A história do TRAILER no Brasil se dá pela história da primeira fábrica no país: A Turiscar, cujos detalhes podem ser lidos mais abaixo surgiu em 1965 e abriu falência no final dos ano 1990. Ela vem ressurgir em 2016 com o mesmo propósito e objetivos.
Outra fábrica muito importante no país foi a Karmann Ghia. Sim, a mesma montadora do famoso carro Cupê e conversível de mesmo nome, co-fabricante do Ford Escort conversíveis e até mesmo durante uma fase montando a LAnd Rover Defenfender, também teve seu parque idustrial de veículos de recreação, com destaque para os trailers e o motor home compacto KG-Safari na Kombi. PRimeiramente, na década de 1970 a Karmann Ghia importava seus modelos da Alemanha, mas a partir dos anos 1980 já montava todos aqui, tendo inclusive modelos desenvolvidos especialmente no Brasil, como os pequenos KC-270 Colibri e KC-330 Tangará. A fábrica fechou sua produção em 1995, mas até hoje, juntamente com a turiscar, ainda compõem a maioria dos trailers existentes.
Muitas outras fábricas vieram nos anos 1970 e 1980 que poderão ser conferidas nesta seção do MaCamp, mas devemos destacar mais uma pelo seu cenário produtivo: A Rosin Caravan que se tornou Motor Trailer anos depois, existe até hoje e foi a única das pioneiras a resistir ao declínio do setor que perdurou mais de dez anos.
História da Turiscar: Primeiro Trailer Brasileiro:
O campismo no Brasil nunca foi uma prática extraordinária, mas já teve seus melhores dias. Pedro Scheid, falecido em 2013, morava em São Leopoldo no Rio Grande do Sul e contribuiu muito para estes “melhores dias”.
Pedro Luiz Scheid foi o pioneiro na fabricação de trailers e motor-homes no Brasil e contou em entrevista, como tudo começou.
Scheid idealizou a fábrica em 1964 e em 1965 ela foi concretizada. Ainda em 1964, ele construiu o protótipo que foi exposto no salão do automóvel no Ibirapuera e que até hoje se mantém em excelente estado de conservação.
Desde 1965 até 1983, Scheid exerceu o cargo de diretor-presidente da Turiscar. Naquele último ano ele vendeu todas as suas ações.
Nos momentos de descanso por volta de 1960, Scheid, que trabalhava na Varig, e sua esposa Toni, iam para a praia de Pernambuco no Guarujá. Como naquela época a praia era quase virgem, o casal praticava o camping selvagem e segundo ele era uma delícia.
Um ponto negativo dessas viagens era a subida congestionada da Serra. Daí a idéia de construir um trailer onde o casal pudesse ficar acampado à noite e subir nas madrugadas de segunda feira sem trânsito.
Na época falava-se na estatização da Varig e isto forçaria a saída de alguns funcionários. O vice-presidente da Varig, o comandante Bordini, sabia das intenções de Scheid e ofereceu sociedade na abertura da fábrica, onde Scheid dirigiria.
Após voar para a Alemanha e visitar a fábrica de Knaus e com seus conhecimentos, arregaçou as mangas após voltar ao Brasil e começou a construir seu primeiro trailer.
A suspensão tipo Porshe, ele assimilou da Volkswagen. A carroceria “monocoque” era familiar dos tempos de professor de inglês técnico da Varig. Em todos os fins de semana na casa dos pais em novo Hamburgo, Scheid se dedicava inteiramente à construção de seu protótipo. Ele contou com a ajuda de dois marceneiros.
Uma corrida contra o relógio se iniciou, pois começara a fabricar seu trailer em outubro e o salão do automóvel seria em fins de novembro.
Imprevistos aconteceram. Com o entusiasmo da construção, ninguém percebeu que a porta da fábrica não comportaria a largura do trailer pronto. Não teria como sair sem destruir parte do escritório da firma. Então demoliram o muro dos fundos e saíram pelo terreno da vizinha, após o pagamento da indenização de todos os pés de aipim sacrificados da sua plantação.
O caminhão levando o trailer só parou para reabastecimento e junto a dois motoristas, chegou a tempo da abertura do salão. O trailer já chegou com a marca Turiscar e foi um sucesso em termos de visitação, ao contrário das vendas. Em vista disso, Scheid lembrou-se do diálogo que teve com o Sr. Knaus na Alemanha:
Sr. Knaus: -Sr. Scheid, diga-me. Quantos campings existem no Brasil?
Scheid: -Nenhum.
Sr. Knaus: -E quantas fábricas de barracas existem lá?
Scheid: -Não conheço nenhuma.
Sr. Knaus: -E o senhor tem coragem de fabricar trailers no Brasil? Que Deus o proteja!!
No primeiro ano, Scheid conseguiu colocar 36 trailers nas revendas Volkswagen, que assumiram a revenda. No segundo ano, só conseguiu vender 18 trailers.
Ele “agitou” o mercado organizando ralis para Bariloche, na Argentina, Santiago e Porto Montt, no Chile, Águas quentes, em Goiás, passando por Brasília, onde foi recebido pelo presidente Médici. Na frente do palácio, os 26 trailers alinhados e o presidente Médici os recebendo na rampa principal.
A turiscar começou a fabricar motor-homes em 1976 e no auge, a marca chegou a fabricar 73 trailers em um mês.
Pedro Scheid se afastou da Turiscar em 1983. de lá p’rá cá, a empresa foi caindo e fechou as portas perto do final de 1999.
No final da entrevista nos anos 2000, Scheid fez uma comparação do mercado externo ao interno. Disse que não há comparação. Os americanos têm mais de 11 milhões de veículos de recreio e isso tende a crescer. O mercado interno não para de cair Devido aos “desincentivos”. Muitas fábricas fecharam, assim como as grandes: Turiscar e Karmann Ghia. Nos EUA, o veículo de recreio é encarado como moradia altamente ecológica e o imposto é menos de 1%.
Se nos EUA não houvesse trailers e motor-homes, milhões de hectares de mata seria destruída para dar lugar a tantas casas de veraneio.
Scheid fecha a entrevista dizendo que em termos ambientais, o veículo de recreação é altamente benéfico e satisfatório. Deixando no ar a alta potencialidade que o Brasil possui para o campismo e quantos benefícios poderiam surgir.
Um célebre funcionário da Turiscar que ajudou a construir o primeiro trailer e trabalhou por mais de 30 anos na linha de produção foi o seu Oscar. A foto mostra o profissional junto ao primeiro trailer que foi, anos depois, readquirido pela fábrica. O mesmo fora reformado após de três décadas e 60.000km de uso. Em todos os anos de trabalho, Seu Oscar diariamente era o primeiro a chegar e o último a sair do parque industrial. Simplesmente porque amava o seu trabalho e era extremamente competente. A empresa o chamava de: A personificação do espírito da Turiscar, por ter experiência, conhecimento, capacidade de trabalho e de se adaptar às últimas tecnologias de produção de trailers e Motor Homes.
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Olá me interessei muito pelo assunto e irei realizar um trabalho em conjunto com alguns colegas da faculdade de marketing do senac. Gostaria de saber se tem fontes sobre o crescimento dos últimos dois anos desse mercado e estimativas para os próximos anos. Falaremos sobre o Turismo sobre rodas. att