A Cúpula dos Povos que será realizada no Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro a partir desta semana e espera mais de 20 mil pessoas em suas 5 tendas.
A grande polêmica ficou para o acampamento que receberia as pessoas, onde ninguém queria assumir a responsabilidade. Finalmente foi montado recebendo estrutura de banheiros e apoios. Nesta quinta feira já começaram a se instalar os primeiros participantes não registrados que utilizarão a área acampando em barracas.
Quem assumiu a responsabilidade do camping foi a própria prefeitura do Rio de Janeiro. Um porto policial também está a disposição com três policiais de plantão. Veja reportagens de portais mais abaixo.
Marcos Pivari
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Após um longo jogo de empurra entre a Prefeitura do Rio e a Cúpula dos Povos, ambas se eximindo da responsabilidade pelo acampamento que abrigará os participantes não registrados, na Quinta da Boa Vista (São Cristóvão, zona norte do Rio), o local começou a ganhar estrutura e seus primeiros ocupantes na tarde desta quinta.
A prefeitura, que acabou assumindo responsabilidade pelo camping, contratou uma empresa para montar os primeiros banheiros químicos (50 cabines) e uma cabine para banho, ainda inutilizável. Um posto da Polícia Militar também foi montado na área, com três policiais de plantão.
Segundo a representante da prefeitura que coordenava a montagem da estrutura do camping, os organizadores da Cúpula dos Povos estimaram que cerca de 5.000 pessoas devem chegar para acampar na Quinta e participar dos eventos da cúpula, no Aterro do Flamengo (zona sul).
Até o início da noite desta quinta, havia quatro barracas no local – duas de estudantes gaúchos, uma de um jovem chileno que mora no Canadá e a última de um casal formado por um chileno e uma espanhola. Eles reclamaram da falta de informações sobre qual seria o local do camping e da estrutura precária montada até agora.
“Eu procurei o pessoal da Cúpula dos Povos, mas ninguém dizia para onde deveria ir quem não estava registrado. No site, só tinha informações genéricas”, disse André Alcebíades, 33, estudante de gestão ambiental na universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS). Afirmando já ter acampado em diversos outros fóruns sociais, disse que o camping está “muito aquém do ideal”. “Tu não tem uma cozinha coletiva, uma tenda em que o pessoal possa se reunir. A Quinta é um estepe, jogaram aqui quem não coube nos outros acampamentos.”
Os grupos organizados que participarão da Cúpula dos Povos serão alojados no Sambódromo, nos Cieps do Catete e do Lavradio e no campus da UFRJ na Praia Vermelha (zona sul), todos com mais estrutura do que a Quinta e mais próximos do Aterro, onde acontecem as atividades.
Segundo a prefeitura, até amanhã serão instalados um total de 38 banheiros masculinos, 45 femininos e 22 chuveiros no camping, além de 40 projetores para a iluminação.
http://oglobo.globo.com/rio20/cupula-dos-povos-comeca-nesta-sexta-no-aterro-do-flamengo-5207006
Depois de duas semanas e meia de trabalho intenso, muitas vezes prejudicado pelo mau tempo, a estrutura que abrigará a Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, estava na tarde desta quinta quase toda finalizada. O evento, que acontece em paralelo ao Rio+20, começa nesta sexta e tem números grandiosos: os organizadores esperam que 20 mil pessoas passem pela área que concentra cinco tendas com capacidade para 800 pessoas para realização de plenárias, 30 áreas para debates e 120 estandes de movimentos sociais.
Para a organizadora do Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos, Fátima Melo, as plenárias marcadas no local servirão para apontar soluções para a crise planetária ambiental, diferentes das que serão sugeridas pela Rio+20.
— Nós queremos que a Rio+20 produza resultados, mas a agenda oficial está muito longe da nossa expectativa. Queremos responsabilidades diferentes para os países mais emissores de poluentes, por exemplo — espera Fátima.
Para atender os visitantes que estão no Aterro, a organização montou uma estrutura com 400 banheiros químicos e três áreas de convivência, com três lanchonetes em cada uma. Além disso, três postos de saúde e cinco ambulatórios da Cruz Vermelha estarão espalhados pela orla. Para garantir a segurança no local, 250 policiais militares foram deslocados para cinco bases.
Na programação estão previstas cerca de 800 atividades, entre debates, oficinas e seminários, e mais de 300 atividades culturais, como mostras audiovisuais, teatro e música.
— A nossa programação será muito rica e agradará os mais diversos setores da sociedade. Teremos também 150 atividades no Território do Futuro, um espaço para exposições de experiências e soluções práticas para o mundo que nós queremos — diz.
O artista plástico Zenildo Barreto se antecipou e aproveitou o aumento do número de visitantes no Aterro do Flamengo para abrir mais cedo a sua exposição, o “Espaço Cultural Itinerante Parque das Árvores Queimadas”. A área, que tem troncos queimados em incêndios, foi montada para alertar visitantes e estudantes sobre a importância de preservar a Mata Atlântica.
— Só restam 6 % da nossa Mata Atlântica e, mesmo assim, somos o país com maior biodiversidade do mundo. Morei com os índios na Amazônia peruana por cinco anos e eles me ensinaram a amar a floresta. Nesse tempo todo, nunca vi uma briga, nem por ciúme. Precisamos queimar a indiferença e não as vivas florestas — prega Barreto.
Visitantes reclamam da falta de vagas e de estrutura nos campings
Muitos dos visitantes que esperavam acampar no Aterro do Flamengo, durante a Cúpula dos Povos, deixaram o parque ontem frustrados.
— Achei que eu pudesse dormir aqui, mas o camping no Aterro é proibido. Cheguei ontem e precisei pagar um hotel, porque não sei onde estão as áreas para acampar. Falta informação. Acho que vou ter que ir para um albergue — criticou o professor de educação ambiental André Ferreira, natural do Rio Grande do Sul.
Já a ativista Danuza Rodrigues, que veio de Santa Catarina em uma kombi com quatro amigos, está sem rumo certo.
— Tentamos os campings da UFRJ da Praia Vermelha e do Sambódromo, mas nos disseram que não há mais vagas. Passamos uma noite na Quinta da Boa Vista, no camping da Prefeitura, mas lá não tem banheiro, praça de alimentação ou energia elétrica. Fico triste porque não tem espaço para os pequenos — lamenta Danuza.
Segundo a organização da Cúpula dos Povos, os campings do Sambódromo, com 10 mil vagas; do campus da UFRJ na Praia Vermelha, com 2,2 mil lugares, e dos Cieps da Lapa, com 1,2 mil vagas, estão reservados para membros dos movimentos sociais. Os visitantes estão proibidos de acampar no Aterro do Flamengo e estão sendo orientados a irem para o camping da Prefeitura, na Quinta da Boa Vista.
Com uma mochila nas costas, um colchão e cheio de expectativas, o coordenador ambiental André Ferreira enfrentou 24 horas de viagem de ônibus para poder participar da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 que acontece no Aterro do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. André, que veio da cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, chegou por volta das 16h de quarta-feira (13) e, mesmo cansado, garante que a viagem valeu muito a pena.
“Enfrentaria tudo de novo. A Cúpula dos Povos precisa ter voz também. Temos que debater, expressar nossas opiniões e esta Cúpula precisa ser ouvida tanto quanto os outros eventos da Rio+20”, explicou André, no acampamento montado na Quinta da Boa Vista.
Marinheira de primeira viagem
Também do Rio Grande do Sul, os amigos Fernando Kuiawinski e Ana Paula Lose vieram de avião da cidade de Exerim para participar do evento Conect, que vai ocorrer de sexta (15) até domingo (17), no Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O espírito aventureiro de Fernando contagiou a estudante Ana Paula, de 21 anos, que é marinheira de primeira viagem. Ela contou que espera que o acampamento seja bastante divertido e que o evento traga muito conhecimento.
“Meu amigo já está acostumado e eu confesso que estou confiando nele. Espero realmente que seja ao mesmo tempo divertido e também sirva para que possamos aprender bastante sobre um assunto ainda tão pouco comentado”, disse Ana Paula.
O desenhista Fernando garante que a Rio+20 será uma oportunidade única para conscientizar a população sobre o desenvolvimento sustentável. “Não sou favorável a ideia do aquecimento global e com este grande evento, acho que vamos poder conscientizar a população e diminuir a poluição no planeta em geral’, contou.
Desde terça-feira (12), um contêiner do 4º BPM (São Cristóvão) está instalado na Quinta da Boa Vista para fazer a segurança do acampamento e de toda a região.
“Esta base operacional ficará instalada até o término da Rio+20. Nossos agentes vão irradiar todo o policiamento e garantir a segurança não só do camping, mas da região em geral”, contou o major Charles, do batalhão da área.