Há alguns anos somos procurados por dois perfis de pessoas: Os empreendedores e os turistas. Ambos vêm com a palavra “GLAMPING” em primeiro foco, uns pensando em investir em uma hospedagem glamourosa em meio à natureza e outros buscando uma experiência de acampar pela primeira vez. Como somos técnicos, não podemos deixar de analisar e classificar o que realmente seria um “Camping Com Glamour” e uma “unidade de hospedagem de luxo”.
O termo “Glamping” nasceu da união das palavras “Glamour” e “camping”, buscando uma forma mais convidativa e luxuosa de de ACAMPAR, tendo sido difundido muito nos últimos anos principalmente pela busca do indivíduo à natureza. As acomodações podem receber colchões comuns ou camas, muito tecido em caráter decorativo, mas principalmente sendo um acampamento pronto para o turista.
TERMO GLAMPING NA ATUALIDADE: Com o passar dos anos, as tendas glamourosas começaram a receber banheiros privativos, pisos sólidos, paredes de madeira e vidro e telhados, algumas ainda buscando formas mais orgânicas como domos, bolhas de vidro e outras características. Aí que a coisa começa a se desvirtuar do que realmente se propõe o campismo, deixando de ser um abrigo temporário para ser uma construção.
ACAMPAR: Acampar é levar consigo o seu próprio abrigo, mas não há nenhum problema em se contar com este “abrigo” pronto e montado à sua disposição. Porém acampar envolve uma habitação mais rústica, não permanente e fixa, onde o hóspede conta com uma estrutura de apoio coletiva e uma convivência mais “comum” com os outros campistas. O uso dos banheiros coletivos é um deles, podendo se estender a áreas de cozinha, churrasqueira e outras.
UM CHALÉ? Os Glampings foram se desenvolvendo tanto que se transformaram em verdadeiros chalés, quartos ou suítes de pousadas de alto luxo que se diferem apenas por estarem isolados em um local verde ou de mata. Alguns são construídos até mesmo em alvenaria. Em alguns casos, se desvirtuam do sentido “pró-natureza”, oferecendo até mesmo opções com hidro-massagem.
VERDADEIRO GLAMPING – O que podemos tecnicamente chamar de “Glamping” sem que perca o sentido do real campismo e que possa oferecer uma experiência convidativa ao turista com um pouco mais de conforto e, principalmente, um abrigo já montado, seria a aplicação de barracas ou tendas que tenham um caráter de construção temporária (facilmente desmontável e transferível para outro local). Com isto, o hóspede não terá o trabalho de levar e nem de montar a sua barraca, mas mesmo assim estará em um abrigo que realmente tem a ver com CAMPING. O Glamour pode ficar por conta de uso de colchões residenciais e até “camas”, que tenham o máximo de simplicidade. Muito tecido, tapetes e até mesmo cadeiras (que podem ser desde de praia e até poltronas) poderão complementar aquele “luxo” característico e diferencial. É importante que a experiência envolva o apoio coletivo, tendo o uso dos banheiros externos e cozinha como uma experiência real do campismo. Nas unidades mais completas, pode-se até estruturar banheiros privativos, mas sempre buscando as soluções mais “portáteis” que se usa na modalidade, como sanitários de camping e pias que não envolvam grandes instalações fixas de água e esgoto.
A EXPERIÊNCIA CONVIDATIVA: Oferecer junto do seu GLAMPING, áreas para camping normal onde os hóspedes podem levar suas próprias barracas ou mesmo trailers e motor homes. Na experiências do novato na modalidade “glamping”, será de suma importância o convívio e troca de conhecimentos para que o turista conheça as maravilhas e as facilidades em termos de equipamentos que o campismo pode oferecer.
IMPLEMENTANDO DE FORMA SIMPLES: Não são necessárias grandes construções para se empreender um Glamping. Basta começar com modelos maiores de barracas, de preferência que se possa ficar de pé, e já montadas em locais bonitos, gramados e com boa vista para a paisagem. Um solo bem drenado e um tanto elevado já evitará o risco de charco nas chuvas. Você pode reforçar a cobertura das barracas para que tenham uma durabilidade maior e também o risco zero de infiltrações. Iluminação e decoração serão fundamentais para que a sua habitação seja convidativa sem perder a essência do campismo.
O Ready Camp do camping Valle das Águas em Socorro é um bom exemplo do Glamping fundamental
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: É comum o interesse na implementação de “Glampings” nas áreas de Parques Nacionais, Estaduais, Naturais e outras unidades de conservação. Principalmente com as novas concessões destas áreas, o Glamping acaba despertando a vontade de empreendedores em oferecer hospedagem convidativa em ambiente natural. O que é preciso levar em consideração é que Unidades de conservação são áreas que têm como foco principal a preservação da natureza. Portanto, “Glampings” como unidades de luxo, além de gerarem resíduos e consumirem muita energia e água, deverão ser encarados como “construções” e não como “camping”. Um Glamping que atenda aos requisitos de “camping” em um ambiente desses, deve ser considerado algo desmontável, sem elementos que consumam muita água e muita energia e que não despejem em fossas ou mesmo biodigestores, grandes quantidades de esgoto. Preferencialmente, devem utilizar banheiros e apoios coletivos, assim como na área de camping, para atender a uma proposta mais “ecológica” em relação à hospedagem mais tradicional.
Não há nenhum problema em você (turista ou empreendedor) considerar “glamping” algo que esteja fora do que expusemos aqui. Porém, é verdade dizer também que o hóspede estará muito longe de ter uma experiência de camping e mesmo o empreendedor estará distante de oferecer uma experiência de acampamento aos seus clientes. Certamente, o termo “Glamping” jamais perderá o sentido que tomou nos últimos anos, mas ainda assim, nós que encaramos o campismo “raíz” não podemos nos furtar em trazer estes conceitos básicos.