O Blog “Feliz Motor Home” postou hoje a terceira parte de sua viagem até o Chile. Sonho deles e de muitos outros campistas, a interessante narração serve de preciosas informações aos aspirantes.
(por http://felizmotorhome.blogspot.com.br)
Olá! Relatamos mais uma parte nossa viagem pelo Chile e Argentina.
No 25º, continuamos no camping El Molino, Puerto Octay, um dia intercalando garoa, nublado, frio, neblina, sol, garoa. Com a meteorologia adversa, resolvemos limpar o mhome (interno: aspirador, reorganizar materiais e espaços…) À tarde fomos ao pequeno quartel de bombeiros (único local com internet, além da biblioteca pública), trocamos informações e postamos o blog.
À tardinha olhamos mapas, conversamos com Sr. Miguel (propriétário do camping), efetuamos o pagamento e agradecemos pela sua dedicação e gentileza. Hoje melhoramos da tosse que nos acompanhava há dias… Durante a noite nos animamos: céu estrelado, friozinho, uma leve brisa.
Mas na manhã seguinte (26º dia), o céu conspurcou novamente. Decidimos seguir viagem. Fomos até Puerto Montt, um pouco confusa a chegada na cidade (todas “desembocam” no terminal de ônibus). Mas conseguimos chegar até o estacionamento do Mall Costanera (shopping), onde deixamos o mhome e fomos procurar a lavanderia, informações turísticas, etc.
Puerto Montt possui 175 mil habitantes, muitos criadouros de salmão (exportam para o Brasil). Há um local chamado Angelmó, onde se encontra a feira artesanal; um Porto de embarque para Chilóe, Aysen, Puerto Natales,… e mercado de mariscos e pescados, onde 40 produtores oferecem os produtos do mar e, se quiser comer ali mesmo, eles preparam (para quem aprecia frutos do mar, é um prato cheio).
Voltamos para a calle costanera para visitarmos a feirinha de artesanato. Muita variedade, colorido, mas os preços são bem mais elevados que as outras feirinhas que visitamos. Mas compramos umas lembrancinhas…
Infelizmente, as lavanderias pedem 2 dias para entregar a roupa. Fomos então procurar os campings citados pelas infos turísticas: o El Ciervo está fechado (reabre em dezembro); e no Paredes a proprietária não faz o corte dos galhos de árvores (está chegando o inverno), então não oferece altura suficiente para o mhome passar.
Voltamos para o estacionamento do Mall Costanera, fomos ao supermercado e depois optamos por voltar para Osorno (inicio do retorno para Argentina).
Em Osorno fomos no Hiper Lider nos informar sobre lavanderia, mas há apenas no Jumbo (centro, com impraticável estacionamento). Abastecemos e fomos para a Ruta 215, dormimos em uma Tenência de Carabineros (Posto Policial).
No 27º dia, completamos nossos 11 anos de união. Desejamos que o Supremo Criador nos permita outros 11 tão bons quanto estes.
Pouco adiante (Ruta 215, km 25), encontramos o Museu de Automóveis Moncopulli, do Sr. Bernardo (www.moncopulli.cl) . Ficamos surpresos ao constatar a variedade de objetos (rádios, câmeras fotográficas, brinquedos, ferros de passar, até máquinas de costurar, rádio de avião à válvula,…). Tudo muito bem organizado e arrumado.
Ao chegarmos no setor dos automóveis antigos, nova admiração: estão bem dispostos e protegidos da ação do tempo, alguns finamente restaurados, outros ainda em fase de recuperação. Possui 59 veículos Studebaker, desde o início do século XX, até os anos 60, quando a fábrica encerrou atividades.
Quando já estávamos satisfeitos em ver tantas belezas, fomos para a parte externa, onde perfilam-se dezenas de automóveis para serem restaurados (alguns raros como antigos Volvo, “Jeep” Morris, Citroen 2CV, Romi Isetta,…).
Maravilhados com tudo, após a contemplação de 2 horas, adquirimos um livro com história e fotos dos automóveis e seguimos viagem.
Na entrada de Entre Lagos, encontramos um pequeno posto de informações turísticas. Não havia atendente, suas portas estavam fechadas, mas uma janela estava aberta.
Fomos então até a municipalidade, onde nos informaram que estava acontecendo uma reunião em Osorno e não havia alguém para nos auxiliar. Acessamos internet (na praça), e perguntamos a um transeunte sobre restaurante ou lanchonete de comidas rápidas (comuns no Chile). Explicado o endereço, complementou que “la comida és mui buena”. Não confiamos muito na informação, mas fomos lá para ver.
Restaurante Al Paso (Calle Manuel Rodriguez, 97), ambiente simples, atendimento gentil. Pedimos um salmão grelhado com batata frita e salada (a atendente questionou se era apenas 01 prato, o que confirmamos).
Uma delícia e em quantidade suficiente, por apenas PCh$ 5.000 (R$ 21,00!!). Depois de almoçarmos muito bem, voltamos para o mhome e saímos a rodar pela cidade, procurar os vários campings indicados na internet.
Achamos dois abertos, um não conseguíamos entrar (problemas de altura) e no outro não havia espaço para manobras (são campings apenas para barracas).
Paramos numa bela pousada, às margens do lago e fomos calorosamente recebidos pela sra. Maria Hermosilla, muito gentil e simpática. “Cabañas y Hospedaje Panorama; calle General Lagos, 687 (a orillas del lago Puyehue)”. Nos cedeu até uma das cabanas para tomarmos um bom banho quente no final da tarde.
Após estacionarmos o mhome, saímos a caminhar pela costanera. As vezes o sol aparecia, mas na maior parte do tempo nublado e úmido.
A pequena “Entre Lagos” possui 4 mil habitantes, é um antigo porto madeireiro, hoje seu forte é o turismo, pois fica as margens do Lago Puyehue.
Todo nosso dia de “aniversário” foi ótimo, tudo deu certo, até os obstáculos (colocados pelo Supremo Arquiteto) foram oportunos para alteração de escolhas e roteiros.
O astro rei se fez presente neste 28º dia de viagem. Depois de tantos dias nublados. Mas ainda há alguma neblina.
Após agradecermos e despedirmos da Sra. Maria Hermosilla (hermosilla = formosinha), seguimos nossa estrada.
Vimos os vulcões Osorno e Pontiagudo ao longe e entramos numa estradinha, seguindo placas de um camping, o qual não o encontramos, mas sim um bom local para fotografarmos os vulcões.
Voltamos para a ruta 215, na intenção de irmos às termas de Puyheue, mas é um Hotel, e cobra o equivalente a R$185,00 por pessoa para passar apenas o dia (usar as piscinas, equipamentos, sauna, e lanches inclusos).
Nas termas de Águas Calientes há um camping, que está fechado até dezembro (abre na temporada de verão) e, se quisermos usar as piscinas custam o equivalente a R$ 30,00 pessoa (sem direito a sair e reentrar ou estacionar à noite).
Já perto da fronteira e mesmo querendo ficar mais, concluimos que chegou a hora de sair do Chile. Estamos há muitos dias visitando lugares paradisíacos, conhecendo pessoas atenciosas e simpáticas, mas agora carecemos de um local (camping ou semelhante) para ficarmos vários dias estacionados, lavarmos roupas, limparmos o mhome, escrever o blog,… colocar as idéias em ordem.
Lembre-se que a temporada turística chilena é de dezembro a março, quando os campings estão adequados. Além disso, surpreendemo-nos que o país, indescritivelmente aprazível e belo, não despertou para o investimento turístico no desenvolvimento de campings convenientes (e disponíveis) para mhomes. Mas observamos que várias grandes empresas importadoras estão oferecendo mhomes europeus em suas vistosas lojas de revenda. Imaginamos que seja o passo inicial para a implantação do sistema.
Quase chegando à aduana, fizemos uma parada rápida para fotografar o salto Los Novios, onde percebemos de forma evidente as cinzas do vulcão Puyehueie, que entrou em erupção em 2011, “inundando” com toneladas de particulado a região e Argentina. (na época, constatamos a poeira em Gramado-RS)
Na Aduana Chilena estacionamos, comemos empanadas do Kiosko (saborosas, mas tão caras quanto apimentadas), cambiamos moeda (pesos chilenos por pesos argentinos), fizemos os trâmites de papéis, e às 13 h seguimos rumo a Aduana Argentina (distante 40km!).
Ao longo da estrada “havia” uma linda floresta, mas tudo que se vê é monocromático: as árvores, o chão, as flores, o asfalto, as montanhas. Tudo é cinza. Ficamos imaginando quanto tempo a natureza levará para recuperar de todo este sofrimento. Em alguns lugares o volume de cinza forma altas dunas. Toda a paisagem lembra um fantasmagórico filme antigo em tons de cinza.
Estando aqui entendemos o quanto esta região sofreu (ainda sofre) as conseqüências, e também o motivo da interrupção da estrada por tanto tempo, bem como muitos vôos comerciais.
Na divisa Chile-Argentina, (± 1300m de altitude), paramos para fotos. Um vento forte e muito gelado penetrava pelas roupas. Suportamos por alguns minutos e já saímos.
Na Aduana Argentina, Dan ficou no mhome (havia longa fila de carros para inspeção) e eu fui providenciar os documentos. Após quase 1 hora, estava com toda a “papelada” em ordem, faltava a vistoria no mhome, o que “podria demorar um largo tiempo”.
Mais algum tempo, Dan foi questionar outro gendarme, que o encarou seriamente nos olhos e disse para seguirmos (surpresa!), “usted no necessita vistoria”. Abandonamos a longa fila e seguimos contentes…
Lá fomos nós, pela ruta 231, vegetação começando a ficar mais verde. Logo vimos os lagos (Espejo e Correntoso), e eis que surgiu o “lago oceano” Nahuel Huapi (570km2), todos refletindo o azul do céu, o sol radiante, as montanhas e árvores ao redor.
Chegamos em Villa La Angostura (uma aprazível cidade) e, logo na entrada (frente ao posto YPF), vimos a placa do Camping Unquehue. Entramos, olhamos, conversamos com o Germano, que nos mostrou o camping: amplo, muitos boxes, água quente 24h, segurança, tranqüilidade, por PAr$ 90/dia – R$ 41,00 (valor incluindo eletricidade, que é cobrada).
Após irmos ao grande supermercado La Anonima e às informações turísticas (recebemos mapas, explicações sobre passeios, endereço de lavanderia), voltamos e estacionamos no camping, em local agradável. Boxe arborizado, água, tomada de energia, mesa, bancos, churrasqueira, … Nossa casa móvel pareceu fixa, com toldo aberto, cadeiras… num imenso e lindo jardim.
Tomamos um bom e demorado banho quente e fomos preparar um bom jantar (almoçamos apenas 1 empanada na aduana!); “spaghetti com espinaca”, salada e vinho, para comemorar este tão esperado espaço.
No domingo (29º dia), o sol só apareceu após as 8:30h (sombra das montanhas e árvores ao redor), céu azul, e frio (5ºC dentro do mhome). Depois das 10:30h criamos coragem e saímos para acessar internet (wifi na sede do camping), e dar uma caminhada (para se aquecer e exercitar).
Encontramos as lavanderias, mas fechadas (domingo), caminhamos mais um pouco pelo centro, olhamos vitrines, revistarias, e começamos a analisar o local: é uma cidade pequena, mas tem o turismo como ponto-chave para seu desenvolvimento (várias obras em construção e acabamento, serviços básicos, muitas e variadas lojas).
O que incomoda um pouco é a poeira (cinzas do vulcão), que está por toda parte (telhados, árvores, folhagens, calçadas, ruas). Um caminhão molha as principais ruas 3 vezes ao dia, mas logo fica seco novamente.
Todos (até agora) nos atenderam muito bem, forneceram informações corretas, falam mais pausadamente (para compreendermos), e aceitam qualquer moeda para pagamentos (R$, PCh$ ou PAr$).
Após uma longa caminhada, voltamos para o mhome, almoçamos e depois aproveitamos o calor e o sol para limpar calçados, mhome (dentro e fora), lavar umas poucas peças de roupa (a poeira e a falta de vento não permitem secar muita roupa ao ar livre).
Tomamos “aquele” banho quente novamente, depois fomos caminhar um pouco pela estrada. Fomos até o supermercado La Anonima comprar um peixe para o jantar.
Villa La Angostura possui cerca de 8 mil habitantes, em localização privilegiada, possui belas paisagens; a maioria das casas em madeira, possuem os telhados bem inclinados (dando um charme ao local). Muitos telhados anda possuem uma camada das cinzas vulcânicas, enrigecida pela incorporação de água da chuva.
Novo dia, segunda (30º), é dia de levar as roupas para a lavanderia, como já são em grande quantidade, optamos por ir com o mhome.
Depois fomos passear pelo setor histórico da cidade, há algumas casas de madeira e pedra, o museu ainda estava fechado. Chegando perto do trapiche para fotografar os barcos e a água cristalina, a Sra. Flor nos interpelou e conseguiu nos convencer a fazer o passeio de catamarã (PAr$270 nós dois, incluindo a entrada no parque, ou R$ 121,00). Estacionamos o mhome em local perto e seguro e fomos navegar. O catamarâ é grande e moderno (GPS integrado, piloto automático, radar, fabricação 2006..), comporta 105 passageiros embora tinha apenas 10.
Saímos às 11h e retornamos às 14h. O barco leva 1h para ir (equivalente para o retorno) até o porto de Parque Nacional dos Arrayanes e temos mais 1h para o percurso em terra.
Fomos muito bem instruídos pela guia “Beth”, demonstrando elogiável conhecimento geral, nos falou das paisagens ao redor do barco, da criação do parque nacional e, quando da caminhada, nos orientou com informações sobre botânica, ecologia, temperatura, luminosidade,… enfim sempre com competentes respostas aos nossos questionamentos. Citou que os ciclos da vegetação foram alterados pelas poeiras, que incorporam diferentes composições minerais no solo, cobrem as folhas, perturbando a fotossíntese…
O Parque Nacional do Arrayanes (pequena frutinha roxa, parente da goiaba e do araçá), foi sendo criado em partes, desde a década de 1930. O local, denominado Nahuel Huapi (ilha do tigre), na verdade é um imenso istmo, com cerca de 15km de comprimento. Possui árvores com mais de 25 metros de altura, com idades entre 250-600 anos. Há dois modos de visitar o parque: via lacustre (nosso passeio) ou a pé/bicicleta, percorrendo as longas trilhas.
Ao final da caminhada, chegamos a Casa de Té (parece a casinha da Branca de Neve), onde saboreamos um bom chocolate quente.
No retorno, o barco passa perto da Bahia Manzano, onde pode-se ver algumas lindas residências. O lago tem belos tons de azul e verde, dependendo da profundidade .
Já passava das 14:10h quando chegamos ao mhome. Visitamos uma praça com belas esculturas em madeira, e depois a capela de N. Sra. da Assunção, toda em pedras encaixadas, com belos vitrais e cobertura de tabuinhas.
Fomos ao La Anonima (comprar comidas prontas), e voltamos ao camping Unquehué. Descansamos, acessamos internet novamente.
Ao final da tarde fomos de mhome à casa de câmbio (única em Angostura e ótimas cotações). Depois buscamos as roupas, que estavam muito limpas e cheirosas, além de bem dobradas; serviço muito bom. Lavadero La Angostura (Calle Los Notros, 120).
Voltamos para o camping, estacionamos e fizemos um lanche. O frio já começava a surgir.
No 31º dia, ficamos no camping, estava muito frio e com um ventinho chato. Perto das 12h fomos caminhar para esquentar um pouco. Chegamos ao YPF ACA (Automóvil Club Argentino), e adquirimos o Guia ACA de toda a Argentina (uma enciclopédia geográfica, histórica, turística e cultural, profusamente ilustrada, com 420 páginas), por apenas PAr$65 (R$30,00).
Voltamos para o mhome e providenciamos o almoço: peixe com saladas de tomate e “palta” (abacate chileno).
À tarde começamos a guardar e limpar todos os utilitários externos (toldo, cadeiras, varal, rampas), pois queremos seguir viagem no dia seguinte, e o frio da manhã não nos permite estas tarefas.
Fizemos mais uma caminhada curta, tomamos um bom banho, e ficamos no mhome olhando mapas e roteiros para os próximos dias.
Em breve postaremos mais um trecho de nossa viagem. Abraços e Até logo !!
fonte: http://felizmotorhome.blogspot.com.br/2012/04/viagem-argentina-e-chile-parte-3.html