Fala meu irmão Dardito, como vc está? Preciso te perguntar duas coisas: – Durante a noite, houve condensação de umidade no teto do Guanaco qdo vc estava nestas regiões mais frias/úmidas? – Você notou que a temperatura do piso caía além do normal durante a noite quando estava ventando? Vai ficar um pouco longo, mas te explico a razão das minhas perguntas: Finalizei as verificações de um sistema de alojamentos móveis para um cliente semanas atrás onde ajustamos os critérios de resistência a flexão dos painéis para vedação alterando a gramatura e a forma da aplicação da tela de fibra de vidro. Trabalhamos com PU (espuma de poliuretano) e EPS (Isopor) T3AF (densidade 15kg/m3 com retardante a chamas) e acabei adotando o EPS por razões de facilidades no processo e por ter longa experiência na aplicação deste material. Gosto da relação custo x beneficio do EPS, apesar do desempenho acústico do EPS ser quase nulo (ao contrario do pensamento popular de que EPS é isolante acústico) e a condutibilidade térmica ser um pouco maior que a do PU, estávamos buscando melhorar os aspectos de desempenho estrutural e acabamos alcançando. No final, verifiquei o conforto térmico em um software de elementos finitos. (o qual fui estudar e homologar a minha empresa para realizar estes trabalhos). Neste programa eu verifico a eficiência energética e o conforto de qualquer ambiente em diferentes regiões do Brasil ou do mundo, considerando as características dos materiais empregados, cargas internas (pessoas, equipamentos etc..) seja de um quartinho, trailer, shopping, hotel etc… Neste caso, montei uma schedule de utilização de hora em hora para um ano inteiro, simulando a utilização de forma dinâmica em diferentes zonas bioclimáticas no Brasil. São muitas horas montando o modelo matemático. Dito tudo isto : Este sistema de alojamentos móveis possui muita semelhança com nossos trailers. Possui 2,40×6,00mx2,00m, para levar 1 par em uma carreta. A estrutura interna é de perfis metálicos e a vedação e divisão é feita com painéis compósitos com núcleo em poliestireno expandido T3AF. Se apoiar sobre chassi com eixos, rodas e uma lança vira um trailer. Bueno, foi uma briga para convencer o dono do projeto que tínhamos que alterar o tamanho e posição das janelas, além de outros aspectos como cor, espessura das paredes etc… O cara é arquiteto, daí já viu (foi mal meu caro Pivari..) Não arredava o pé das convicções dele. Tivemos que alterar o projeto algumas vezes, pq a carga térmica interna apesar de ser baixa, em algumas regiões durante os dias mais quentes acabava gerando o efeito “hot box”, já que os materiais compósitos combinados com materiais isolantes praticamente não possuem inércia térmica nenhuma e interrompem qualquer fluxo térmico. Isto é bom, mas pode virar um problema. Vc como comandante, sabe se deixar um avião lotado com o ar condicionado desligado e as portas fechadas, em poucos minutos a temperatura interna vai a 40 graus, já que não há ventilação para troca do calor gerado pela carga interna gerada pelos passageiros. E dá-lhe passageiro reclamando de calor. Enfim, qualquer calor gerado internamente será preservado, e se a temperatura externa for elevada, e se a quantidade e posição das aberturas forem inadequadas para promover a ventilação, ninguém vai aguentar ficar ali naquelas condições. No caso reverso, em regiões frias havia uma perda de temperatura considerável e acredite: As janelas e o piso eram os grandes responsáveis pela rápida perda de temperatura abaixo do aceitável. Chegava ao ponto de ocorrer condensação de umidade internamente durante a noite em regiões onde as temperaturas caiam muito. Eu propus algumas mudanças e adotamos estratégias para mitigar estes efeitos e foram satisfatórias. Os primeiros protótipos estão em produção. Gostaria de realizar este mesmo estudo com o meu trailer e verificar pontos de melhoria. O que eu já vi é que estas janelas de acrílico e as clarabóias atuam como se não houvesse nada ali. São pontes térmicas terríveis. Quem sabe não escrevo um artigo sobre isto? Abraço Odair
