Turismo de Natureza Ganha Força no Brasil, Mas Campismo Ainda Nem é Pauta
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Veiculado nesta semana pelo próprio site do ministério do turismo, o potencial turístico do Brasil foi apontado como o maior em recursos naturais do mundo. Com ênfase nos Parques Nacionais, iniciam-se novamente discursos “jogados ao vento”. Novas fórmulas mágicas de desenvolvimento do turismo são citadas, mas o campismo sequer faz parte do assunto.
A modalidade de turismo que mais respeita, interage e preserva a natureza nem passa perto do discurso de quem o defende. “Descobriu-se” que o Brasil esta na frente até mesmo dos Estados Unidos e Austrália em área de recursos naturais, mas recebe apenas 6.6 milhões de turistas visitantes em 2014, número nem próximo dos 282 milhões dos americanos no mesmo ano.

O Ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves discursou evidências demonstrando que equipes que deveriam ser especializadas no setor, sequer desconfiam das modalidades turísticas mais viáveis e corretas nesta aplicação. “Hotéis” são a única opção de hospedagem?  “Isso ocorre porque não basta ter o atrativo natural. É preciso transformá-lo em um produto turístico com infraestrutura básica para os visitantes, como hotéis, serviços, transporte e preço competitivo” Disse o ministro.

O MaCamp defende há 15 anos que o potencial do campismo do Brasil pode ser maior até mesmo que os Estados Unidos e Europa exatamente pelas  suas reservas naturais, destinos turísticos e grande e bela extensão litorânea. São praias, rios, matas e parques nacionais, naturais, estaduais e até municipais que, em sua maioria proíbem camping. 

É sabido que a maior forma de preservação das áreas é a menor intervenção possível na construção de estruturas, porém sabe-se que uma infraestrutura básica para o receptivo, informação e orientação dos parques se faz enormemente necessário. Então porque não reservar junto aos centros de recepção uma área de camping? A estrutura extremamente simples parte de uma área cercada com estrutura de banheiros, o que normalmente já é existente na recepção. Melhorias opcionais passam por energia elétrica, água para RV`s e cobertos com uma cozinha coletiva que fariam com que ainda mais turistas visitassem os locais. Ao invés disso o que vemos são hotéis, pousadas e comércios sendo erguidos em áreas que não deviam ser desmatadas e construídas, em prol de interesses e lucros de particulares. Já o camping do Parque poderia reverter seus proventos à própria estrutura e melhorias no parque e projetos de preservação e educação ambiental. Com esta oferta, ficaria até mesmo mais justificável a contenção de novas construções de hotéis nas áreas protegidas.

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Parque Nacional da Serra Geral no RS – Não há estrutura de recepção. | Foto: Paula/Marcos Pivari – MaCamp


Parque Nacional de São Joaquim – Sem estrutura interna. | Foto: Paula/Marcos Pivari – MaCamp

Enquanto os discursos ecoam na mídia, cidades turísticas continuam engatinhando em seus receptivos. Não é incomum visitarmos cidades onde a própria secretaria de turismo em suas sedes de “informações” possuem funcionários que sequer conhecem os próprios atrativos e não contam com materiais gráficos sobre o roteiro. A frase “Não temos mapa da cidade, acabou. Mandaram fazer mais, mas ainda não chegou!” é muito comum e há postos de informações turísticas que, pasmem, fecham de sábado e domingo.


“Informações Turísticas” de São Lourenço do Sul-RS – Fechado aos finais de semana. | Foto: Google

Países europeus e norte-americanos são ícones do campismo, principalmente na modalidade do caravanismo, onde diversos lugares contam com campings e parking trailers ultra modernos e estruturados para receber seus turistas. O Brasil tem potencial ainda maior, pois nosso clima tropical não depende somente dos veículos de recreação como nos países  gelados, tendo o campismo nômade (de barraca) como opção ainda mais acessível, numerosa e de ainda menor impacto ambiental. Bastam 4m² para uma barraca de 2 a 4 pessoas que dividirá uma bateria de banheiros coletivos sem mais qualquer intervenção construtiva, deixando o solo livre assim que partir em retorno levando apenas fotografias e lembranças.


Camping do Parque Nacional da Serra dos Órgãos-RJ, que possui camping oficial. | Foto: Paula/Marcos Pivari – MaCamp


Camping do Parque Estadual do Marumbi-PR pronto e fechado, aguardando licitação de administração.  | Foto: MaCamp

Enquanto divagamos nossos projetos de fomento ao campismo e ao turismo do Brasil, o presidente da EMBRATUR, Vinícius Lumertz no debate da ABAV EXPO 2015 defende a entrada da iniciativa privada no investimento dos Parques Nacionais. Nos resta continuar lutando pela INFORMAÇÃO e fomento, rezando por tempos melhores.

Marcos Pivari


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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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