Em busca da casa móvel
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17 de julho de 2015 às 22:28 #61487GustavoNBloqueado
Buenas! Como venho comentando, toda a parte elétrica do trailer está sendo preparada para que consigamos ficar completamente desconectados da energia externa na maioria dos casos, mesmo quando estivermos em um camping. Isso está sendo feito com placas solares, reduzindo o gasto do básico (geladeira 12V, etc), e com um inversor razoável para ser ligado quando necessário para TV e outros eletrodomésticos. Porém, esse plano tem um ponto fraco: o ar condicionado. A configuração elétrica está sendo feita de forma que o ar condicionado funcione também através do inversor para que possamos dar uma refrescada básica no trailer no caso de uma parada para almoço ou algo do gênero, mas por maiores que sejam as baterias, e por melhor que seja o inversor, não tem como virar a noite com um consumo de ~58Ah (~700W). Mesmo que o ar ligue e desligue, é muita coisa. Uma opção é desconectar o ar do inversor e só usar com a energia externa. Mas com isso perderiamos esse benefício de um uso rápido para uma parada diurna que além de pouco tempo tem o auxílio das placas solares, e portanto deve funcionar sem maiores problemas. Além disso, também tem o problema da energia do camping poder ficar abaixo do necessario para que o ar condicionado funcione corretamente sem danos, o que necessitaria de algum sistema de regulagem de tensão.. esses sistemas em geral são muito caros e pesados pra esse tipo de potência (um conversor novo da Technomaster, bastante tradicional no uso de RVs aqui no Brasil, está na faixa dos milhares de reais). Então, depois de muito pensar a respeito, me ocorreu a idéia de usar uma fonte chaveada. Fontes chaveadas são bem mais leves e em geral mais baratas do que carregadores de baterias de potência equivalente. Também é comum essas fontes serem bi-volt automático, o que facilita um pouco na hora de aportar em um novo camping. Minha idéia inicial era usar ela conectada no carregador solar, junto a entrada das placas. Com bons equipamentos essa configuração deve funcionar sem maiores problemas. Porém, eu já estou mudando de idéia e pensando em conectar a fonte junto a saída 12V do carregador solar, por dois motivos: primeiro porque nosso carregador solar é de 40A, e essa diferença de 20A na prática vai fazer com que as baterias fiquem descarregando e recarregando conforme o ar liga e desliga, e isso é péssimo pra saúde da bateria; e segundo porque dessa forma os sistemas ficam redundantes – se um ou outro der problema, ainda temos a alternativa funcionando até que o problema se solucione. Uma nota rápida: se alguém quiser ligar um carregador desses junto as placas solares, por favor lembre-se de usar diodo tanto na saída das placas quanto da fonte para evitar problemas. Bom, e depois de muito pensar e pesquisar, achei e encomendei uma fonte chaveada que tinha os requisitos básicos que procurava: 60A, 2kg, e ventilação forçada que liga somente quando a temperatura sobe demais, para evitar algo zunindo o tempo todo dentro do trailer. Os testes iniciais são promissores. A fonte não conseguiu ligar o inversor sozinha, o que deveria ser possível considerando as especificações, mas eu achava muito difícil essa parte ser verdade e realmente não era. Para ligar foi necessário a ajuda da bateria, mas depois de ligado a fonte segurou o inversor tranquilo. Liguei uma torradeira de 700W na saída do inversor, e a fonte continuou segurando sozinho sem problemas. Claro, a carga resistiva da torradeira é muito mais fácil de ligar, mas na prática as baterias é que vão satisfazer a grande demanda de pico que o ar vai gerar para ligar. O importante é que uma vez ligado, a fonte consiga satisfazer (ou ao menos aproximar) a demanda. O que me surpreendeu um pouco, positivamente, é que nem a fonte nem o inversor chegaram a atingir temperaturas em que fosse necessário a ventilação forçada, então o teste todo ocorreu em silêncio. Isso com a temperatura ambiente amena, por volta dos 19°C. Certamente isso não vai ocorrer no verão. Seguem algumas fotos termais dos testes: [attachment=6224][attachment=6225][attachment=6226] Uma outra foto termal interessante, mostrando que uma das conexões dos cabos 12V feita as pressas não estava muito bem feita: [attachment=6227] E aqui uma imagem do osciloscópio, mostrando uma das desvantagens da fonte chaveada: o chamado “ripple” – pequenos picos de voltagem gerados pela forma de funcionamento da fonte chaveada (tradução pobre do inglês “switched mode power supply”, que faz referência a alta frequência com essas fontes funcionam): [attachment=6228] Notem que a onda está bastante ampliada, com cada quadradinho representando 10 microsegundos na horizontal e 0.1V na vertical, então o pico do ripple fica na verdade por volta de 0.2V. A principal desvantagem desse sistema que deve ser dita é que é menos seguro do que um transformador tradicional, pois não existe o que chamamos de separação “galvânica” entre a rede de 110/220V e a rede de 12V. Em outras palavras, a separação é eletrônica, ao contrário de um transformador isolado tradicional para esse tipo de sistema 12V, em que a transferência de potência é feita magneticamente, e portanto com muito mais segurança. Devo fazer mais alguns testes por aqui, e está chegando perto da hora de colocar toda essa parafernália pra funcionar. Grande abraço, e bom fim de semana pra todos. Gustavo
17 de julho de 2015 às 22:37 #61488GustavoNBloqueadoBuenas! Como venho comentando, toda a parte elétrica do trailer está sendo preparada para que consigamos ficar completamente desconectados da energia externa na maioria dos casos, mesmo quando estivermos em um camping. Isso está sendo feito com placas solares, reduzindo o gasto do básico (geladeira 12V, etc), e com um inversor razoável para ser ligado quando necessário para TV e outros eletrodomésticos. Porém, esse plano tem um ponto fraco: o ar condicionado. A configuração elétrica está sendo feita de forma que o ar condicionado funcione também através do inversor para que possamos dar uma refrescada básica no trailer no caso de uma parada para almoço ou algo do gênero, mas por maiores que sejam as baterias, e por melhor que seja o inversor, não tem como virar a noite com um consumo de ~58Ah (~700W). Mesmo que o ar ligue e desligue, é muita coisa. Uma opção é desconectar o ar do inversor e só usar com a energia externa. Mas com isso perderiamos esse benefício de um uso rápido para uma parada diurna que além de pouco tempo tem o auxílio das placas solares, e portanto deve funcionar sem maiores problemas. Além disso, também tem o problema da energia do camping poder ficar abaixo do necessario para que o ar condicionado funcione corretamente sem danos, o que necessitaria de algum sistema de regulagem de tensão.. esses sistemas em geral são muito caros e pesados pra esse tipo de potência (um conversor novo da Technomaster, bastante tradicional no uso de RVs aqui no Brasil, está na faixa dos milhares de reais). Então, depois de muito pensar a respeito, me ocorreu a idéia de usar uma fonte chaveada. Fontes chaveadas são bem mais leves e em geral mais baratas do que carregadores de baterias de potência equivalente. Também é comum essas fontes serem bi-volt automático, o que facilita um pouco na hora de aportar em um novo camping. Minha idéia inicial era usar ela conectada no carregador solar, junto a entrada das placas. Com bons equipamentos essa configuração deve funcionar sem maiores problemas. Porém, eu já estou mudando de idéia e pensando em conectar a fonte junto a saída 12V do carregador solar, por dois motivos: primeiro porque nosso carregador solar é de 40A, e essa diferença de 20A na prática vai fazer com que as baterias fiquem descarregando e recarregando conforme o ar liga e desliga, e isso é péssimo pra saúde da bateria; e segundo porque dessa forma os sistemas ficam redundantes – se um ou outro der problema, ainda temos a alternativa funcionando até que o problema se solucione. Uma nota rápida: se alguém quiser ligar um carregador desses junto as placas solares, por favor lembre-se de usar diodo tanto na saída das placas quanto da fonte para evitar problemas. Bom, depois alguma pesquisa achei e encomendei uma fonte chaveada que tinha os requisitos básicos que procurava: bi-volt automático, 60A, 2kg, e ventilação forçada que liga somente quando a temperatura sobe demais, para evitar algo zunindo o tempo todo dentro do trailer. Também procurei uma que ao baixar a tensão simplesmente baixe a corrente fornecida ao invés de desligar completamente. Isso resolve o problema dos campings sobrecarregados. Os testes iniciais são promissores. A fonte não conseguiu ligar o inversor sozinha, o que deveria ser possível considerando as especificações, mas eu achava muito difícil essa parte ser verdade e realmente não era. Para ligar foi necessário a ajuda da bateria, mas depois de ligado a fonte segurou o inversor tranquilo. Liguei uma torradeira de 700W na saída do inversor, e a fonte continuou segurando sozinha sem problemas. Claro, a carga resistiva da torradeira é muito mais fácil de ligar, mas na prática as baterias é que vão satisfazer a grande demanda de pico que o ar vai gerar para ligar. O importante é que uma vez ligado, a fonte consiga satisfazer (ou ao menos aproximar) a demanda. O que me surpreendeu um pouco, positivamente, é que nem a fonte nem o inversor chegaram a atingir temperaturas em que fosse necessário a ventilação forçada, então o teste todo ocorreu em silêncio. Isso com a temperatura ambiente amena, por volta dos 19°C. Certamente isso não vai ocorrer no verão. Seguem algumas fotos termais dos testes: [attachment=6224][attachment=6225][attachment=6226] Uma outra foto termal interessante, mostrando que uma das conexões dos cabos 12V feita as pressas não estava muito bem feita: [attachment=6227] E aqui uma imagem do osciloscópio, mostrando uma das desvantagens da fonte chaveada: o chamado “ripple” – pequenos picos de voltagem gerados pela forma de funcionamento da fonte “chaveada” (tradução pobre do inglês “switched mode power supply”, que faz referência a alta frequência com que essas fontes funcionam): [attachment=6228] Notem que a onda está bastante ampliada, com cada quadradinho representando 10 microsegundos na horizontal e 0.1V na vertical, então a maior parte do ripple não chega a 0.05V. A principal desvantagem desse sistema que deve ser dita é que é menos seguro do que um transformador tradicional, pois não existe o que chamamos de separação “galvânica” entre a rede de 110/220V e a rede de 12V. Em outras palavras, a separação é eletrônica, ao contrário de um transformador isolado tradicional para esse tipo de sistema 12V, em que a transferência de potência é feita magneticamente, e portanto com muito mais segurança. Devo fazer mais alguns testes por aqui, e está chegando perto da hora de colocar toda essa parafernália pra funcionar. Grande abraço, e bom fim de semana pra todos. Gustavo
18 de julho de 2015 às 11:46 #61496EdintruderParticipanteGustavo, A instalação de um “interclima” seria suficiente para a noite pois tem um consumo muito inferior ao ar condicionado, embora a capacidade de refrigeração seja muito limitada. Dessa forma podes usar o AC conectado na rede e o interclima quando estiver na rede 12v. Vale a pena dar uma conferida nesse equipamento. No futuro esse será o meu investimento em climatização por motivos de baixo consumo de energia. Tem um modelo slim que é bem baixinho em relação ao teto, gerando pouco arrasto aerodinâmico.
18 de julho de 2015 às 16:47 #61499GustavoNBloqueadoBuenas Ed! Eu não sou fã desses climatizadores por evaporação, Ed. A idéia de jogar água pra dentro do trailer e umedecer o ambiente em troca de uns poucos graus (poucos mesmo.. 2.. 4..) me dá arrepios. Eu tenho um plano que eu quero botar em prática ainda nos 12V, e se der certo me ofereço a te ajudar a fazer um se quiseres. Sabes esses condicionadores de vinho e coolers 12V baratinhos que encontramos no Uruguai? A mágica alí é feita por uma placa peltier: [attachment=6229] Isso é um dispositivo semicondutor de funcionamento muito simples: aplica corrente pra um lado, uma das superfícies aquece e a outra resfria. Aplica corrente pro lado oposto, e as superfícies que aquecem e resfriam se invertem. Aquece e refria mesmo… a suficiente para congelar água que esteja em contato com a superfície fria. Bom, imagina uma placa peltier sanduichada entre dois dissipadores de calor de CPU, com um ventilador de CPU em um dos lados. Aí imagina esse conjunto inserido em uma abertura na lateral de um cano de 100mm, e um outro ventilador de CPU na ponta do cano. Algo desse tipo: [attachment=6230] O conjunto todo ficaria do lado externo do trailer. Em um dia quente, o dissipador de calor que está do lado interno do cano gelaria, e o ventilador na ponta do cano empurra o ar frio pra dentro do trailer. O dissipador do lado externo do cano esquenta, e o ventilador de CPU em cima dele ajuda a dissipar o calor para que o conjunto continue funcionando. Para completar, só precisaria de um sistema eletrônico simples para controlar a corrente de forma a manter a temperatura do lado quente dentro do limite da placa peltier (ela esquenta o suficiente para se auto-destruir). O ideal no sistema de verdade também seria utilizar algo quadrado ao invés de um cano, para otimizar o quanto da superfície fria está dentro e o quanto da superfície quente está fora, mas a idéia é a mesma.
18 de julho de 2015 às 16:54 #61500GustavoNBloqueadoBuenas Ed! Eu não sou fã desses climatizadores por evaporação, Ed. A idéia de jogar água pra dentro do trailer e umedecer o ambiente em troca de uns poucos graus (poucos mesmo.. 2.. 4..) me dá arrepios. Eu tenho um plano que eu quero botar em prática nos 12V, em algum momento. Sabes esses condicionadores de vinho e coolers 12V baratinhos que encontramos no Uruguai? A mágica alí é feita por uma placa peltier: [attachment=6231] Isso é um dispositivo semicondutor de funcionamento muito simples: aplica corrente pra um lado, uma das superfícies aquece e a outra resfria. Aplica corrente pro lado oposto, e as superfícies que aquecem e resfriam se invertem. Aquece e refria mesmo… é suficiente para congelar água que esteja em contato com a superfície fria, e suficiente para se auto-destruir no lado quente (precisa dissipar o calor e controlar o aquecimento). É fácil imaginar um pequeno ar condicionado feito com alguns desses.
18 de julho de 2015 às 19:52 #61507rafael mafraParticipanteMe surgiu uma dúvida agora com relação a falta da clarabóia na cozinha… Você vai instalar um exaustor em cima do fogão? Enviado de meu SM-G7102T usando Tapatalk
18 de julho de 2015 às 20:41 #61508GustavoNBloqueadoIsso, tem um exaustor sim, Rafael.
18 de julho de 2015 às 22:27 #61510Odair TeixeiraParticipanteGustavo Eu vi um condicionador de ar “veicular” que usava placas peltier… Tinha um maluco aqui em SP que tinha desenvolvido um prototipo. Só que parte quente da placa esquentava pra caramba. Dava pra ferver água. O bagulho refrigerava um pouco, mas não tinha a eficiência térmica de um condicionador convencional (ciclo Canot). Tinha problemas de espaço para acondicionar a parafernália tb.. Com relação a fonte chaveada, eu encomendei uma no ML para usar como carregador da bateria estacionaria. Mas comprei uma de amperagem menor. Depois posta o esquema elétrico que vc está montando aí. Tá ficando top! Abraço Odair
19 de julho de 2015 às 04:34 #61520GustavoNBloqueadoBuenas Odair, Legal, eu imagino que deve existir alguma coisa nesse estílo até mesmo em produção. Eu só não achei algo legal nesse estílo ainda, e de certa forma também não procurei muito pra ter o prazer de fazer algo em casa depois. Pra começar a brincadeira eu provavelmente colocaria uma placa peltier entre dois dissipadores, colocaria um ventilador de um lado, e colocaria isso dentro de um cano de 100mm, com um outro ventilador na ponta. Algo nesse estilo: [attachment=6236] Frita mesmo, Odair. Pra placa não se auto-destruir e o sistema funcionar de forma eficiente tem que resfriar o lado quente pra valer.
19 de julho de 2015 às 04:43 #61521GustavoNBloqueadoBuenas Odair, Legal, eu imagino que deve existir alguma coisa nesse estílo até mesmo em produção. Eu só não achei algo pronto que fosse legal pra um trailer ainda, e pra ser honesto também não procurei muito pra ter o prazer de fazer algo em casa depois. Pra começar a brincadeira eu provavelmente colocaria uma placa peltier entre dois dissipadores, colocaria um ventilador de um lado, e colocaria isso dentro de um cano de 100mm, com um outro ventilador na ponta. Algo nesse estilo: [attachment=6236] Certamente não seria o ideal por vários motivos, mas já daria pra fazer algumas medições pra ter uma noção básica da eficiência do sistema. Também imagino que não vá chegar jamais no nível de um ar condicionado tradicional, mas se refrescar o ambiente de forma perceptível e gastar 10A ao invés de 60A, já vale a brincadeira. Depois me conta se a fonte chaveada funcionou bem, e quanto ao esquema elétrico será um prazer compartilhar. Grande abraço, Gustavo
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