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ESCLARECENDO ALGUMAS DÚVIDAS SOBRE BATERIAS E CARREGADORES >> nossos veículos de recreação. Diante deste problema, muitas são as sugestões apresentadas, não raras vezes por pura intuição, como por exemplo a instalação de um alternador mais potente, aumento da capacidade das baterias, etc. Tais indicações pouco ou nada ajudam, tendo em vista a arquitetura do sistema elétrico utilizado.

De fato, há notáveis diferenças entre o sistema elétrico automotivo e os chamados “sistemas de serviço”, que seriam os mais indicados para energizar nossos trailers e motorhomes. O grande equívoco se dá quando tentamos utilizar um tipo de sistema, quando a realidade requer outro. Vejamos abaixo, uma breve descrição dos sistemas a que nos referimos:

1)                 SISTEMA AUTOMOTIVO:

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Composto por bateria chumbo/ácido e alternador, esse sistema é desenhado para funcionar tão somente enquanto o motor do veículo está em operação, uma vez que o verdadeiro responsável pelo suprimento elétrico do automóvel é exclusivamente o alternador, não havendo, portanto, consumo elétrico digno de nota previsto para o tempo em que o motor estiver parado. Por esta razão, o sistema automotivo é também conhecido como “sistema contínuo”. É notório, também, que o alternador, independentemente de sua amperagem nominal, é insuficiente para carregar a bateria por completo, já que os parâmetros fundamentais para que isso ocorra, a saber, variações corretas de tensão e corrente mediante o tempo de carga, não são respeitadas, ficando a bateria limitada a cerca de 70% de sua capacidade total. Não obstante às considerações até aqui expostas, lembramos, oportunamente, que as baterias automotivas foram concebidas, primordialmente, para alimentar o motor de partida do carro, sendo uma de suas principais características, o fornecimento de uma corrente inicial elevada, em detrimento de uma capacidade maior de armazenamento. Aliás, as baterias automotivas também não suportam descargas profundas, e isso está relacionado às suas faculdades físico-químicas, o que as torna ainda menos indicadas para uso em veículos de recreação.

2)                 SISTEMA ELÉTRICO “DE SERVIÇO”:

Concebido para fornecer energia sem que o gerador esteja necessariamente ligado, este sistema se presta a disponibilizar a carga acumulada por períodos mais longos de tempo, de forma linear, e seu dimensionamento tem foco nos parâmetros de consumo máximo, utilizando baterias especiais que suportam descargas profundas e carregadores microprocessados, que fazem uma “leitura” dos níveis de carga presentes no acumulador, e repondo-os de forma otimizada.

Os carregadores dos quais falamos, são os do tipo “inteligente”, que atendem às especificações “U. U. I.” (3 fases de carga),  ou “U. I.” (2 fases de carga), sendo os primeiros capazes de carregar a bateria em 100% de sua capacidade.

Trailers e motorhomes, especialmente os mais antigos (e isso inclui nossos Safaris), possuem sistemas elétricos automotivos adaptados para o suprimento energético do habitáculo. Talvez isso se deva a uma possível indisponibilidade tecnológica quando de sua fabricação, ou ao custo (bem) mais elevado de componentes específicos, ou, quem sabe, a falhas de projeto devido por falta de conhecimento técnico orientado à esta questão. De qualquer forma, se quisermos atualizar nossos equipamentos a contento, teremos que compreender seu funcionamento básico, para não incorrer em erros que nos possam levar a frustrações e dispêndio desnecessário.

Abaixo, enumeramos alguns equívocos cometidos com mais frequência:

a)                 Instalar outro alternador ou instalar outro, mais potente:

Os alternadores, além de não produzirem uma curva de carga adequada, ainda pecam por produzir uma tensão muito baixa, na casa dos 13 ou 14 volts, carregando a bateria em não mais do que 70% de sua capacidade total.  Baterias de chumbo/ácido devem ser carregadas a no máximo 10% de sua corrente nominal. Assim sendo, uma bateria de 60A deve receber uma corrente de carga de 6A, por cerca de 10 horas, a uma tensão que varia entre 14,4 a 15,2 volts. Se aplicarmos uma corrente excessivamente alta à bateria, o eletrólito torna-se mais concentrado nas proximidades das placas, fazendo surgir um fenômeno chamado “falsa carga”, ponto a partir do qual nada mais é acumulado. Paralelamente, o eletrólito se superaquece, provocando a erosão prematura das placas, consequentemente diminuíndo a vida útil do acumulador.

Face aos argumentos acima, podemos concluir que, ao instalarmos alternadores mais potentes, estamos piorando o rendimento do sistema. Como podemos verificar, alternadores menos potentes carregam baterias com maior eficiência, o que desfaz o mito de que os alternadores originais do carro são fracos.

b)        Trocar a bateria por outra de maior capacidade:

Talvez esta seja a alternativa mais correta, muito embora, no que diz respeito à prática, precisaríamos de um conjunto de baterias que totalizasse 550A para um alternador de 55A, o que, na maioria dos casos, constitui solução inviável, tanto por uma possível indisponibilidade de espaço no veículo, quanto pelo custo elevado desses componentes.

c)        Usar fontes estabilizadas como carregadores:

Essas fontes são ótimas para alimentar nossos aparelhos de som, TV, luminárias e eletrônicos em geral, porém, são péssimos carregadores de bateria, por fornecerem tensão abaixo do valor ideal, e corrente acima do nível aceitável. O termo “fonte estabilizada” produz a falsa impressão de que estamos utilizando o dispositivo correto.

3)        CONCLUSÃO:

De posse dos dados acima, podemos sugerir algumas mudanças que permitam melhorar ou mudar radicalmente o desempenho do sistema elétrico de nossos RV’s, senão vejamos:

3.1)     Substituir todo o sistema atual por outro, desenhado especificamente para esse fim. Esta é a solução mais cara e complicada de todas, porém, a mais adequada. Os componentes são:

a)        Banco de baterias especiais para serviço, de alta amperagem.
b)        Carregador inteligente tipo U. U. I. (3 fases de carga).

3.2)     Uma alternativa menos cara seria a troca das baterias por outras de chumbo/ácido, porém, de amperagem maior.

OBS:  Nunca substituir o alternador por outro mais potente, ou adicionar um segundo alternador.

4)        DICAS DE ECONOMIA DE ENERGIA E CUIDADOS PARA COM BATERIAS DE CHUMBO/ÁCIDO:

4.1)     Nunca permitir que as baterias se descarreguem completamente;

4.2)     Quanto mais lenta for a carga, melhor. Carregar baterias envolve mais do que isso, mas a observância deste preceito já é um bom começo;

4.3)     O uso de flutuadores eletrônicos de carga pode ajudar. Existem alguns alimentados por painéis solares, que cumprem bem essa tarefa;

4.4)     Dê preferência ao uso do carregador que veio no veículo. Por mais antiquados que possam parecer, seu rendimento no quesito “carga de bateria” supera o dos alternadores e fontes estabilizadas (essas, fortemente contra-indicadas);

4.5)     O ideal é possuir uma fonte estabilizada bi-volt para alimentar os dispositivos eletro-eletrônicos durante a permanência no camping, e um carregador dedicado à bateria, devidamente chaveado;

4.6)     Verificar periodicamente o nível do eletrólito da bateria, e, se preciso for, completar com água destilada (nunca com solução ácida);

4.7)     Mantenha limpos os terminais da bateria;

4.8)     Procure utilizar luminárias econômicas, do tipo fluorescente. Já é possível encontrar luminárias à base de diodos emissores de luz (LED), que são infinitamente mais indicadas. Televisores com tela de cristal líquido também são melhores, por consumirem cerca de 30% se comparadas às convencionais.

4.9)     Evite o uso de inversores. Tais aparelhos costumam ser grandes vilões na guerra contra o consumo elétrico excessivo. Se não houver outro jeito, prefira os totalmente transistorizados, sem transformador, de onda senoidal ou semi-senoidal.

Espero ter esclarecido algumas das principais dúvidas sobre baterias e suas aplicações. Boas acampadas a todos!!!!

Alfie
KG Safari 1980, nº 0239.

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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