Piratini RS - De Capital da República a Simples Vila
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Piratini chegou a ser a Capital da República Riograndense no século XIX sendo achatada logo depois da Revolução Farroupilha pelo Império do Brasil. É o que conta a história. Após o levante, foi rebaixada novamente à categoria de “Vila” pelos Imperiais e assim permaneceu por 92 anos. Conhecer Piratini é imprescindível para quem busca conhecer a Rota Farroupilha e nem leva tanto tempo. Um dia é suficiente.


Foi logo no início da Revolução Farroupilha que os farrapos invadiram Piratini, mais precisamente em 8 de outubro de 1935, menos de um mês após a batalha da Azenha. Não somente representantes Imperiais e guardas foram expulsos do local. Sobrou também para o Padre Piña que era contra o movimento. Mas conta a história que a simpatia com que os habitantes receberam os guerreiros farroupilha, aliada à sua posição estratégica fez com que se tornasse o centro das operações. A primeira capital Farroupilha é parada obrigatória para quem busca reviver o palco da mais longa revolução ocorrida no país. Ali foi instalada a sede do Governo da República onde inclusive serviu de moradia para personagens importantes como o General Bento Gonçalves e Souza Neto, dentre outros. Até mesmo Giuseppe Garibaldi residiu na cidade cuja casa ainda se encontra de pé.

Das cidades históricas, Piratini também possui o maior número de edifícios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE). Um conselho ao turista é pesquisar e se informar sobre a cidade antes de chegar, pois os programas, informações e receptivos deixam muito a desejar. O município possui 26 pontos históricos relativos ao período Farroupilha.

O Museu Histórico Farroupilha serviu como Ministério da Guerra e do Interior durante a Revolução. Hoje abriga peças de diferentes épocas como pertences pessoais de Bento Gonçalves, telas que registram a revolução, móveis daquele século, moedas e outras relíquias históricas. Há quem diga que ao entrar no palácio é possível sentir a presença de alguém vigiando ou até mesmo escutar ruídos ou sentir algumas movimentações.

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Museu Histórico Farroupilha – Foto: Paula/Marcos Pivari – MaCamp
Museu Histórico Farroupilha – Foto: Paula/Marcos Pivari – MaCamp

Museu Histórico Farroupilha
R. Cel. Manuel Pedroso, 77

(53) 3257-1481
-31.448744, -53.105357

Piratini se remete a 1777 da instalação de militares portugueses às margens do rio de mesmo nome. Treze anos depois dezenas de casais açorianos chegam para trabalhar na região, mas somente no início do século XIX é que os sobrados e solares mais significativos de Piratini foram edificados.

Bento Gonçalves, mesmo preso em Salvador fora escolhido presidente da República, mas enquanto não retornasse Gomes Jardim, o vice, estaria no poder em seu lugar. Nesta nova Capital organizou a estrutura dos ministérios que foram seis: Fazenda, Justiça, Exterior, Interior, Marinha e da Guerra. Piratini se conservaria como Capital até 1839. Até então o auge da república começava a se acomodar inclusive com a estruturação de serviços básicos como correios e fisco dando a impressão de uma real consolidação. Os combates diminuíram, mas não era esperado um ano de 1838 tão insuficiente. A tentativa de conquistar Rio Grande – A grande porta da Lagoa dos Patos para o mar – fracassou assim como a de Porto Alegre. Piratini ameaçada perderia o posto de “Capital da República” para Caçapava.

A Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição foi construída durante e pós período da Revolução. Projetada por arquiteto italiano foi erguida no mesmo local da primeira capela da cidade. Esta foi levantada pelos primeiros açorianos e destruída em 1811. Em 1814 era construída uma nova igreja por José Matos Guimarães, mas já na eclosão da Revolução Farroupilha seria novamente demolida devido a uma das torres que ameaçava ruir. A atual igreja foi concluída em 1854 e ali foi realizado o Te Deum¹ em ação de graças à proclamação da República Riograndense.

Matriz de Piratini – Foto: Paula/Marcos Pivari – MaCamp

Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Praça da República Rio-Grandense
(Antiga Praça das Alegrias)

-31.448799, -53.103859

O personagem Giuseppe Garibaldi, famoso por suas heroicas participações na Revolução também morou em Piratini na mesma casa de seu conterrâneo Luigi Rossetti – redator do jornal revolucionário “O Povo”. Ambos os italianos se conheceram no Rio de Janeiro em 1836 após fugirem da Itália, mas chegam ao Rio Grande via Uruguai. Participaram dos maiores feitos farroupilhas relacionados à Garibaldi como a construção de embarcações de guerra, travessia por terras delas sobre caretas até a tomada de Laguna e na fundação da República Juliana (Santa Catarina). Luigi teve seu fim trágico sendo atingido por uma lança imperial na batalha da tomada de Viamão e Garibaldi só foi morrer na Itália em 1882 aos 74 anos após sucessivos exílios e da unificação daquele país em 1861.

De arquitetura característica luso-brasileira, a casa térrea foi tombada pelo IPHAN em 1941 e pelo município em 1956. Passa batida se não procurada, mas possui placa de identificação na fachada com suas imponentes cinco portas de vergas retas direto na calçada. Hoje funciona ali o Conselho Tutelar de Piratini.


Casa de Giuseppe Garibaldi
Rua Bento Gonçalves, 182/186
(Antiga Rua Clara)
-31.448601, -53.105129

A partir dos escritos de Alexandre Dumas, as memórias de Garibaldi transcreve seu conceito sobre a cidade: “Piratini é realmente um dos mais belos lugares do mundo; dividida em duas regiões: uma de planícies e outra montanhosa. O viajante não tem precisão de dizer nem de pedir coisa alguma; entra em qualquer habitação, vai direto a câmara de hóspedes; os criados aparecem sem que sejam chamados, descalçam-no e lavam-lhe os pés. Fica ali quanto tempo quer e, quando lhe apetece, retira-se sem despedir-se nem agradecer; e apesar desta descortesia, outro que venha depois dele não é recebido com menos aguado. É a juventude da natureza, o erguer da humanidade.”

São vários os prédios históricos a serem desvendados em Piratini: primeira câmara municipal; antiga cervejaria dos brum; palácio do governo farroupilha; casa do general neto; casa de gomes de freitas; casa do comendador fabião; casa comercial dos fabião; primeira cadeia; casa de camarinha; antigo teatro 7 de abril; antiga cadeia; obelisco ao centenário farroupilha; igreja matriz n.s. da conceição; antiga casa fabião; antiga farmácia caridade; prefeitura municipal; calçamento original; casas de josé francisco da conceição; beco da dona santa; casa de antonio correa da silva; casa brig. manoel lucas de lima; casa de manoel ricardo lucas; casa de vicente lucas de oliveira; casa de garibadi; museu histórico farroupilha.

Piratini pode ser visitada em apenas um dia. Existem muitos campings na região. Pode-se também hospedar em outra cidade mais atrativa para passeios pontuais como este. Nossa expedição ficou em São Lourenço do Sul – Camping Municipal – podendo se deslocar para os municípios vizinhos Camaquã, Pelotas e a citada Piratini. Uma boa época para a visita é na Semana Farroupilha que ocorre em setembro.

Marcos Pivari

1- Te Deum é um hino cristão, usado principalmente na liturgia católica, como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de graças. O hino é encontrado também na hinódia ou práticas litúrgicas de outras igrejas cristãs, incluindo o Livro de Oração Comum da Igreja Anglicana, as matinas luteranas e, de modo menos regular, em outras denominações protestantes e evangélicas. Das duas primeiras palavras do primeiro verso, “Te Deum laudamos” (‘A ti louvamos, Deus’), deriva o nome pelo qual o hino ficou conhecido. O nome latino vem sendo usado designar também suas traduções para os diversos vernáculos, mesmo fora do catolicismo.


Prefeitura de Piratini-RS | Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCamp
Ruas tranquilas da antiga Capital da República Riograndense | Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCamp
Placas de bronze identificam os prédios históricos | Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCamp
Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCamp
Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCamp
Fonte: Paula/Marcos Pivari – MaCamp

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Marcos Pivari
CEO e Editor do MaCamp | Campista de alma de nascimento e fomentador da prática e da filosofia. Arquiteto por formação e pesquisador do campismo brasileiro por paixão. Jornalista por função e registro, é fundador do Portal MaCamp Campismo e sonha em ajudar a desenvolver no país a prática de camping nômade e de caravanismo explorando com consciência o incrível POTENCIAL natural e climático brasileiro. "O campismo naturaliza o ser humano e ajuda a integrá-lo com a natureza."

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