Viagem de Kombi 2014
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11 de fevereiro de 2015 às 12:53 #45820fflorimParticipante
– Vamos pra praia no fim do ano? – Estamos sem dinheiro para viajar. – E se dormíssemos na perua? Foi assim que surgiu a ideia de viajar de Kombi. Temos uma Perua Kombi 1996, usada para carregar decorações de festas infantis. Lançada a semente, o plano de viajar em uma Kombi para poder ter autossuficiência apenas cresceu com o passar dos dias. Logo vieram as dúvidas e ideias para viabilizar a viagem. Como dormir? Como fazer para tomar banho? Comida? Luz? Onde dormir? A primeira providência foi realizar a manutenção mecânica. Carburadores, freios, motor, direção. A epopeia dos mecânicos. Foram meses até acertar tudo. Depois, resolvemos refazer a tapeçaria da cabine, estava tudo rasgado, fios expostos, capa da porta quebrada, borrachas secas. Desmontei as placas das portas e tirei o molde na madeira, cortei com a tico tico, comprei um tecido usado para forrar mesas de lanchonete (não lembro o nome), colei na madeira e depois cortei onde tinha os buracos. Comprei os parafusos para o acabamento. Aproveitei e fiz também um tampão para a frente, onde deveria segurar os autofalantes. Com uma placa de EVA refiz o tapete. Agora viria a parte complicada. Transformar a Kombi em uma casa, sem fazer modificações permanentes, pois ela seria usada para trabalhar quando acabasse a viagem. Dormir? O primeiro desafio: Como dormir dentro da Kombi. Não cabe um colchão, tem aquele cofre do motor que não deixa. Um sofá cama seria ótimo, mas esbarramos na questão financeira. Não temos dinheiro pra fazer isso. Temos que gastar o mínimo possível para sobrar dinheiro para a viagem. Então talvez pudéssemos nivelar a altura do cofre do motor, a largura dava certo no colchão de casal que temos em casa, só iria faltar o comprimento. Talvez uma mesa ou mesmo uma estrutura metálica. Mas daí ficaria ruim para pegar as coisas embaixo da cama. Então decidimos fazer um baú, que poderíamos guardar as coisas dentro, abrindo para cima, apenas com o colhão em cima não deveria ficar muito pesado. Privacidade x Ventilação. Para preservar a privacidade, colocamos um tecido que vedava totalmente a cabine do salão. Em consequência, não tinha ventilação, uma vez que as janelas estão tampadas e adesivadas. Voltamos a atenção para a porta traseira. Mas se abríssemos a porta totalmente, as pessoas poderiam ver o interior da Kombi, ou poderiam pegar algo. A segurança seria perdida. Então colocamos um pedaço de arame para limitar a abertura da porta, assim ela só abriu um palmo. Ainda assim, tinha como colocar a mão por ali, insetos poderiam entrar, etc. Comprei uma tela aramada do tamanho da porta, fiz as bordas com um resto de perfil de alumínio que tinha sobrando, forrei com um pedaço de tela de mosquitos. Para ajudar na ventilação, coloquei 3x coolers de computadores puxando o ar quente pra fora, ligados na bateria estacionária. O calor ainda era intenso se não abríssemos as portas, então colocamos um ventilador para refrescar a noite toda. Deu muito certo. Alimentação? Comer fora de vez em quando tudo bem, mas se fizéssemos isso todo dia, ficaria muito caro, então usamos um fogão de duas bocas que tínhamos, antigo, e levamos um botijão de gás pela metade. Os alimentos secos levamos dentro do baú. Então houve a necessidade de refrigerar alguns alimentos. Também as bebidas. Um frigobar antigo, 120L, mas funcionando perfeitamente. Depois de muita pesquisa, percebi que teríamos que comprar uma bateria estacionária e um inversor de 12v para 110v. Acabamos comprando uma bateria de 110ah, e um inversor de 2.000W. Na verdade comprei um inversor de 800w, não funcionou, depois um de 1.200w, funcionou uma vez, depois não conseguia mais ligar o frigobar, então o de 2.000w foi a solução. Iluminação? Com o quarto móvel que se tornou a Kombi, precisávamos de luz interna. Uma fita de led na lateral serve para iluminar enquanto trabalho a noite, mas para passarmos um tempo antes de dormir, precisamos de algo mais forte, então instalamos mais duas placas de 9watts, ligadas separadamente, com o interruptor na cabeceira. E quando acampamos, foram 4 placas de led embaixo da tenda, permitindo usufruir das noites sem problemas. A Viagem. No primeiro dia saímos de São José do Rio Preto / SP e fomos até Brotas. Surpreendente como chegamos descansados e sem dores no corpo. Todo mundo falava que a kombi era ruim, pulava muito, tínhamos que parar para aguentar. Mas não foi isso que aconteceu. Foram quatro horas dentro dela e achamos muito confortável. Dormimos e saímos no outro dia pela manhã. Rumando para Ubatuba, as marchas encavalaram. Não saía da quarta marcha. Pegamos uma “carona” com um guincho até um mecânico em um posto em Atibaia / SP. Sorte que o mecânico era especializado em câmbios. Mas era depois das seis horas, então o mecânico disse que precisava abrir o câmbio para arrumar e tínhamos duas opções: pagar o preço de urgência, ele ficaria o tempo que fosse preciso e arrumaria a Kombi, noite adentro, ou esperar até o dia seguinte no horário comercial, onde ele cobraria o valor normal. Resultado, nossa primeira noite na Kombi foi em um posto de beira de estrada, na frente da oficina, esperando o dia raiar. Comemos no próprio posto, mas não tinha chuveiro, então esperamos o posto fechar, armamos nosso banheiro portátil e tomamos nosso primeiro banho fora de casa. Tudo funcionou perfeitamente, a ducha, os ventiladores, etc. No outro dia cedo, o mecânico desmontou o motor, tirou o câmbio e executou o serviço. Demorou quase o dia todo, mas entregou ela funcionando as seis da tarde. Resolvemos continuar viagem, ainda tínhamos duas horas de sol e estávamos longe da praia. Estávamos perto de Taubaté quando escureceu, resolvemos procurar um posto para dormir, mas logo chegou a saída para Ubatuba. A Kombi começou a fazer um barulho mais alto, eram os cabeçotes que desapertaram. Procuramos um posto para dormir, mas estavam todos fechados, então fomos andando. Nisso um Zé Ruela andando com farol alto na contramão nos obrigou a dar um sinal de luz. O relê da luz deu problema e ficou travado na luz alta. A Kombi barulhenta, com luz alta direta e nenhum posto no caminho. Com os cabeçotes soltos, a potência também diminuiu. Demoramos mais de três horas pra descer a serra. Tínhamos que parar para os freios e o motor esfriarem de vez em quando, e quando descíamos, era sempre a 15km/h engatado em primeira. Chegamos em Ubatuba depois de meia noite. Demos sorte de achar um lanche aberto e comemos na praça. Difícil era achar um lugar para dormir, rodamos a cidade e nenhum lugar parecia seguro, era deserto ou proibido de parar. Conseguimos achar um posto na praia grande, fora da cidade, paramos em frente, não dentro, e dormimos. No outro dia, bem cedo, encontramos um mecânico, que desmontou novamente o motor dela e reapertou os cabeçotes. Mas quando acabou já eram cinco horas. Passamos esse dia na cidade, passeando no centro de Ubatuba, achamos um posto 24h na BR101 quase dentro da cidade. Dormimos ali mesmo. Acordamos cedo e subimos tentando decidir qual praia iríamos visitar. Paramos na cachoeira de Prumirim. Lugar bonito, mas a água estava muito gelada. Passamos em frente a entrada de Ubatumirim e resolvemos conhecer. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, a praia dava acesso ao veículo e condições de circular com a Kombi pela areia. Montamos acampamento e fomos cozinhar pela primeira vez. O fogão estava entupido, não conseguimos fazer o gás sair de jeito nenhum. Comemos umas frutas e bolachas, pois jogamos o fogão fora. Estávamos prontos para dormir, quando apareceram os borrachudos. Esquecemos o repelente, não tinha jeito, desmontamos tudo e voltamos pra cidade. Dormimos novamente no posto. Compramos um repelente e um fogão novo no outro dia e fomos
11 de fevereiro de 2015 às 13:03 #57502PelagioParticipanteUma epopéia.
11 de fevereiro de 2015 às 13:42 #57504Ronald AtauloParticipanteFantástico!!!!!!!!!!! Adorei o relato!!!!!!!!!!! Cheguei dar muita risada……kkkkkkkkkkkkkkkkk Parabéns
11 de fevereiro de 2015 às 13:57 #57505Junior ABCParticipanteMeu amigo quantos imprevistos, você teve tudo para desistir mas não o fez! Parabéns por não deixar que os momentos ruins superarem os bons! que a próxima seja ainda melhor! parabéns pelas belas fotos! Aguardo as próximas viagens com a Kombozo! abs
11 de fevereiro de 2015 às 15:13 #57508Stephan RiedererMembroAí sim hein, show de bola!!!!
11 de fevereiro de 2015 às 17:31 #57512AnônimoInativoMeu camarada, que doideira, li certa vez em um blog de campistas, uma narrativa que me lembra a sua. ¨casal foi fazer seu primeiro acampamento em Trindade-RJ, na época de final de ano, montou sua barraca no camping em frente a praia, a noite começou uma tempestade com ventos muito fortes muitos raios e trovões, eles ficaram desesperados e acordados dentro da barraca até o amanhecer, numa verdadeira noite de terror, ao amanhecer ele percebeu que a unica barraca que tinha sobrado era a dele, e os outros campistas estavam todos dentro dos banheiros do camping assustados, detalhe: essa tempestade foi a mesma que arrasou a Ilha Grande inclusive com vítimas fatais, mas mesmo depois dessa estréia traumática, eles continuaram acampando sempre que podiam”. Conforme já relatei em algum tópico aqui no forum, quando tinha +-19anos, tive uma kombi 1972 corujinha motor 1500, fiquei com ela por quatro anos, vivi momentos e perrengues inesquecíveis, pois como vc eu trabalhava com ela, quando não estava no quartel (pois servi a Pátria Amada por 4anos como motorista de oficiais) e quando tinha tempo ajudava o pessoal da oficina do quartel, que tinha umas 80 (oitenta ) kombis.) por isso sempre me safei quando o carro quebrava no meio de uma das minhas aventuras. certa vez de noite estourou o burrinho central do freio, eu consegui ir devagar ate acasa de um lavrador, ele me acolheu me deu janta e dormida, no dia seguinte fui a cidade comprei um reparo de burrinho de freio e troquei ali mesmo na casa do lavrador, o mais engraçado é que ele que ria que eu levasse uma das filhas dele e me casasse com ela; de outra vez a bomba de gasolina parou de funcionar e a kombi parou por falta de gasolina no carburador, pior, a noite sempre a noite e longe de casa, só teve um jeito, puxei a gasolina pela mangueira da bomba, enchia a boca, e pela mangueira do carburador enchia o reservatório do carburador, ligava o carro e andava o máximo que pudesse ate parar e repetia o processo todo de novo ate achar um posto para parar e dormir dentro da kombi para no dia seguinte pegar minha querida caixa de ferramentas e tentar consertá-la; cabo de embreagem partido; de acelerador e correia, foram vários, uma vez vindo de uma festa junina, lá de Rio Claro, perto de Passa Três o fio que vinha da bateria até a caixa de fusíveis entrou em curto e encheu a Kombi toda de fumaça começando a pegar fogo, parei o carro no acostamento, corri la atras no motor desliguei a bateria, apaguei o fogo com o extintor, abri todas as portas para sair a fumaça – detalhe ,era de noite sempre de noite e na av presidente Dutra BR116 – depois que me acalmei entrei na kombi e fui dormir não sem antes colocar o triangulo amarrado na maçaneta da tampa traseira, por volta das 07:00 horas da manhã acordo com dois policias rodoviários federais batendo no vidro da kombi, contei a eles o ocorrido, e fomos ver os estragos, peguei a caixa de ferramentas cortei o chicote elétrico, peguei um pedaço de fio de um metro e meio, liguei no positivo da bateria e no positivo da bobina, e fiz a famosa ligação direta, pedi aos policiais que empurrassem o carro ele pegou no tranco, agradeci e fui embora ate em casa em Nova Iguaçú – RJ, sem setas, sem buzina e sem luz de freio, bons tempos aqueles, anos 70. Desculpe se me estendi, mas é que seu relato me fez lembrar das minhas aventuras com a minha velha kombi que sinto saudades até hoje. Espero que vc consiga resolver os problemas da kombi, e que daqui a trinta ou quarenta anos se lembre -assim como eu- com carinho de tudo que vc passou com ela, um abraço e tudo de bom. Francisco
11 de fevereiro de 2015 às 18:37 #57513fflorimParticipanteAinda estou lutando com a kombi, comprei um motor, o vendedor disse que era novo, mas ela estava fraca, levei em outro mecânico que condenou o motor, estou tentando reaver o dinheiro do motor, correndo atrás de advogado e tal. Enquanto isso, ela está descansando sem coração na garagem. Estou considerando se arrumo o motor ou não, já que vai ficar o mesmo preço de outra kombosa.
11 de fevereiro de 2015 às 18:37 #57514Junior ABCParticipanteCaramba Francisco que aventura tb kkkkk! show
11 de fevereiro de 2015 às 19:54 #57516fflorimParticipantePelagio deve ter umas aventuras assim tb. Francisco parece ser ninja de kombi, eu acabei aprendendo um monte de coisas nessa viagem.
11 de fevereiro de 2015 às 20:33 #57517AnônimoInativoJunior, quando se tem 19 anos tudo é aventura, eu sempre trabalhei a minha vida toda, eu sou filho de portugueses, e ja fiz um pouco de tudo nessa vida, so nunca roubei e nunca virei a mãozinha, então na vida sempre dei o meu jeito, e ainda não desisti de fazer meu próprio trailer. Nos anos setenta a vida era muito mais fácil, não tinha tanta corrupção e nem tanta violência, vc colocava 5 merreis de gasolina sem alcool e rodava a semana toda. se eu te contar a metade das minhas aventuras vc vai morrer de rir. Junior em primeira mão pra vc, minha mulher acabou de me ligar dizendo que conseguiu hospedagem no recanto dos carvalhos para os 4 dias de carnaval so estou dependendo de onde deixar minha cachorrinha de 45 dias, para fechar o pacote , pois como vc sabe ela não dorme em barraca, tou igual pinto no lixo, não vou estar acampado mas vou estar perto dos meus irmãos campistas. Francisco.[hr] FFLORIN, na realidade sou advogado e trabalho em marketing, na CEDAE (COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS DO RIO DE JANEIRO), já limpei vala, ja fui lixeiro (motorista do caminhão do lixo), já fui ajudante de produção da BAYER DO BRASIL, entrei na CEDAE à 20 anos atras como motorista, como diria meu falecido pai, sou um cavador da vida. Quanto ao seu problema, vc deve entrar no JUIZADO ESPECIAL de sua cidade, e pedir o ressarcimento pelo seu prejuízo e até uma indenização, com tanto que não passe do teto ( não sei se é 15 ou 40 salários mínimos) vou me informar melhor, e depois te informo, o melhor é que vc não precisa de Advogado. abraços; Francisco.
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