[riobike]

A reforma do trailer KC-450, que meu pai comprou zero em 1974, é um sonho antigo…
A primeira tentativa (na época uma modernização) foi interrompida quando o governo Collor sabotou as Cadernetas de Poupança, em 1990…
Em 2015, já bem desgastado pelo tempo e pelo desinteresse em função das mudanças no CTB, retomei a ideia quando soube que novamente CNH “B” estavam habilitadas à rebocar trailers.
Comecei em janeiro 2015 a reforma; porém, rapidamente percebi que seria uma reconstrução…
Com o falecimento do meu pai em 2015, fiquei parado uns meses e depois resolvi prestar uma homenagem, batizando o KC-450 de Sanssouci, o primeiro barco do meu pai, quando navegava na Baía de Guanabara de águas limpas…

Uma das características interessante desse trailer é o fato de ter sido importado da Alemanha (possivelmente algumas partes montadas no Brasil), por ser um dos primeiros Karmann Caravan produzidos pela Karmann Ghia do Brasil.

A primeira etapa foi retirar tudo que estava guardado dentro e aos poucos desmontar móveis e paredes, a maioria estragada por água, umidade e formigas…
O piso também estava todo podre…
Mas partes como luminárias, fogão e pia, pia no banheiro, armário do banheiro, janelas das laterais, entre outras peças de madeira ainda estão boas e são originais !

Então comecei a retirada desses componentes e tomando cuidado para guardar o máximo de peças em madeira, para poder servir de referência durante a reconstrução.

Uma das maiores dificuldades foi encontrar a madeira correta para troca de algumas peças da estrutura do trailer.
Também algumas medidas foram perdidas, pois, com a madeira podre não foi possível tomar as medidas (p.ex.: as medidas exatas do piso/assoalho).

Outra dificuldade que logo percebi foi a fixação da estrutura, do aluminio externo e do forro interno das paredes no chassi… Essa fixação é bem delicada e é um ponto muito importante para a estabilidade do “casulo” sobre o chassi…
Especialmente a montagem do perfil de aluminio inferior que, além de acabamento e trilho para uma saia do toldo, é também importante para a fixação de todos os componentes no chassi.
Nesse caso, o Carlos Fanara deu uma dica importante e, por segurança e facilidade, será a forma que usarei neste ponto: utilizar um perfil U em aluminio e aparafusar todo o conjunto no chassi com parafuso francês. Esse perfil U além de fixar já será um acabamento.

Os componentes, como janelas e outros detalhes, estão disponíveis na Itú Trailers, então são tranquilos de conseguir e substituir.

Outro ponto que muito atrasou o projeto e o serviço é a minha decisão em reduzir o peso total do trailer.
Estou em busca de materiais e melhorias do layout interno para reduzir o peso, especialmente em paredes e móveis.
Também, utilizarei equipamentos mais leves e não instalarei alguns como micro-ondas (que não utilizarei).

Aos poucos vou postando fotos do antes e depois, com mais detalhes.
A foto é de fevereiro de 2015, quando iniciei a reforma.

[Marcos Pivari]

queremos fotosssss

[Ronald Ataulo]

Querido amigo Thomas, que legal você compartilhar sua história, você é um grande incentivamos do trailismo e merece ter este trailer pronto o mais breve possível. Conte mais da sua história que ficarei aqui olhando com atenção…. parabéns meu amigo!!

[riobike]

Seguem algumas fotos do antes da reforma/restauro.
Como o trailer ficou parado nos últimos anos, acabou sendo usado para guardar algumas tralhas e através da claraboia e janelas quebradas, muitas folhas e sujeira foram acumulando dentro dele… Então, primeira tarefa: a limpeza !

A ideia de incluir essas fotos tem por finalidade principal mostrar que às vezes aquilo que vemos e tomamos um susto, acreditando que não tem solução, é possível sim transformar e restaurar.
Não é a aparência de desgaste, sujeira e a bagunça que definirão a viabilidade da restauração.
Esse é o ponto mais delicado das conversas sobre reforma, restauro, reconstrução de um trailer clássico.

[riobike]

Algumas fotos do interior, onde paredes, móveis e estrutura foram atingidos pela umidade; danificando (apodrecendo) a madeira.
Interessante observar que, num primeiro momento, a claraboia quebrou quando uma manga caiu sobre ela. Esse pequeno buraco permitiu que a água de chuva entrasse fácil no meio do trailer. Como o piso era feito em placas de um material plástico (piso vinílico em placas?), aos poucos essa água conseguiu penetrar entre as frestas das placas, alcançando o assoalho de compensado.
Esse assoalho foi apodrecendo lentamente, à partir do meio do trailer (debaixo da claraboia) e espalhando para os demais pontos do assoalho. Por fim estava todo ele apodrecido.
Pela janela, também quebrada por uma manga, a chuva entrava e apodrecia o revestimento da parede (em chapa de compensado) e a estrutura (esqueleto) do trailer.
Num terceiro momento, acredito que poucos meses em seguida), a chuva também penetrava por outras janelas quebradas (essas quebraram pela ação do tempo que ressecou o Plexiglass e quebrando-o).
Com o excesso de umidade, pontos podres e sujeira, as formigas aproveitaram para construir seus formigueiros.

Enfim, toda a madeira só apodreceu em função da entrada direta de água de chuva pelas janelas e claraboia.
Ou seja, não houve problemas nas emendas das chapas de aluminio externo (calafetação).

Seguem algumas fotos de quando comecei a limpeza (retirada das tralhas):

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Na próxima foto é possível ver a madeira original que revestia as paredes do KC450 1974 e o móvel que meu avô construiu. A madeira que ele utilizou neste armário suspenso está em perfeito estado, nunca apodreceu nem empenou. além de ter combinado com o design e lay-out do trailer. Sem dúvida, um serviço muito superior ao da Karmann Ghia…

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Como um teste de pintura e resistência desta pintura e para a proteção urgente (pois seriam os componentes mais caros e difíceis de substituição, caso continuassem a se deteriorar), escovamos com escova de aço e uma lixa os cubos de roda, eixo, bequilha e depois o chassi completo.
Pintamos 2 a 3 demãos com a tinta FERROLACK preta (da TINTA CORAL).

O Ferrolack é um esmalte sintético que possui dupla ação, ou seja, dispensa a aplicação prévia de fundo, podendo ser usado como fundo e acabamento sobre superfícies de metais ferrosos, além de possuir ótimo poder antiferrugem. Ferrolack também é indicado sobre galvanizados, alumínio, cerâmicas não vitrificadas, alvenaria, concreto, fibrocimento e madeiras, desde que essas superfícies sejam devidamente preparadas com os fundos indicados.

Importante observar que o chassi e as lanças foram galvanizadas (possivelmente na Alemanha) e não havia nenhum ponto de oxidação!
Então foi só escovar, lixar, limpar e pintar !

Lanças:

Cubo de Roda:

Chassi (para facilita o acesso, algumas divisórias e baús internos, além do assoalho foram retirados):

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O grande desafio desta restauração é a falta de medidas e referências.
Então, tirei muitas fotos de cada detalhe, cada canto, cada emenda de chapas e sarrafos e passagem de cabos elétricos.
De uma reforma, passou para restauração e agora percebo que, realmente, será uma reconstrução.
O desânimo do excesso de trabalho foi suplantado pela euforia de poder projetar e construir o trailer com o lay-out e materiais que eu escolher. Desta forma, será possível modernizar, efetivamente, o trailer.

Geralmente os trailers antigos recebem um upgrade, com aquecedores à gás modernos, forno micro-ondas, fogão e pia novos, TV e antenas importados, climatizador, etc
Neste caso, poderei, além destes itens, agregar mais tecnologia e modernidade em outros pontos: armários, impermeabilização e proteção da estrutura de madeira, revestimentos das paredes e tetos, fiação e projeto elétrico e, principalmente, o lay-out interno.

Atualmente, há muitas opções em chapas poliméricas (plásticos) que podem substituir o revestimento das paredes (originalmente em chapas de compensado; mas nos trailers da década de 1980 e 1990 foram utilizados chapas de Eucatex).
Também os móveis poderiam ser em materiais plásticos!
Isso muito me animou, apesar do trabalho em buscar o plástico mais adequado em um mercado com pouco ou nenhum conhecimento sobre sua aplicação em trailers…

Lembrando que meu foco foi, desde o início, reduzir o peso (PBT) do trailer – que é um dos focos dos fabricantes alemães nos trailer novos – e oferecer um espaço confortável e aconchegante.
Isso tudo sem esquecer de manter o máximo possível uma originalidade (mesmo que impossível por não poder aproveitar nenhum móvel original).
Havia, então, uma grande dúvida (e acho que até hoje, durante a montagem, persiste) o que seria interessante manter original e o que deveria, ou poderia, ser mudado e modernizado.

Após ver um trailer lançado em 2017, na feira em Düsseldorf pela fabricante Dethleffs, encontrei a mudança que será realizada no lay-out original!
O banheiro (este modelo não tem box separado, o que também me fez pensar muito se valeria a pena construir o box separado e perder uma cama casa e um assento) não teria o box separado e não seria mais um compartimento fechado, hermético…
Resolvi que o espaço interno do trailer poderia ser ampliado se o “quartinho do banheiro” fosse melhor integrado ao trailer.
Ou seja, deveria ter menos paredes fixas e não haverá um piso de box mais alto que o piso do trailer.
Assim o acesso à pia do banheiro seria facilitada, o espaço do box seria mais amplo e de fácil acesso.
Também a janela do banheiro poderia melhor contribuir com a ventilação interna.
Agora é mão às obras! A ideia já tenho, só falta pensar em como conectar paredes, moveis etc para que todo o casulo tenha estabilidade, resistência e faça um conjunto régido com o chassi.

Lembrando que todas as peças estruturais, de paredes e móveis, foram guardados e muitas chapas de fechamento se móveis e paredes também foram guardados para servirem de referência em medidas.

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Finalmente estou dando continuidade nos trabalhos!

Agora é trocar as madeiras que fixam a estrutura no chassi.

Comprei sarrafos de madeira CEDRO ROSA (com certificado do Ibama).

Sarrafos que são fixados no chassi: LxE: 80 x 20 mm
Esta medida também é utilizada em outros locais, na horizontal.

Em função do peso, estou pensando em utilizar em alguns pontos perfis de aluminio, e fixá-los na madeira com encaixe nos sarrafos e também com cantoneiras aparafusadas.
Especialmente nos pontos mais altos (como no teto, ligando as paredes e onde a chapa de alumino da carroceria fica apoiada), o aluminio pode ser bem interessante.

Interessante: achei o peso do Cedro Rosa bem alto, porém, é MUITO MAIS LEVE que tubos retangulares de Metalon (30x20mm).

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Os sarrafos de Cedro Rosa impregnei com Jimo no Cupim (usando pincel).

Depois passei 2 demãos de Stain Gold Osmocolor, para proteção contra umidade.

O assoalho, em compensado naval 15mm, também passei Stain 2 demãos e choveu um pouco sobre ele. O Stain segurou muito bem a água!

Na parte interna serão 3 demãos de Stain. Na parte externa (inferior) e nas bordas serão 3 demãos de Sika Neutrol.

A montagem dos sarrafos de madeira e o assoalho já começou!

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Limpeza dos Perfis de Alumínio  (retirada da massa de calafetar):
este é um desafio à parte… Após pesquisas nos grupos, parece não haver um produto específico para retirar a massa de calafetar.

Então, o melhor resultado estou tendo com uma espátula e utilizar querosene e thinner para uma limpeza mais fina, no final; inclusive para retirar a gordura e preparar os perfís para receber a cola PU.

Dá muito trabalho e toma muito tempo mas está funcionando.
Indicaram usar os removedores de pintura Pintoff e Striptizi. Porém, ainda não testei e não sei se realmente removeriam a massa.

O que estou pensando é como retirar no futuro a cola PU…  Imagino que será muito mais difícil e trabalhoso comparado à massa de calafetar…
Por isso, creio que em alguns serviços irei utilizar a cola de contato (cola de sapateiro) e a tradicional e temida massa de calafetar.

 

 

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