hehehehe Como já se dizia: “… a dor ensina a gemer…”. Porém, às vezes, a gente geme sem mesmo sentir dor. E isto se aprende sozinho, né?!?!… O que é o estudo, hein?! E assim, eu pensava:
_ Que maravilha de idéia que eu tive. Algo me iluminou! Hehehe Só falta resolver como fazer o trâmite da locação e reserva do carro para seguir no planejamento.
_ Mas, e as passagens de ida e volta? Bah!
Esta lembrança e tudo o mais me deu uma malemolência, que chegou a doer a minha cabeça… Lembrei-me:
_ Mas, quem irá nesta viagem? Sozinho é bom, mas é ruim. Com outros, é ruim, mas é bom!
Tendo que resolver mais esse dilema optei em convidar a família. Mais fácil de convencer de uma empreitada como esta. Além disto, todos estavam merecendo esse passeio, por diversos motivos. E seria interessante experimentar a vida familiar com um pano de fundo diferente, em outro cenário… Uma boa idéia!

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Segui conduzindo a rotina de planejamento, executando as fases uma a uma. Até chegar a um ponto que não tinha mais jeito, não tinha como adiar mais o momento em que eu iria convidar o pessoal. Estava receoso. Deu medo quando me dei por conta que teria que expor o meu projeto, para convidá-los. Pois, sabia que iriam começar a fazer considerações e apontar “furos” ou problemas que poderiam surgir num projeto assim. Meu sonho teria grande chance de ir por terra… Por outro lado, se passasse por este crivo, nada mais me impediria. Por mais razoável que seja uma pessoa não há como não se identificar com o que estou contando, principalmente, nesta parte do processo: contar o sonho. Aí vem aquela célebre pergunta: “… Quem nunca tentou convencer o seu cônjuge de algo que não sente tanta segurança, somente a vontade de fazê-lo?…”. Dá para se comparar a um grande palco de batalha… Bem, desde que não seja sangrenta… Tudo bem… hehehe Eu não sabia nem por onde começar a falar. Resolvi fazer como quando se come “mingau quente”: apresentei o produto e fui explicando-o pelas beiradas. O apelo de uma viagem como esta é muito forte e contava a meu favor. Mas, o brabo mesmo era contar que iríamos percorrer por lá de motor-home… Enfim, os convidei! Apresentei a idéia e a forma de fazê-la. Olha meio que “lambuzou o prato”… Já no início de minha exposição, de pronto, se iniciou as indagações e conclusões pessoais de forma precipitada. É lógico que eu havia pensado numa série de coisas durante o processo de maturação, mas as justifiquei para mim mesmo possíveis, dentro de minha capacidade de realização e por querer concretizar a empreitada. Diferentemente, de quem está recebendo um convite. No instante, a visão e o impacto da notícia para quem está recebendo, é outro. Ai, ai… Quase surtei e me arrependi de ter feito o convite. Mas mantive, dentro do possível, a tolerância: “…Deus dê-me paciência! Eles não sabem o que dizem…”. Não adiantou muito… Iniciou-se a “guerra dos Farrapos”, só que essa era sobre os nossos próprios farrapos… “Eia boi, eia boiada…” Só se ouvia ao fundo um tilintar de vozes dizendo:
_ Capaz, isto é uma loucura. Nunca dirigiu um motor-home na sua vida. Não conhece nada por lá, nunca esteve lá. Só iremos se tiver hotel e tudo previamente marcado e agendado… Imagina, e se acontecer alguma coisa com você durante esse passeio, nessas condições, quem resolverá? tilim… tilim… tilim…
Sabe que comecei a ter idéias e apenas raciocinei em pensamento:
_ Quem sabe, volto para a prancheta, repenso e vou solo?! Hehehe…
Afinal, estava fazendo um convite, nada mais. Parecia que não queriam ir, tamanho a quantidade de problemas que salientaram… Não estavam percebendo o endosso de aventura. Pensei:
_ Acalme-se, argumente, pondere… Vai que dá! tilim… tilim… tilim…
Pausamos alguns dias para esfriar a cabeça e voltar a tocar no assunto. O lado bom deste intervalo foi que a partir daquele momento, o esquema já estava maturando na cabeça de todos os convidados. Não era mais novidade. O mais interessante que eu percebia ocorrer com a minha família, era ver que já estavam envolvidos. Pois, comentavam com seus colegas pessoais, da possibilidade que estaria surgindo. A possibilidade de poderem viajar pelas “oropa”, em breve. Percebendo isto, tive a certeza que estavam amolecendo. Exceto meu filho, que de imediato disse:
_ Eu não vou junto. Prefiro fazer um “moxilão” com meus amigos. Seu ritmo pai, é muito fora da real. Prefiro ir mais tranqüilo…
Putz! Está certo que meu ritmo não é dos mais fáceis, confesso, mas não teríamos muito tempo para darmos aquelas esticadas preguiçosas durante esta viagem. Por outro lado, seria uma oportunidade rara de poder estar toda a família junto. Sem contar que o “guarda-chuvinha” do pai e mãe ajudaria nas horas de aperto dentro de um projeto como esses… Mas, vou aguardar o “moxilão”. Respeitei a sua decisão desde o início, apesar de contrariado. Já estou ansioso para saber das suas estórias, nesta possível aventura… Ficarei na torcida! Bem, paralelamente a tudo isto, eu corria atrás em manter aquele período viável para todos os “moicanos” remanescentes: eu, esposa e filha. Em resumo, corria para encontrar as benditas passagens aéreas. Claro que tinham de ser as mais baratas possíveis e sem escalas, de preferência.
Sabe que quem batalha Deus ajuda… Achei as benditas passagens num preço viável e dentro do período desejável. Nisto comecei a pensar em localizar uma agência de viagens, para me auxiliar em algumas coisas no planejamento e burocracia do processo. Lembrei de uma pessoa que havia me auxiliado noutra operação. Fui conversar com ela, discutimos sobre como fazer e o que fazer diante da idéia que eu tinha para essa viagem. Acharam muito interessante eu querer me aventurar por tantos lugares e dias com um motor-home, pela Europa. Opa! Havia conseguido mais alguns aliados… Eu já havia me convencido de tal forma, que estava falando com agência de viagem sobre compra de passagens e o povo lá de casa ainda se mantinha “batendo o pé”. Minha filha já estava “dobrando”, mas minha “senhoura” mantinha-se cética.
Lembrei em convidar a família da esposa para vir a nossa casa e fazermos um churrasco, no intuito de ajudar no convencimento. Aí exporia nossa intenção a eles para ver no que daria. Fiz isto então, como havia pensado. No dia da visita, o pessoal chegou e fomos conversando, conversando até que comentei dos nossos planos. Bah! Reação pra lá de boa. Os comentários foram:
_ Mas, que legal! Irão quando?
_ Se eu fosse mais jovem, eu também iria fazer a mesma coisa.
Com essas reações favoráveis, pagou-se o churrasco e mais um pouco… Novo capítulo, esposa empossada como viajante e concordante. Lancei-me na tentativa de emitir os bilhetes das passagens aéreas o quanto antes. Puff! Quando fui procurar novamente por aquelas passagens, já não tinha mais lugar naquele vôo para Lisboa. Bah! Era um vôo direto na ida e na volta, saindo de Porto Alegre. Era perfeito! Tinha escolhido Lisboa por causa da língua. Queria ter a menor dificuldade possível ao chegar à Europa. Pois, tinha que alugar um veículo pela internet e entender como manuseá-lo, chegando lá. Bah! Ferrou tudo! Ai, ai… Calma, pensa… Vai que dá!
“Bueno, vamos a Madri. És hermosa e mui rica también!”. Optei pelo “portunhol”, então. Não teve outro jeito! Fui novamente ver opções na internet, se haveria ou não passagens para a Espanha no período elegido. Poderia também ser para qualquer cidade de porte, na Espanha. Procurei, procurei e… Achei! Aleluia irmãos! Fui voando à agência de viagem para emitir os bilhetes e não correr mais o risco de perder a compra desta vez. Não que precisasse ir até a agência para fazer isto, mas assim consegui obter maior segurança e auxílio quanto aos detalhes inerentes à viagem: passagens, passaportes, vacinas, documentos, restrições, visto e uma boa ajuda na elaboração do roteiro.
O roteiro era sempre um item que merecia uma atenção muito especial. Afinal, tive que picotar algumas partes nele e melhorar muito a questão logística geográfica. Pois, dependia muito do desenho no mapa aonde se localizavam as cidades aonde queria passar, para que ficassem numa rota eficiente, sem idas e vindas, somente idas, fazendo um círculo no mapa. Assim, conseguiria pegar o motor-home num ponto e devolvê-lo no mesmo ponto. Havia nascido a criança, finalmente. Ficou mais ou menos assim o roteiro básico: Madri, Zaragoza, Andorra (Andorra Velha), Barcelona, Perpingnan, Marselha, Saint-Tropez, Cannes, Nice, Mônaco, Gênova, Pisa, Florença, Roma, Venezza, Trento, Stelvio, Interlaken, Lucerna, Berna, Paris, Bordeaux, Madri. Ufa! Respirannndoooo!
Ainda faltava o motor-home, tinha que resolver a sua locação… Foi outra empreitada braba, para iniciante nesse terreno. Bem, não adiantou olhar para os lados. Foi comigo mesmo ou com a ajuda da agência de turismo. O pré-requisito era ser uma empresa localizada em Madri. Nossas passagens apontavam para lá, chegada e retorno. E outra coisa, a locadora do motor-home também deveria nos buscar no aeroporto e nos levar ao aeroporto no momento da volta. Novamente, em resumo, a “peleia” era pelo melhor veículo e pela melhor opção de acessórios disponíveis, logicamente, pelo menor preço. Encontrei um “bala”! Beleza! Fui pedir auxílio à agência de viagem. Pois, acreditava serem conhecedores de mais detalhes do que eu. Ou, pelo menos, se não isto, trocaríamos experiências. Fiquei aguardando o retorno… Também vasculhei na internet por pessoas que já tivessem feito este tipo de aventura pela Europa. Encontrei vários relatos e até conversei com um colega de São Paulo, que foi para a Alemanha no ano passado com a família. Naquela altura do campeonato, já tinha ajudantes fiéis à causa: minha esposa e filha. Minha esposa montou toda a lista de locais e o que fazer em cada uma das cidades além das distâncias entre cada ponto. Essas informações tabuladas davam maior visibilidade em comparações com o que se encontrava na internet e com o que recebíamos da agência de viagens. Agora sim! Estávamos “viajando na viagem” mesmo… Que maravilha!
Pois não é que se passaram alguns dias nessa fase e quando fui olhar novamente o veículo… Putz! Já não tinha mais disponível para o período que queríamos. Ai, ai , ai… Eu estava procurando algo para o mês de setembro, que já é outono por lá, é considerado temporada média/baixa. Pensei que estivesse tranqüilo. É, mas… Não me lembrei dos “velhinhos” aposentados, que são muitos por lá. Não tendo nada para fazer além de gozar a vida e com dinheiro no bolso… As criaturas decidem ir passear nesta época, porque é mais calmo e tranqüilo, sem tantas filas e os valores são mais baixos. Bem, pelo menos me senti bem em saber que já possuía esta mesma visão que eles têm hoje, de manejo, tendo bem menos idade…hehehehe Muitas vezes fui criticado por este tipo de escolha. Constatei, mais uma vez, como é possível viver bem, gastando menos ou pouco, em relação à maioria que opta pela alta temporada. Pois é, mas, que saco! Tudo de novo, como seria difícil encontrar outro motor-home naquele mesmo valor… Ferrou! Calma, pensa… Vai que dá! Assim, lembrei em pedir algumas indicações de outros locais, para a empresa com a qual eu estava tratando sobre o aluguel do motor-home. O meu contato até então, prontamente, passou-me o “site” de outra empresa locadora. A partir daí, acessei a página deles na internet. Li tudo o que pude, para saber da idoneidade desses e tudo mais até ficar seguro novamente.
E-mail vai, e-mail vem. Escrevi em espanhol, o que acham? Bah! Que dureza! Num dos e-mails a mulher do outro lado me disse que era nascida no Brasil. E que ela entendia muito bem, mas que não sabia falar o português. Assim, pude me expressar em português com ela. Facilitou muito. Já estava cansado do tradutor do Google…hehehe. Responderam-me tudo o que quis saber e mais um pouco. Foram muito atenciosos, mesmo. Consegui com eles um veículo um pouco menor, mais fácil de manejar, mas com o mesmo conforto que necessitávamos estando em três pessoas. Num preço menor e constando todos os mesmos acessórios e detalhes do anterior, quanto a: cama, mesa e banho, TV-CD, seguro total e quilometragem livre. Além de tudo isto, ficou acertado de que fariam o nosso translado do aeroporto à empresa e vice-versa. Novamente, como fiz com as passagens, não querendo correr mais algum risco, fechei rapidamente. Desta vez, sem ouvir muito a voz interior, que estava um pouco apreensiva pelo fato da empresa locadora não estar no cadastro de nenhuma operadora daqui do Brasil. Lógico, o valor por dia ficaria mais caro, locando através de uma operadora daqui. Mas, não existiria o risco de eu tomar um “balão”. Bem, “quem não belisca não petisca” ou seria “quem não petisca, não arrisca”, sei lá. Já estava meio zonzo… E só me estava restando o ânimo interior e palavra de ordem… Vai que dá! Tem que dá…
Tudo pronto! Tudo arrumado para viagem e em contagem regressiva. Não mais agressiva…hehehehe Embarcamos dia 07/09/11. Quase maravilha, não fosse às três horas de espera para a conexão, na cidade maravilhosa – Rio de Janeiro. Dá nada… Estávamos passeando… Ao fundo, “Ai que fome, será que servirão algo para jantarmos no avião para Madri ou vamos comer algo por aqui mesmo”. Novo enfrentamento estratégico, agora já na prática, tinha que salvaguardar a lei financeira imposta. Tínhamos muito pela frente. Aliás, tudo… Não convenci com minha tese. Jantamos os três num boteco de aeroporto pela bagatela de R$ 97,00. Carinho, né?! É de perder a fome… Por sorte, ainda não estávamos falando e calculando em Euros… Já pensou?!
Estava chegando a hora do vôo que iria atravessar o atlântico. O medo pegando de perto. Imaginava se o motor poderia dar uma falhada lá em cima. Nadar de volta ia ser o supra-sumo da má sorte, se sobrevivêssemos à queda, logicamente…hehehehe. Vamos, rápido, rápido… Assim não dava tempo de se pensar muito… Entramos no avião e sentamos. Havia um zunido estranho vindo dos bancos de trás. Apenas duas queridinhas crianças, disputando a janela. Iria ser uma bela noite, o que seriam essas poucas horas sem dormir. Dá nada… Estávamos passeando… Ocorreu um milagre, as criaturinhas mudaram de lugar. Ótimo! Já estava sacudindo sem mesmo o avião levantar vôo e sentindo algum tipo de turbulência de tanto levar chutes e empurrões na traseira do meu banco. Na tentativa de salvar os adultos ao redor daquelas criaturinhas, as queridas e inteligentes comissárias trouxeram, para as crianças, um kit para pintar e colar. Mas que terno, não?! Os “bichinhos” cansaram depois de algum tempo e dormiram durante o restante vôo. Dali a pouco foi servido o jantar aos passageiros… Comemos e bebemos novamente. Afinal, já estava pago e não se podia desperdiçar, né?! Enfiávamos para dentro, não se sabia como seria o amanhã… Bah! Tinha que ir ao banheiro… Também, esticar as minhas pernas. Ops! Me deparei com uma fila, estando eu a 10000 metros de altura. Foi meio estranho. Parecia que todos tinham tido a mesma idéia naquele mesmo instante. Olha, assim, naquela situação, é de se perguntar onde foi aquele clima de voar chique e aveludado, que demonstra que ninguém tem necessidades fisiológicas, onde tudo é glamour?! Fui para fila apressado e permaneci suando durante a espera da minha vez. Enquanto isto, para me distrair, fiquei observando a quantidade de gente confinada juntas durante uma noite toda, tentando dormir num local que não é propício para isto. Loucura, loucura… Queria caminhar mais um pouco, quis ir visitar a primeira classe… Deixei para outro dia ou oportunidade. Lá junto a porta que dava acesso, havia comissários com ares de guardiães da “ Imaculada Conceição”. Achei que não me deixariam passar e voltei. Sentei e comecei a pensar em algumas bobagens. Imaginei se teria ou não alguém a nos esperar no aeroporto, realmente. Torcia muito para que nossas malas tivessem vindo conosco naquele mesmo vôo. Bem, o jeito foi dormir… Pois, na manhã seguinte teria que estar bem ligado, para estar apto às tarefas que me aguardavam.
Pousamos em Madri, depois de ter visto pela janela do avião terra a vista, desde o estreito de Gibraltar. Podendo observar a topografia e o tipo de solo e vegetação predominante na Espanha. Pura emoção! Mas bem diferente do que conhecemos por aqui. Lá é predominantemente, árido.
Tão logo desembarcamos, nos dirigimos ao balcão da aduana para ver se iríamos entrar, de fato, na Espanha e, conseqüentemente, na Europa. Sabíamos que os brasileiros estavam vivendo em peso por lá e a crise rolando solto, poderia nos criar alguma dificuldade. A Espanha estava mais seletiva, quanto à entrada de estrangeiros no país. Mas, tínhamos tomado algumas providencias quanto a isto, nos apontando como simples turistas e não como imigrantes. Providências como levar um bom valor em moeda corrente, contado por pessoa, cartões de crédito e cartão de débito, internacionais. E o que seria muito importante: o voucher do aluguel do motor-home, comprovando que teríamos onde ficar durante a estada. Tão compatível quanto a uma reserva de hotel. Além disto, em nossas passagens constava a data do retorno. Passamos sem problemas. Amém! O aeroporto é enorme e muito bonito, limpo e organizado. É o segundo maior da Europa. Para se ter uma idéia do seu tamanho. Demoramos uns 30 minutos entre tramite de aduana que foi rápido, pegar as malas e tomar o trem subterrâneo que nos levou à saída. Lá, nos deparamos com uma grata surpresa. Havia um rapaz de camisa da seleção brasileira de futebol, com um cartaz em mãos, onde constavam nossos nomes. Eta porquera! Até àquela hora estava tudo funcionando… A disposição desse rapaz foi mais uma gentileza da empresa que alugou o motor-home para nós. Mandou-nos um brasileiro residente em Madri, que trabalhava numa empresa coligada construtora de motor-homes. Ele iria nos ajudar a entender todo o funcionamento do motor-home além de poder ser um facilitador de forma geral. Primeiro mundo – paga o justo e recebe o serviço completo. Vamos lá Brasillll…
Fomos tranqüilamente conduzidos pelo Marcelo, passeando por Madri. Cidade tremendamente limpa e organizada também – terreno árido, mas muito linda, até chegar à empresa aonde iríamos pegar o veículo. Chegamos à empresa Eurovan 2000, fomos apresentados ao Jesus e a Esther, proprietários da empresa de locação de motor-homes. Foram tremendamente atenciosos, como de costume. Apresentaram-nos todo o funcionamento do veículo, nos mínimos detalhes. (Sugiro que filmem esta demonstração, poderá ser útil mais tarde). Passaram-nos os seus telefones de contato e nos deram uma chave da empresa também, para o caso de chegarmos muito tarde no dia do retorno e entrega do veículo, marcado para o dia 23/09/11. Assim, poderíamos entrar de qualquer forma e estacionar no pátio. Essa gentileza nos permitiu que dormíssemos no próprio motor-home essa noite, não tendo que ir para um hotel. Economizamos mais um pouquinho. Assim, poderíamos estar prontos bem cedo, para a manhã seguinte quando nos levariam ao aeroporto. O local onde eles estão estabelecidos é uma região campestre e um pouco distante do aeroporto, mas com esse cuidado tudo transcorreria muito bem nesta etapa da nossa viagem. Então, para nós foi ótimo. Foram sensacionais!
Liguem os motores, engatem a marcha que iremos partir… tchan, tchan, tchan, tchan… Fácil, fácil de dirigir, já senti isto no primeiro contato. Como se fosse um carro de passeio. Era motorizado pela Fiat – Ducato. O difícil foi lembrar e fixar que o carro é bem maior do que o nosso próprio. Tem que se ligar!!!
Seguimos o pessoal que estava indo embora também naquela mesma hora, já que era passado do meio-dia. Saímos desta área campestre onde está localizada a empresa e, de cara, pegamos a autovia. Não dá nada… Vai que dá! Estava me sentindo um motorista profissional depois de dirigir por pouco mais de um quilômetro. Tamanha a facilidade e conforto de manejar o veículo. O pessoal nos deixou na entrada de um grande shopping chamado Xanadu, para que pudéssemos abastecer a “casa”. Tentaríamos fazer a maior parte das refeições no próprio motor-home. Indicaram alguns lugares, comidas, bebidas e passeios por Madri. Foram sensacionais e muito dispostos em nos ajudar, mais uma vez.
Dentro deste shopping, fomos à procura de comprar um chip local para o telefone e internet, roupas, comidas e após tentar comer alguma coisa. Pois, já eram quase três da tarde, horário local. Só não sentíamos a fome e o cansaço apertar por já estarmos envolvidos com todo estímulo visual ao nosso redor. Tudo aquilo era novo e bárbaro, para nós. Pôxa! Depois de tantos anos de espera, estávamos realizando um sonho ou vários ao mesmo tempo. Sentíamo-nos felizes como se fossemos criança novamente. A cada instante um puxava o outro querendo mostrar algo interessante. Todos eufóricos! E ainda nem tínhamos iniciado, de fato, o passeio.
Fomos comer neste mesmo shopping, por indicação de nosso recém amigo Marcelo, uns “bocaditos”. São pequenos sanduíches com vários tipos de ingredientes entre salames e queijos, um festival de degustação de algumas das iguarias espanholas, acompanhado de uma jarra de chopp, sem álcool. Na Espanha, se come muito bem e se gasta pouco, comparado com outros países. Além, dos “bacaditos” também pedimos uma prova dos “tapas”… Não pense ou imagine que foi uma sessão de esbofeteio…hehehe Apenas é o nome dado aos “tira-gostos”, que fazem o acompanhamento à bebida, para os espanhóis.
O prato típico mais conhecido dos espanhóis é a “parrilla” seja preparada com frutos do mar ou com carnes em geral. Eles adoram cerveja também. Porém, não podemos esquecer a bebida típica deles: a sangria. Desta vez, não a experimentamos. Apesar de querermos ir até as “cavas” no centro de Madri, à noite, para curtir todo o clima “caliente” num show de Flamenco, não deu tempo desta vez também e nem tivemos fôlego para tanto. Ficou na agenda, para a próxima. Bah! Iniciou-se esta agenda com o codinome: “olhar com os olhos e lamber com a testa.”… Pequenas frustrações com o contra-argumento de que voltaríamos para realizar tal tarefa. Sim, tarefa! Pois estávamos já, num ritmo de gincana. Tendo o que fazer e tempo para cumprir. Bah! Uma loucura! hehehe
Antes de irmos para o centro de Madri, fomos conhecer a pista de esqui coberta, que existe neste mesmo shopping. Ela funciona o ano inteiro e é bem legal para quem quer praticar esqui fora de época. Coisa incrível, impressionante mesmo! Eu somente tinha notícia de uma pista igual a esta em Dubai, ao assistir um programa de turismo na TV.
Bem, tínhamos que ir para o centro de Madri iniciar a jornada. Pois, nossa intenção era fazer um tour por Madri ainda nesta tarde e partir para Andorra logo cedo do dia seguinte. É de se imaginar de como podíamos estar tão seguros para se deslocar por todo o trajeto do passeio e as suas cidades, com destreza e sem conhecer nada por ao

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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