Curta o Brasil Primeiro
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Curta o Brasil. Primeiro, aqui. Depois, por aí, >> por Rubem Mauro Machado – Antigo Guia de Camping 1975

Aos poucos os brasileiros descobrem um novo, econômico e fascinante modo de conhecer o seu país: viajar acampando — com barraca ou rebocando um trailer. Este hábito, que em outras partes do mundo já é antigo, principalmente nos países de pequenas dimensões geor gráficas e que contam com notáveis rodovias, aqui começa a crescer à medida em que se constroem novas estradas e nascem mais áreas de camping. Qualquer família, transportando só o equipamento essencial, pode planejar um bom roteiro, proporcional em extensão ao período disponível de férias. O importante, antes de partir, é saber o que cada região oferece ao turista.

Os mais comodistas podem optar por pontos famosos e tradicionais — que são também os mais concorridos. Quem preferir usar a imaginação, trocando os olhos do turista pela visão do observador, terá igualmente ocasiões para muitas escolhas. Nós pensamos nos dois casos.

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E mostramos aqui, como um passar de olhos, um pouco

do que tem o Brasil.

Que, a propósito, não é nada pouco.

Muito bem: você já comprou todo o equipamento para acampar. As crianças estão exultantes, a mulher no maior entusiasmo, como você, todos ansiosos por romper a monotonia do quotidiano e aproveitar as férias de três ou trinta dias.

Surge então a indagação: aonde ir? A resposta pode resultar da pacífica unanimidade da família. Assim como pode deixar as crianças fazendo bei-cinho, a mulher descontente e Bill, o cachorro, de focinho torcido. De qualquer maneira, deve vigorar o princípio democrático: a maioria vence. Os “derrotados” na votação logo estarão sorrindo e cheios de entusiasmo, porque o que vale mesmo é o espírito de aventura — veja, Bill já está abanando o rabo de novo, no maior assanhamen-to. É assim mesmo, não existe projeto de viagem ruim.

O Brasil está aí, à espera de ser explorado, um quase continente nos seus 8 milhões e 511 mil km2, com área de montanha, 20 mil quilômetros de belíssimo litoral, cidades históricas, estâncias hidrominerais, regiões selváticas, o sertão, polos urbanos indus-

trializados, toda uma geografia contrastante de regiões, costumes, culturas, pratos regionais e tipos humanos, do gaúcho dos pampas ao jangadeiro do Ceará, do carioca de Ipanema ao índio do Araguaia.

Vamos falar francamente: só agora o Brasil começa a explorar sua potencialidade turística. Só agora os brasileiros começam a fazer o chamado turismo interno. Há falhas de infra-estrutura, inúmeras dificuldades. As área de camping são poucas, muitas vezes mal distribuídas e mal aparelhadas. A nossa rede de rodovias, em geral bastante satisfatória, apresenta-se precária neste ou naquele ponto. Ignoramos locais e atrações, que na Europa teriam sido motivo de maciças campanhas publicitárias. Mas uma mentalidade turística começa a se criar entre nós. Observa-se uma evolução, áreas de camping brotam por toda a parte, indústrias de barracas de equipamentos e fábricas de trailers se instalam, órgãos oficiais e agências de turismo começam a divulgar informações, a explicar onde, como e o que há para ver.
Você, campista entusiasmado, hoje é um entre muitas dezenas de milhares. Em alguns locais encontrará boas áreas de camping, onde ficará com todo o conforto e segurança. Em outros, terá de optar pelo chamado camping selvagem, improvisando o seu próprio acampamento. Aonde ir? O que não falta é o que ver. No que não somos nada pobres é em atrações, em praias, em ilhas, em matas (que a devastação indiscriminada não conseguiu ainda exterminar), em lugares realmente paradisíacos — e às vezes bem próximos de nós.

Em sua decisão, você vai considerar dois pontos realmente essenciais: o tempo e o dinheiro de que dispõe. Se um ou outro, ou ambos, são curtos, a excursão inevitavelmente também o será. Se forem mais largos, as longas travessias inter-estaduais estão à sua espera, com a revelação de novos horizontes. Mas em um caso ou outro, você estará sendo recompensado por uma vida mais natural, livre e espontânea, preservando um pouco daquela chama da aventura, tão amortecida pela vida citadina e enclausurada da nossa era industrial.

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