No coração do Vale dos Vinhedos do Rio Grande do Sul, na estrada que serve às melhores e mais procuradas vinícolas de Bento Gonçalves já dá pra avistar ao longe o pequeno município de menos de 3mil habitantes. As duas torres da Igreja Matriz de São Francisco de Assis já vencem a altura das montanhas forradas com os parreirais em plena produção. Ali está o coração da imigração italiana do Rio Grande do Sul, cuja história conseguiu ainda conservar algumas atividades quase extintas nos dias de hoje. O destino é praticamente obrigatório para quem curte desenhar seu próprio roteiro.
Monte Belo do Sul pertenceu ao município de Bento Gonçalves até 1992. Emancipado junta até hoje pouco mais de 2.600 habitantes em uma cidade pacata e tranquila. Apenas um dia é suficiente para a visita, podendo mesmo em uma manhã ou tarde caso o tempo seja escasso.
Como Chegar:
É fácil chegar em Monte Belo do Sul. O caminho todo asfaltado pode ser confundido com o uso de alguns GPS`s. O melhor caminho é partir do trevo da RST-470 que fica entre Bento Gonçalves e Garibaldi (-29.195920, -51.518974). Aí é só seguir pela RS-444 até o trevo de Monte Belo do Sul super bem sinalizado.
Os pontos de maior importância que você não deve deixar de visitar são:
PRAÇA CENTRAL E IGREJA MATRIZ:
Servindo de ponto de partida aos passeios na cidade, a praça possui chafariz temático com corante vermelho que remete ao vinho. O paisagismo bem cuidado serve de pano de fundo para a imponente Paróquia de São Francisco de Assis, cuja construção se deu em sistema de mutirão com a participação de toda a comunidade. O então Padre José Ferlin, que leva o nome da praça, se dedicou integralmente à construção da igreja promovendo diversas campanhas para a construção, como a campanha da pedra (alicerces), da areia (vinda toda do Rio das Antas), do cimento, do tijolo, do teto e dos vitrais (que até hoje levam o nome das empresas que os patrocinaram). Destaque para as pinturas de Emílio Zanon, Guaporeense que morou muitos anos em Monte Belo. Há alguns anos a igreja recebeu algumas obras de restauração e, na visita de nossa equipe, pudemos comprovar o espírito de participação da comunidade, onde uma moradora ali reparava cada rejunte do piso cerâmico da paróquia. As torres com 65m de altura são realmente icônicas para a cidade.
-29.163184, -51.632138
TANOARIA MESACAZA:
Um dos últimos Tanoeiros da Serra Gaúcha ainda se configura como uma atividade em extinção em todo o mundo. A confecção de pipas, barris e barricas, principalmente de carvalho, ainda precisam ser artesanais para um bom resultado. Apesar dos primeiros processos da fabricação do vinho terem substituído as velhas barricas pelo aço inox, o processo de afinamento e envelhecimento da bebida ainda depende das pipas de carvalho para garantir a qualidade e o resultado buscado. Ali os recipientes são fabricados em um misto de ferramentas rudimentares com algumas mais modernas, como no caso de se cortar cada ripa da madeira com todos os contornos arredondados na adueleira. Depois vem o processo bem artesanal de se curvar as ripas fazendo-se o fogo dentro do barril para que o calor, junto ao umedecimento permita a curvatura correta para a posterior pressão dos anéis metálicos que são fixados na máquina hidráulica.
A tanoaria já está na terceira geração, onde pai e filho hoje atuam na empresa fundada pelo avô. Eles utilizam carvalhos vindos dos Estados Unidos e da França, onde cada um deles possui diferentes propriedades para diferentes resultados na produção de bebidas. Não há um sistema de visitação. A empresa é familiar e seus proprietários muito atenciosos para recebê-lo informalmente. Caso você encontre a empresa fechada, procure bater na porta ou na casa ao lado. Foi assim que nossa equipe foi super bem recepcionada.
Endereço: R. Dom Luiz Colussi, 405 | (54) 3457 – 1001
-29.165026, -51.634896
CASA FILIPPON – FACAS ARTESANAIS:
A quarta geração da família de cuteleiros, Adelar Filippon recicla a matéria prima das facas artesanais. Os cabos e bainhas também seguem a mesma filosofia e são produzidos no local. A temperatura do fogo no forno artesanal é controlada rudimentarmente pela cor do aço enquanto arde. São diversos os metais utilizados para iniciar a confecção de uma faca, sendo em sua maioria vergalhões de construção e Aço Damasco*. O valor do seu trabalho é reconhecido pelos diversos amantes das facas por todo Brasil e do mundo que encomendam suas peças da maneira desejada. Os cabos podem ser feitos de diversos tipos de madeira e até de chifres de animais dos mais diversos.
Assim como os demais passeios da cidade, o receptivo fica por conta do proprietário – Adelar Filippon – que esbanja simplicidade e atenção.
* Aço Damasco: microfusão de superfície de vários aços em um só bloco. Este caldeamento ficou escasso com a produção industrial de aço em grandes blocos, o que não era facilmente encontrado antigamente. =>
Endereço: Linha Argemiro | Capela Santa Rita | (54) 3457 1412
-29.151838, -51.672208
VINÍCOLAS:
Em Monte Belo do Sul todas as vinícolas são familiares. A maior delas – CALZA JR – Possui ótima localização, receptivo e degustação, mas vale também procurar as mais rústicas e simples da área rural.
-29.177643, -51.622255
ROTAS RURAIS – VINHEDOS:
Há diversas rotas rurais, porém duas com especial paisagem.
A primeira deve-se virar a direita logo que se entra na cidade (oposto ao centro) e adentrar às estradas de terra. São diversos sítios e parreirais de tirar o fôlego. Para quem utiliza navegador “Waze”, os caminhos estão todos mapeados e facilmente indicativos caso deseje-se retornar à cidade. Os caminhos são bem tranquilos para qualquer carro de passeio.
Vilarejos | Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCampA segunda opção é o caminho alternativo por terra até a cidade de Santa Tereza-RS, onde além das paisagens de Monte Belo do Sul, ainda pode-se ter um panorama incrível da cidade vizinha do alto e do Rio Taquari. O caminho todo em estrada de chão é até mais curto até Santa Tereza, só perdendo em tempo de percurso pela RS-444 ser asfaltada.