Com as “Terras dos Vinhos” como destino turístico do Sul do Brasil, conforme apresentado em alguns artigos aqui no MaCamp, o campista poderá aprender muito sobre a bebida e seus encantos. Além disso a maioria das vinícolas possuem programas de visitação onde se conhece todo o seu processo de produção desde a plantação até o fechamento da rolha e colagem do rótulo. Degustar seus produtos? Claro! É um dos programas mais procurados pelos turistas.
Nossa missão nesta matéria é de simplificar o assunto dos vinhos tirando daquele pedestal em que geralmente é tratado e colocando a bebida como acessível a todos os estilos, bolsos e capacidades gustativas. Também de guiá-lo para uma visitação mais otimizada nas diversas produtoras dos arredores.
Ao viajar para uma região produtora de vinhos, você encontrará um número enorme de vinícolas, tanto das grandes e famosas, quanto das pequenas e familiares. Faça um planejamento escolhendo algumas que diversifiquem tanto o tipo de vinho, perfil e tamanho da empresa. Há estabelecimentos grandes com extenso programa de visitação e degustação inclusive paga que podem não trazer tantas informações ou pormenores como as de pequeno porte ou mesmo cantinas familiares minúsculas.
Nosso conselho é que você escolha uma de cada tipo e pesquise qual se encaixa mais no seu jeito. Evite querer “cumprir” a totalidade das vinícolas, a menos que seja um especialista e possua tempo de sobra para isso.
Escolha uma grande e famosa, uma média especial e uma familiar bem intimista para começar.
A maioria das vinícolas possui programas de visitação que acompanham o turista por suas instalações internas da produção. Durante o passeio você ouvirá explicações sobre as uvas, a fermentação nos tanques, técnicas e funcionamento do processo, envelhecimento e muito mais. Aproveite para tirar suas dúvidas. Com certeza esta vivência lhe trará mais prazer quando estiver degustando esta bebida dos deuses.
Maturação dos espumantes ocorre na garrafa que deve ser girada em 1/4 de volta de tempos em tempos
Comportamentos:
Vinho é uma bebida prazerosa que se aprende a beber aos poucos. Não, não é preciso se comportar como muitos enófilos que parecem exagerar nos rituais. Olhar, cheirar, analisar e desvendar aromas e paladares não são pré requisitos para curtir este prazer na vida. Não cultive preconceitos e sim gosto próprio. Há vinhos de ótima qualidade a preços módicos – “Tem vinhos bons e ruins para todos os gostos e bolsos”. Também é legal saber que nem sempre os preços dos vinhos nas “lojas de fábrica” das vinícolas são os melhores. Utilize a internet para fazer pesquisas.
Sobre os Vinhos:
Tentaremos abordar aqui algumas questões fundamentais a respeito do vinho, de forma muito simples e prática.
O vinho é uma bebida de mais de 6 mil anos com achados históricos que já levantaram equipamentos para a produção da bebida. Até um “Deus do Vinho” existe: Baco. Muito o que define o vinho é a sua matéria prima principal: a uva. As variações da fruta estão intimamente ligadas às diferenças de vinhos. Algumas são mais ácidas, outras mais doces, cascas mais finas ou grossas e etc. O lugar de cultura das videiras também é fundamental para o resultado do vinho o que demonstra o grau de importância e diferença que a fruta faz na bebida. Sol, umidade do ar, chuvas, solo e outros agentes fazem enorme diferença, principalmente no que tange fatores climáticos durante todo o ano.
Os vinhos podem ser feitos de uma única uva ou de várias. Estas misturas são chamadas de “cortes”, onde uma porcentagem de duas ou mais uvas farão a composição da bebida. Estes vinhos podem também ser chamados de “blends”. Assim como na culinária, o vinho pode levar diferentes uvas em sua “receita de ingredientes”. Da mesma forma, as graduações que buscam harmonizar o que há de melhor em cada fruta também são fechadas em segredo pelos produtores.
Para entender o vinho é preciso saber sobre os TANINOS. Este elemento está presente na casca da uva e inicialmente faz um efeito que “amarra” o paladar. É exatamente o poder da dominação deste componente é que o torna prazeroso no resultado final do vinho. Interessante é que o composto ajuda no processo do envelhecimento da bebida e o processo de envelhecimento é que torna os taninos menos “amarrativos” e o vinho mais requintado e apurado. Para se ter uma ideia exata do efeito do Tanino na fruta, este está presente em maior quantidade nas frutas verdes. Exatamente as que “amarram”a boca. É aí que entram os famosos Barris (ou Pipas) de carvalho, cuja madeira atua como um “acalmador” dos taninos no processo de micro oxigenação.
O processo de produção do vinho é uma arte a parte e não iremos nos estender porque é exatamente o que você irá aprender nas visitas às vinícolas do Vale dos Vinhedos. A fermentação das uvas com ou sem casca é o principal processo. Temperatura, oxigênio, material do recipiente e aplicação ou não de leveduras fazem a parte “artística” do processo. A maturação também é bastante importante e diversificada ganhando os toques do enólogo.
Alguma Uvas:
TINTAS: Cabernet Souvignon: Difundida em Bordeux (França) e plantada em todo o mundo. Fácil adaptação. Encorpada, tem grande concentração de Taninos e aroma forte de frutas; Carménère: Mais presente no Chile. Resulta em vinhos mais escuros, pouco ácidos e taninos equilibrados. Revela aromas de especiarias; Malbec: Mais presente na Argentina. Vinhos encorpados, escuros e de taninos suaves. Revela aromas de frutas vermelhas e cacau; Merlot: Presente em todo o mundo. Semelhante aos traços do Cabernet, mas com menos taninos. Revela aromas de tabaco; Pinot Noir: Produção difícil em climas muito frios. Vinho claro, leve com taninos e acidez medianos. Revela aromas de frutas vermelhas e florais. | BRANCAS: Chardonnay: Presente em todo o mundo é considerada a “rainha das uvas brancas”. Vinho encorpado de média acidez com paladar “amanteigado”. Revela aromas de frutas tropicais; Sauvignon Blanc: Mais presente na França, Nova Zelândia, África do Sul, Chile e Argentina. Vinhos ácidos que revelam aromas de frutas cítricas; Riesling: Origem alemã plantada em poucos lugares do mundo sempre de clima bem frio. Vinho bem estruturado e ácido. Revela aromas de frutas cítricas, mel e minerais.
Já em casa:
Ao parar para curtir seu vinho, é legal buscar a maior proximidade correta em relação à temperatura. Vinhos tintos devem ser servidos entre 15ºC e 18ºC. Os brancos ente 8ºC e 12ºC.
Para começar a desvendar o mundo dos vinhos, nada melhor que se pegar ao rótulo. Saiba a uva, a origem, o produtor, a safra e o grau alcoólico. Comece pelos de safra mais jovem. A diversidade de rótulos e tipos será o melhor caminho para se formar uma experiência olfativa e gustativa que naturalmente irá desenvolver seu jeito próprio de encarar a bebida. Há quem diga que cheirar frutas na banca da feira pode ajudar neste processo.
A taça leva metade da fama no sucesso da degustação, juntamente com a temperatura. Calma. Não precisa sair gastando dinheiro em uma gama infinita de taças. Existe uma taça conhecida como “padrão ISO” que atende a qualquer tipo de vinho sendo definida como “coringa”. Ela é relativamente pequena e totalmente transparente. Bojo grande e mais fechada em cima, proporciona uma experiência mais olfativa. Depois que pegar amor pela prática, você poderá adquirir as taças específicas aos poucos.
Na hora de segurar a taça, empunhe sempre pela haste para não esquentar o vinho com o calor das mãos.
Se você não tem uma adega climatizada, poderá armazenar seus vinhos sempre deitados, em local com pouca luz e sem influência de temperaturas e cheiros. Os espumantes devem ficar na geladeira.
Para a dita “harmonização”, ou seja, que vinho tomar com tal prato específico, comece pelas regras básicas: Comida leve, vinho leve. Comida forte e condimentada, vinho encorpado. Exemplo: Tintos: Carnes, massas e risotos. Brancos, espumantes e rosés: peixes e carnes brancas.
O maior barato do vinho é que podemos contar sempre com uma “atividade” a parte, dada a imensa gama de paladares que os vinhos podem resultar tanto da produção quanto do armazenamento e do ato de servir (temperatura, taça, acompanhamento e etc.). O vinho pode alegrar um evento e um evento também pode proporcionar prazer ao vinho. “Tim-Tim!!!”