Além de ter sido convidado a moderar um painel sobre o tema, Marcos Pivari do Portal e APP MaCamp foi convidado a escrever um artigo sobre a modalidade para ser publicado na revista oficial da edição 2020 do Congresso da maior entidade do Ecoturismo e Turismo de Aventura do Brasil. A modalidade de se levar a própria casa para onde viajar cresceu durante a pandemia e vai de encontro ao imenso potencial que o país possui para o setor.
Expectativas do Caravanismo e do Campismo para o Brasil no pós pandemia.
Falar de Pós Pandemia no setor apenas resume uma aceleração do potencial que o campismo já seguiria no cenário turístico nacional. Se agora o indivíduo busca locais de isolamento social com destinos ligados à natureza e ainda sairão menos do país para desbravar nossas riquezas culturais e naturais, buscarão viajar levando sua própria casa para não utilizar de equipamentos coletivos. Uma modalidade que sempre se mostrou enormemente potencial para um país como o Brasil, ganhou ainda mais sentido com a vinda do chamado “novo normal”.
O caravanismo é muito conhecido e difundido na Europa e América do Norte. A cultura secular formou uma infra estrutura muito grande nestes países, na maioria deles com climas muito frios. Já no Brasil, a cultura ainda não totalmente popularizada esconde o imenso potencial que temos para a modalidade. Um país de dimensões continentais, com mais de 9 mil quilômetros de litoral, diversos climas, ecossistemas e diferentes culturas, com muito mais áreas de preservação ambiental, parques onde não somente os veículos de recreação são bem encaixados, como também a modalidade nômade (barracas) são possíveis num clima tropical aumentando assim esta modalidade.
O Campismo e caravanismo são multifacetados. Além de hobby, esporte e “life style”, ainda é uma importante modalidade de hospedagem que possibilita aumento do leque de diversos equipamentos turísticos, não só de hospitalidade, mas também como restaurantes, pontos de interesse turístico e serviços que contam com uma infra-estrutura simples e barata para implantação sem grandes investimentos. Em termos socioambientais é um importante caminho por proporcionar aumento de leitos sem a necessidade de construções, desmatamentos ou grandes investimentos, além de ser uma ótima oportunidade de receptivo para famílias de baixa renda locais. Estes podem oferecer seus quintais como modalidade de hospedagem garantindo renda e ao mesmo tempo preservação da natureza.
Depois da chegada da Pandemia muito se modificou no cenário caravanista. Muitas pessoas e famílias fugiram das grandes cidades e também descobriram ou se certificaram que o “home office” é possível. A mídia ficou recheada de reportagens sobre pessoas que venderam tudo para viver na estrada em suas casas móveis, afinal o “home-office” pode ser transformado em um prazeroso “Road-home-office. O quintal agora é o mundo.
Campismo e Natureza – Uma das maiores e mais efetivas formas de um indivíduo se dar conta da importância da preservação é estar inserido nela. Somente de formas presenciais uma pessoa poderá ter noção de quão belo e tão frágil é o universo da fauna e flora dos nossos ecossistemas. Não somente estar, mas poder estar é importantíssimo para iniciar esta empatia. Tão importante quanto os espaços receptivos dos Parques Nacionais, Estaduais e Naturais é também a disposição de áreas de camping junto a eles. Desta forma se obtém leitos com alto grau de contato com esta natureza e seus programas educativos e ao mesmo tempo diminui-se a necessidade ou incidência de desmatamento e construções irregulares nas áreas de preservação ou periféricas de amortecimento. Poder se hospedar em um parque nacional levando sua própria casa (sobre rodas ou de lona), com apoio do centro de visitantes e suas programações e atividades, aprender mais sobre preservação, ecossistema, gestão de resíduos e ir embora sem deixar nenhum rastro de sua ocupação não tem preço.
Campismo e Sociedade – Quando falamos em turismo e pessoas de baixa renda, estes estão quase sempre inclusos de maneira filantrópica e periférica tanto do lado empreendedor quanto do lado turista. A modalidade de hospedagem “camping” pode trazer enormes benefícios para moradores locais (pescadores, sitiantes, ribeirinhos ou quilombolas) em utilizarem seus quintais quase sempre bem inseridos em relação ao mar ou natureza. Desta forma oferecem-se leitos em locais privilegiados, em conformidade com impactos ambientais onde não é necessário desmatamento e construções. A ideia trabalha em prol de uma renda extra sobre um empreendimento sem necessidade de grandes investimentos. Já do lado “turista”, a pessoa sem poder aquisitivo tem oportunidade de fazer turismo a custos mais baixos sem a necessidade de diárias mais caras, reservas ou pacotes. Com ou sem poder aquisitivo, com uma hospedagem mais em conta sobrará mais verba do turista para outros serviços locais, como comércio, restaurantes, guias, passeios e etc.